domingo, 26 de dezembro de 2010

Semanas de Treino Pré Pucón

Nessas duas últimas semanas que não publiquei nada sobre os treinos decorre um pouco do fato de que o último post já traça a rotina de atividades que tenho durante o mês. Pouco coisa muda de uma semana para outra.

Tenho conseguido manter essa rotina de treinos, mesmo no final de ano. Entretanto, o que me deixou um pouco mal foi uma gripe e uma tosse que me obrigaram a, uma vez aqui, outra ali, mexer nos treinos ou mesmo não realizá-los.

Como disse antes, o coach vem trabalhando bastante com treinos de qualidade, focando em atividades com mais alta atividade. Os longos se resumem a duas horas de corrida no sábado e três horas no domingo.

Mas, não sei se por conta de estar um pouco debilitado, os treinos de intensidades voltados para o aumento da capacidade de VO2 me deixam bastante irritado. Como sou bem disciplinado, se a planilha pede algo "forte" na piscina, no pedal ou na corrida, então eu faço valer.

Só que tenho a sensação de que tenho apenas metade do pulmão me ajudando.

Além disso, eu confesso que não tenho prazer em exercícios de intensidade: me peça para ficar quatro horas no rolo e correr outras quatro que não vou reclamar.

Mas fazer 15 minutos no pedal em ritmo Time Trial é uma sensação sufocante que eu acho quase intolerável.

Demorei um pouco para entender, mas a verdade é a seguinte: EU NÃO GOSTO DE SENTIR DOR!

Acho que isso é uma coisa me impõe um limite enorme em busca de resultados. Quando vemos os desempenhos entre a elite ou na cabeça das listas dos age groups, pode ter certeza que estamos diante de pessoas que possuem uma capacidade de tolerar a dor muito além da média

Mas, pelo amor de Deus, não vamos simplificar e achar que isso decorre de mantras, livros de auto-ajuda ou das frases clichês do Lance Armstrong.

Em parte, isso é treino. Em parte, também é herança biológica. Talvez uma outra parte seja um dado estado psicológico do indivíduo (mas nada a ver com "mentalização").

No meu caso, considero que disponho de uma considerável dose de disciplina mental para treinos longos. Do ponto da aptidão puramente física, meu condicionamento também é bastante favorável a provas de longa distância.

Mas quando eu penso que vou fazer um treino que vou ter que dar duro durante 15 minutos que seja, meu estado psicológico se altera a tal ponto que mal tenho vontade de sair de casa.

Isso não significa que não cumpro os treinos nem que os despreze. Pelo contrário, artigos e mais artigos insistem que treinos de qualidade e alta intensidade são tão ou mais importantes que os treinos longos e, vejam ai que enrascada a minha: tais treinos são ainda mais importantes conforme avança a idade....

Enfim, não bastasse exame de próstata, mais essa....;-))))

Outra coisa que me incomoda é que não tenho feito muitos treinos de pedal na rua. Realizei apenas um na USP depois de Pirassununga...e pela metade - um aro da roda traseira estourou e tive que parar...

Aliás, foi estranho - ouvi um estrondo, como se alguma peça tivesse se desprendido da bike e sido arremetida no chão. Com força.

Desci da bike, olhei em volta e nada no chão. Mas a roda ficou desalinhada. Tirei, coloquei novamente e não consegui girar. Até então, eu não entendi o que tinha acontecido.

Levei no Marcola e lá o Fernando sacou rapidinho. Aro estourado. Aliás, descobriu outra - a gancheira do câmbio estava trincada...

Bem, melhor ter acontecido agora.

Mas vou dizer uma coisa - quebrou a corrente, você arruma. Furou a câmara, você arruma. Rasgou o pneu, até isso você é capaz de arrumar.

Mas se estourar aquele raiozinho da roda...ai você senta e chora, porque a prova já era....








segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Treino da Semana

Depois de uma semana totalmente off, comecei a seguinte com a rotina de treinos de sempre...

Mas não está "off-season" ainda? Engraçado o número de matérias sobre esse assunto nessa época do ano.

O problema é que tudo é muito repetitivo. Pouca gente tem coisas a acrescentar sobre esse assunto.

Tenho quase certeza que os que lêem sobre essa rotina de provas e treinos, podem pensar que logo logo o dono desse blog vai entrar em estado de "overtraining".

Mas o mundo é bem complexo que clichês tipo "Treino também é descanso" dão a entender....

Sim gente, isso virou clichê.

E notem: o grosso dos que falam sobre overtraining é exatamente aquela parcela de pessoas que menos se expõem a isso de fato.

Notaram?

Mas voltando ao principal, acho que se peca demais por falta de foco. As vezes (ou quase sempre) as abordagens não distinguem as particularidades dos amadores ou daqueles que competem nos chamados "age-groups".

Tem um artigo do Marc Becker que acho perfeito. No fundo ele diz que apenas os triatletas profissionais de fato precisam de descanso tal como você e eu entendemos "descanso".

Nós (ou a maioria de nós) amadores, temos outro estilo de vida. Passamos o dia sentados ou, por compromissos familiares ou profissionais, nosso treinamento é repleto de lacunas. Nesse sentido, ao invés de um planejado day-off, seria mais interessante que a nossa rotina e os imprevistos que ela impõe fossem utilizadas como descanso.

No fundo, nós que trabalhamos no setor de serviços da economia, temos uma cota de "descanso" (ou"não atividade") superior aos que precisam usar suas habilidades físicas todo dia, a toda hora.

Mas reclamamos mais que eles...(isso sou eu que estou dizendo...;-))))).

Isso não significa que as pessoas não precisem de alguns dias, quantos forem, sem treino.

Mas, pelo menos na minha opinião, essa parada decorre mais de um alivio em relação ao transtorno mental que os treinos impõem do que esgotamento físico propriamente dito.

Por isso, gosto das pessoas que dizem "agora eu vou parar para poder ficar com a familia, filhos, viajar, andar de montain bike, surfar ou simplesmente acordar tarde no final de semana para ler o jornal na cama...."

"Descanso" aqui tem que ser visto como descanso no sentido mais preciso do termo. Ponto.

De outro lado, em relação ao meu calendário (e também considerando a minha idade), o período off-season é de treinos curtos e intensos, com volume restrito. A vantagem é que treinos assim são reparativos, podem ser utilizado para ganho de velocidade ou o desenvolvimento de novas habilidades sem prejuízo dos ganhos obtidos ao longo de todo ano.

Em resumo, "descanso também é treino" é um desses clichês que poderiam ser banidos do vocabulário dos amadores sem o menor prejuízo.

Tem outras coisas que precisamos repensar, deixar certas posições de lado sem medo porque elas foram pensadas para um universo na qual nós amadores não fazemos parte.

Heresia? Olha isso aqui http://www.ironguides.net/news/428.html

Bom, mas em janeiro tem Pucón!

E o coach já definiu a estrutura de treinos até lá.

É o tipo de treino que me faz sofrer pra burro. Em resumo: ele está investindo em intensidade.

Segunda-feira, é dia de natação. Depois de um aquecimento, são tiros de 25 metros, depois 50 metros em ritmo moderado, voltamos para os tiros de 50 metros e, para dar uma aliviado no sistema cardiovascular (mas não nos braços) 300 metros com palmar e flutuador. Ai você percebe que seus braços estão bem cansados e...descansa? Não, faz a série toda de novamente....:-((

Terça-feira é uma rotina que começa com um corrida leve pela manhã. Coisa de 30 ou 40 minutos. Mas a noite, você pega a bike, põe no rolo e faz treinos de VO2. Tiros de 2 minutos com intensidade forte 3x, depois 90 segundos 4x, ai 60 segundos 5x e termina com mais e 30 segundos 6x. O intervalo é idêntico ao período de esforço. É o tipo de treino que me deixa estirado no chão da sala depois de feito...

Quarta-feira, uma corrida de 60 minutos pela manhã (fora aquecimento e desaquecimento), mas com intensidade moderada. A noite, 45 minutos de natação com pulbóia e palmar, progressivo.

Quinta-feira, um treino de transição na academia: pedal forte com alta intensidade e intervalado. Na sequência, esteira com períodos de intensidade fácil a moderada. Não considero dos mais difíceis, mas é uma novidade, pois treino de transição mesmo eu só fazia aos sábados e domingos.

Sexta-feira, piscina novamente. E daqueles treinos de intensidade que "doem até". Imagine 1.500 metros com tiros de 100 metros com míseros 30 segundos de intervalo. Quando você começa a tomar fôlego, tem que sair a mil novamente.. Os braços ficam imprestáveis!

Sábado, 3 horas de pedal com uma corrida de 30 minutos. Bom, nesse sábado, voltei para a USP. E fazia tempo que não pedalava lá. Nada mudou. Chego, o sol ainda não nasceu. O piso da Raia é tão ruim, é tanto tranco, que tudo pula! O capacete só não vai parar na Marginal Pinheiros porque tá com a fivela....

Domingo, é dia de longuinho. Coisa entre uma hora e quarenta ou duas de treino. Mas, como fui ver os amigos no TB de Santos, corri apenas uma hora por lá - mas não me senti bem, não.

Depois fui nadar com o Alberto, que fazia sua estréia no triathlon e fui ver a chegada dele e do Edú.

O dia valeu também por ter ficado de papo com a Guda e a Claudinha, além de ter revisto o Caio, Gabi, o Edú Carvalho, Felipe...putz, tanta gente!!!

Nunca tinha ido a uma prova para curtir. Gostei da experiência!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Pirassununga 2010



Toda vez que a gente comenta uma prova (sobretudo se o resultado não é o esperado), é batata: o mar estava grande, muito vento na bike, a corrida estava muito quente com o sol a pino e blá, blá, blá....

É sempre um drama.

E quando os dramas se aglomeram na linha chegada ou na área de dispersão, parece que aqueles caras com roupa apertada voltaram algum lugar que rolou uma hecatombe que só você, que foi lá para assistir, não viu.

Então, desconto dado para os exageros de sempre, de fato vou dizer o seguinte: Pirassunga machuca.

Essa foto do Ciro e o relato dele sobre Pirassununga são bastante emblemáticos sobre o que foi essa prova (e olha que eu acho esse cara o melhor triatleta do Brasil)

Se a prova não te enche de dores musculares e bolhas nos pés, o calor extremo pode te dar enjôo ou tontura ou deixá-lo mentalmente exausto muito antes do final. O sol direto na sua pele pode gerar queimaduras e, conseqüentemente, febre a noite.

Não tenho dúvidas que a minha terceira participação foi a mais difícil. Meu "pior" resultado lá foi esse ano: 5:28. Mas também considero que foi a melhor prova que já fiz em termos de superação.

Porque, como diz o Vinícius, cada prova tem sua história. Os resultados são relativos e comparações devem ser sempre muito bem pensadas. Diferenças de poucos minutos são insignificantes e traduzem coisas diferentes a cada ano.

Em Pira 2010 o nível de dificuldade foi muito maior que em 2008 e 2009. Além do mais, estou mais velho. Isso é um dado que não posso ignorar. Para quem leu o bom (e apenas bom) "Do que eu falo quando eu falo de corrida", de Hakuri Murakami, sabe que a partir de uma determinada fase, a luta não é para baixar os tempos, mas resistir o máximo possível....

E foi essa minha meta esse ano. Não deixar meu tempo cair para 5:30.

Depois do Long Distance de Caiobá em abril, do Iron em maio, do 70.3 em Penha em agosto, a Ultra Bertioga-Maresias em outubro, você pode pensar que tudo isso influiu na minha queda de rendimento.

Seria cômodo para eu dizer isso. Mas não vou fazê-lo. Porque não é verdade.

Apesar dessas provas todas, não senti esse ano, em qualquer momento, o cansaço acumulado. Não me senti esgotado física ou mentalmente. Todas as provas curti e fiz com prazer, sem deixar de fazer o melhor que posso.

Meu problema são minhas deficiências de sempre. E cada vez tenho que treinar mais para que a bola caia menos.

Bom, mas e a prova?

Todo sabe que no triathlon a prova começa por um bom planejamento. Quando se trata de um triathlon de endurance, nem se fala....

Ai já comecei mal. Fui para Pira deixando na geladeira parte dos frascos de pedialite, além do estomazil, que deveria usar para fazer o composto que iria tomar durante a prova.

Outra coisa. Fiz a reserva do Hotel na última hora. Pior: cheguei lá, a reserva não estava confirmada.

Resultado, fui parar em um quarto nos fundos, ao lado de uma avenida que dava para o maior hipermercado de Leme. As janelas não eram a prova de ruído. O banheiro, bem...você já se hospedou em algum banheiro com "rodo"?

Sim, rodo...rodo, aquele...rodo de puxar água!

O meu, tinha. Como não havia cortina ou box, o troço estava ali para o hospede puxar a água e não deixá-la ir para o quarto. Digamos que aquilo seria uma espécie de "auto-serviço", se é que vocês me entendem...

Mais: lá pelas tantas, depois do banho, quando usei o banheiro e fui ver, o papel higiênico parecia aquelas bolatas ensopadas que a gente fazia na escola para jogar no teto da sala.

E, finalmente, vi apenas um toalha e não havia espelho.

Bom, mas eu não esquento com isso, não. Uma das coisas que eu aprendi nessas situações é que a prova em si já é estressante o suficiente e o negócio é se virar...

Preparei as gororobas que o Mario, meu nutricionista, me recomendou e fui dormir. Ou tentar....

Levantei as 5:00, tomei banho e comecei a me hidratar. Além disso, já passei a primeira mão de protetor solar - principalmente porque tinha esquecido de levar a camisa de manga longa da 2XU, que é apropriada para evitar os queimaduras provocadas pelos raios solares e ainda mantém a temperatura corporal.

Fui para a Base Aérea, estacionei o carro tranquilo e já encontrei a Cintia, que eu não via desde do Iron. A gente bateu um papo, demos muitas risadas e fui levar minha bike para a transição. Tudo normal (claro: fora tudo que esqueci, depois de conferir "tudo" antes de sair de casa....).

A natação começou tranquila e sem os atropelos como ano passado. Sai bem no canto e fui tentando achar meu ritmo, já que não sou daqueles aptos para dar um tiro forte e depois entrar em velocidade de cruzeiro.

Depois de emparelhar com um sujeito que não me deixava passar, pensei "porque diabos eu vou ficar aqui fazendo força se eu não tenho braço suficiente para passar e deixar esse sujeito para trás?".

Não deu outra: peguei a esteira! Como a água estava ótima, eu conseguia ver os pés da pessoa que seguia na minha frente. Quando chegou uma menina, troquei de carona. Foi ótimo! Lembrei de um comentário que li no Blog da Talita Saab, quando ela dizia que muitas a primeira coisa que ela mira é a esteira de alguém da elite e tenta não perder esse lugar de jeito nenhum.

Bom, foi o que eu fiz. Ou tentei....

Pelo menos até um cara de 800 quilos tomar o meu lugar...e não dava para discutir o assunto com o rapaz, que foi chegando, foi chegando, foi chegando....quando fui ver, já era!

Mas acho que fui um pouco preguiçoso. Quando dei por mim, realmente nadei sem esforço. Meus braços sempre dóem, mas desta vez não senti nada. Fiz esforço apenas nos últimos 500 metros. Não sei meu tempo na natação e estou curioso para ver o resultado disso tudo.

Sai da água inteiro. Fui pegar minha bike e minha sapatilha, que eu tinha arrumado na noite anterior, estava com com o laço muito apertado. Ai coloquei, tirei, coloquei de novo, tirei....enfim, perdi alguns minutos ali - mas isso também não me chateia.

Na bike, sai para pedalar na boa. Muita gente "espertinha", mas sem prática, toma tombos bestas porque deixa a sapatilha clipada na bike. Só que o início é uma pequena subida. Ai o fulano se embanana todo eeeeee...pumba!

Acho que esse ano não teve muito vento - pelo menos não como ano passado. Também não vi muitos pelotões - mas, como já comentaram por ai, quem está dentro da prova não vê nada do que se passa. E, segundo o Kleber Corrêa, pelotões, pelotões e mais pelotões....

Tentei fazer uma média para 34 km/hora, mas faltou força e cai para 33,2 km/hora no final. Considero esse resultado bom porque, em primeiro lugar, andar a mais de 33 km/hora em 90 km não é bolinho, não (o problema é que para os padrões do triathlon, essa média não é lá essas coisas...né Artur???? ;-))).

Em segundo, depois de Penha, eu apenas pedalei na rua uma única vez. O resto foi treino no rolo.

Foi na bike que comecei a me hidratar com uma gororoba que o Mário recomendou. Só que ele tinha indicado que eu colocasse, junto, estomazil - que eu tinha esquecido.

Resultado: aquilo era tão porreta que eu não sentia nem necessidade de comer. Só que meu estômago foi "inchando", ficando cada vez mais pesado.

Fechei a bike. Minha cadência média foi de 73 rpms. Baixa, não? Você pode pensar: esse cara fez muita força e vai sair para correr com a musculatura travada.

Nada disso. Sai para correr com as pernas completamente soltas.

Eu não entendo isso e já desisti de tentar. Mas quem quiser explicações detalhadas, escreve para o Vinicius. Depois me escreve e me explica, ok? ;-))))

O meu único problema continuava a ser o estômago. Eu não comi nada durante a bike e não conseguia tomar gel na corrida. Hidratar também não estava fácil.

Mas nada de diarréia ou coisa do gênero. Só aquele incômodo...

Aiaiaiai...cadê aquele estomazil????

Apesar de tudo, minha corrida foi, como sempre digo, execução de passada. Eu tento dar 90 passadas por minuto e boas! Não faço força - aliás, acho isso até um defeito meu. No fundo, quero evitar a dor do esforço...

Quando vejo os caras da elite ou os melhores amadores me passando nessas provas, gemendo e arfando com dificuldade, completamente ensopados e quebrados (sim, os caras correm quebrados e ainda assim conseguem tempos excepcionais) sinto que esse esporte que escolhi para fazer na vida é uma coisa que, antes de tudo, dói!

E você sabe que vai passar pelo mesmo na prova, só que um pouco mais a frente!

Bem, feita a primeira perna dos 21k com relativa tranquilidade, na segunda o sol veio e ficou a pino.

A sensação de incômodo foi passando, tanto que ensaiei uma aceleração, imaginando que eu era o Craig Alexander (levanta a mão quem nunca já fez prova de ciclismo e no pedal se imaginou o Lance Armstrong! Cáspita, tem gente que faz isso em aula de spinning, ué!).

Me senti bem enquanto a pilha durou, pois o Craig Alexander incorporou um pouco cedo demais. Antes de sair daquele inferno que é o trecho de terra, quebrei. Claramente, quebrei.

Minha sorte é que eu sou quebrado por natureza e correr assim não me é estranho. ;-)))

Só que eu não fico repetindo "a dor é passageira, mas a derrota é eterna" porque isso ai é dessas coisas inúteis que me irrita só de pensar....

Porque se você não treina correr cansado meu chapa, não tem frase de efeito ou pensamento positivo que vai te salvar na hora "H". Você tem que confiar muito mais nas suas pernas do que na sua cabeça...

Vai por mim! Pára de assistir os vídeos do Armstrong no Youtube e vai treinar....

Bom, fui executando cada passada, tentando não pensar no final. Mas no último quilômetro meu estômago piorou e fiquei com muita vontade de vomitar. Foi por pouco....

Na chegada, depois de cruzar a linha e corri para a sombra. Joguei-me no chão e senti a pressão despencar. Não conseguia beber nada, muito menos comer - mas a sede e fome eram infernais!

Fui para enfermaria e o pessoal tirou minha pressão - estava 9 por 7. Como não entendo nada disso, não sabia se isso era bom ou ruim. Mas pela cara deles, logo descobri que pelo menos bom não era....

Tomei um comprimido para conter o enjôo. O efeito foi instantâneo e melhorei na hora. Comecei a me hidratar e ver o pessoal no final...A grande maioria dentro das banheiras, jogando água fria no corpo ou sentada em sacos de gelo...

Para mim, as consequências foram duras: queimaduras de sol, febre durante a noite, bolhas no pé (que estou drenando nesse momento, um pouco preocupado com uma possível infecção) e 5 quilos a menos.


Por último, não dá para não falar dos amigos.

Encontrei com o Paulo, Artur, Sandro, Negão, Flávio, Marcão, Dalton, Mota, e tantos outros que me foram apresentados e que não conhecia, com o Nelson e o Marcos, que vão para Pucón e a gente combinou de se encontrar por lá...

Da comunidade do Orkut, vai um abraço para "os manú":

O Luiz Gustavo, que não fez prova, deu uma força para todo mundo que podia! O que esse menino nadou, correu...ele só não fez o pedal! Tudo para ajudar os amigos e o irmão que estava fazendo a prova!

Já o Luiz (Rofi) me deu aquela moral no começo dos 21k - eu não estava muito bem, aquela fase difícil da transição bike-corrida, quando o seu corpo está se adaptando. Ele me viu e correu do meu lado para incentivar! Putz, super obrigado!!!!

Aliás, o mesmo fez o Kleber, que foi para lá para auxiliar o pessoal da 5ways e também prestigiou todo mundo. Aliás, até brinquei no twitter, dizendo que o cara é tão fera que ele correu do meu lado (de havaiana) uns 100 metros fazendo o pace e já foi o suficiente para eu buscar um encardido que eu não pegava de jeito nenhum! (rs)

O Rodrigo correndo ao lado da Ariane foi um espetáculo a parte! Passada larga, consistente, concentrado. É uma coisa impressionante! E, olha, mesmo assim, não deixou de dar um alô quando nos cruzamos!

Bom, para fechar, como escrevi no facebook, em Pira a gente não se cumprimenta porque terminou a prova, mas porque sobreviveu a ela.

domingo, 14 de novembro de 2010

Treinos para Pirassununga

Depois de Bertioga-Maresias, tive praticamente um mês para me preparar para Pirassununga, prova que será realizada no próximo domingo, dia 21 de novembro.

A estratégia do coach foi investir em treinos curtos e mais intensos, voltados para tonificar a velocidade.

Segunda-feira, um treino de natação. Coisa do tipo 16 x 50 metros sendo 3 fraco e 1 forte; 12 x 50 (2 fraco e 1 forte); 8 x 50 metros (1 fácil/1 forte) e por ai vai. Terça, dois treinos de bike, ambos bem curtos - pela manhã, 2o minutos de aquecimento, depois 10 minutos alternando 1 fácil e 1 forte (cadência alta) e mais 10 da mesma forma, (mas cadência baixa). A noite, o clássico 45 minutos, sendo 15 fraco, 15 moderado e 15 TT.

Quarta-feira é dia de corrida, mas bem curtinho - o principal dura apenas 23 minutos, e tem o mesmo estilo da natação da segunda-feira: 4 minutos forte, 3 x 2 minutos forte, 2 x 3 minutos forte e por ai vai. Quinta, 45 minutos no rolo pela manhã (Big Gear) e natação a noite (50 minutos com palmar e pulbóia).

Sexta-feira, um pouco mais complicado - tiros de 25 metros e, depois, uma série doida de 10 tiros de 200. Sábado, 90 minutos de corrida moderada e, domingo, 3 horas de bike fácil com intervalos de maior intensidade aleatóriamente (15 minutos TT).

Na verdade, somente hoje, depois de 2 meses, sai do rolo aos domingos e fui pedalar na rua. Chuva, frio, preguiça...enfim, quando se pensa como é super mais cômodo pedalar na sala do que ir para a USP ou o Riacho, eu tenho optado por ficar em casa mesmo.

Mas hoje isso não seria possível, pois seria uma temeridade ir para Pirassununga sem ter pedalado na estrada durante tanto tempo.

E lá fui eu para o Riacho bem cedinho...e tava frio, com garoa e muita neblina. Como sou afoito, faço sempre a estupidez de pedalar lá mesmo quando a visibilidade está quase zero - a vontade de acabar o treino o mais rápido possível supera a sensatez.

Porque treinar no Riacho dói. O frio queima e cada subida daquelas, para quem pedala com cadência baixa, é um esforço considerável - com o tempo, você fica um touro, mas a custa de muito força.

Mas foi bom. Pedalei pouco mais de 3 horas, meu corpo respondeu bem depois do desconforto dos primeiros quilômetros e consegui ganhar um pouco mais de confiança para o Long Distance. Mas apenas isso: um pouco de confiança.

A prova lá é muito dura e estou ciente de que, mesmo mais leve por conta da perda de peso desde do inicio dos treinos para a Ultra, não me sinto forte.

Tenho um pedal muito aquém e o preciso treinar bastante para ficar na média das demais pessoas que estarão lá. Ter negligenciado o pedal na rua vai ter lá seu custo...

Meu objetivo, entretanto, é terminar e curtir a prova. Acho que esse ano já posso me dar feliz por ter conseguido fazer tantas coisas....

Se terminar em menos de 5:30 vai ser uma vitória e tanto. Vamos ver....

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Semana de Treino

Em uma das trocas de e-mails no final de semana antes de Bertioga-Maresias, eu e o Alberto comentávamos que depois da ultra, tínhamos domingo dá para descansar...mas segunda-feira já estaríamos na piscina para os treinos de natação.

E assim foi....

Segunda-feira já estava na piscina, fazendo um treino leve de 2k. Na terça rolo leve para soltar as pernas e, quarta, novamente na piscina. As dores da perna já tinham sumido.

Quinta, rolo leve e sexta-feira um treino de 1 km de natação em ritmo de contra-relógio.

No sábado, choveu e fiz um treino de rolo de duas horas. Mas já um pouco mais forte durante 2 horas. No domingo, uma corrida de 40 minutos beeeemmm leve - mas foi estranho, muito úmido, não me senti confortável.

Mas o melhor treino, mesmo, foi no domingo imediatamente após a Ultra. Uma caminhada de uma hora aqui na Brás Leme! E fiz questão de cumprir a planilha...

Porque a gente faz tanto treino duro, na chuva, no sol, cansado, destruído...Ai, tá lá planilha, "caminhada". Ué, vou ficar em casa?

Não senhor!!!!

E foi muito legal. Você sai na rua, vê outras pessoas correndo, andando, trotando ou simplesmente passeando com o cachorro e ai presta atenção na vizinhança....

Mas algo bem triste me chamou a atenção: várias familias, com idosos e crianças, em baixo de parapeitos de lojas. Contei 5 em um quarteirão....

Coloquei no Facebook. Que coisa é essa de gente na rua?

Cheguei em casa e pesquisei. Para não ser leviano, cito todos os números que encontrei: entre mil e quatro mil vagas de albergues foram extintas na administração Kassab em SP.

Em época de eleição, quando as sensibilidade política vai ao limite, não deu outra: quero saber que raios de gente mora nessa cidade que não cobra de quem foi eleito uma atitude sobre isso.

Mais: na eleição seguinte, dá os ombros para tudo e vota segundo preferência pessoais muito suspeitas. Porque "não gosta" ou "gosta" ou é "a favor" ou "vota contra" como se tudo na política fosse algo como futebol.

Só que aquelas pessoas estão lá na rua. Estão desamparadas.

E você vota no candidato X, porque não gosta do Y, porque a candidata Y fez botox. Ou, ao inverso, vota no Y porque o X é gay.

No twitter, essa semana, foi pior. Dei vários unfollows em gente que destilava ódio e preconceito.

Então, nem sempre nós que amamos correr, nadar ou pedalar temos, por isso, afinidades.

No fundo, gostaria que as pessoas que ficam felizes com as vitórias de cada meta pessoal, também fossem mais atentas, exigentes e menos superficiais com a política.

Seria muito melhor que todos, antes de votar contra o partido tal ou qual, beltrano ou fulano, votassem a favor das qualidades de quem escolhe para ser prefeito, governador ou presidente.

Isso não pretende desqualificar o voto de quem não pensa como eu, mas sim valorizar a perspectiva de cada um porque obriga que você conheça o que seu candidato ou seu partido pretende fazer em relação a miséria, a pobreza e a desigualdade.

Isso sim vai fazer diferença para aquelas pessoas que não correm, pedalam e muito menos tem twitter, facebook ou tem Internet.


domingo, 24 de outubro de 2010

Ultra Bertioga-Maresias


Ontem foi o dia do Revezamento Bertioga-Maresias. Fiz os 75k sozinho.....

Quer dizer, "sozinho" ninguém faz nada. Poucos são capazes de correr uma distância dessas realmente sozinhos.

Não fosse o apoio do Daniel na bike, do Sandro e da Selma, esposa do Joel, eu estaria aqui escrevendo como quebrei no quilômetro x ou y.

Fica melhor dizer mesmo Survivor, tal como a organização da prova chama a categoria.

Combinamos eu, Tori, Macá e Sandro nos encontrar aqui em SP às 19:30, jantarmos, chegarmos lá em uma hora e acordarmos cedo para a prova. O Macá também foi para tirar fotos para o site dele.

Obviamente, nada disso aconteceu. Saímos as 22:30, fomos por Mogi, o GPS nos pregou aquela peça e rodamos Bertioga por horas! Bem, o resultado é que fui dormir as 2:30 da manhã!

Básico!

Mas, sem crise. Ao longo do tempo umas das coisas que aprendi é que, embora o planejamento seja necessário, se você encara os detalhes com muita obstinação, o stress é inevitável porque o mundo não vai se dobrar a sua vontade. Você acaba perdendo o foco do que realmente interessa e se atrapalha antes da prova começar.

Na largada, encontrei o Joel e saimos juntos. Ele pretendia fazer o que fosse possível - quiça terminar a prova. O Daniel nos alcançou de bike e percorremos as praias batendo papo, rindo e contemplado o entorno.

A estratégia era correr 15 minutos e andar outros 5. Até o final.

Confesso que foi duro parar de correr ainda no inicio da prova para caminhar - uma senhora vê dois marmanjos andando e dá uma dica super simpática: "Vocês aceitam um dica de uma velhinha? tentem correr mais um pouquinho porque lá na frentes vocês vão ter que andar mesmo!"

O Daniel ainda ouviu em um PC uma mulher comentando "Onde já se viu, não estão aguentando agora...imagina lá na frente?" (rs)

Mas segui a regra. Fomos passando as praias. Batendo papo, colocando o pé na água sem medo e olhando o grupo de corredores solo se dispersar. O tempo estava excelente. A chuva ameaçou cedinho, mas não veio. O sol também não saiu e a umidade, forte no inicio, melhorou bastante ao longo do dia.

O Daniel nos fornecia tudo que pediamos e não descuidamos da nossa alimentação - a cada 55 minutos, eu tomava um GU, bebia água e seguia. Levei BCAA e Ornitagim conforme a orientação do Mário, o nutricionista que montou a estratégia da prova. Passei para o Joel também - depois, pensei eu, poderia recompor o estoque com o carro de apoio.

Entretanto, nesse meio tempo, um certa desconexão com o carro de apoio aconteceu. Começou a faltar água e o carro se adiantou nos PC´s, ficando mais longe da nossa posição. O Daniel poderia dar conta tranquilamente do abastecimento de duas pessoas, mas sua "autonomia de voo" era limitada. E ao passarmos por vários PC´s sem encontrar ninguém, o Joel começou a ficar preocupado com a Selma (ou melhor, como a Selma poderia ficar preocupada com ele...).

Como disse, eu já esperava que as coisas não acontecessem a contento do ponto de vista do planejamento. Mas também não cabe exagerar!

Levamos a situação até onde era possível, mas quando o Daniel ficou preocupado, ligou para o carro, que estava muito longe - dois postos a frente da nossa posição!!!!!

Decidiu então ele mesmo ir buscar água dando um gás na bike, nos deixando por um tempo sozinhos.

Eu continei correndo sem muita preocupação em função da confiança no biker. Uma coisa que o Daniel sabe é se virar (o cara ai do lado). E ele não pergunta como fazer isso. Ele resolve problemas, não cria outros. Em pouco tempo estávamos novamente escoltados por ele e devidamente abastecidos.

A dinâmica da corrida voltou ao normal. Mas comecei a perceber que estava correndo mais focado. Não sei se me falta a paciência dos verdadeiros ultramaratonistas, ca
pazes de segurar o ritmo de forma metódita a fim de distribuir o esforço de forma compatível com percursos muito longos.

Sem abrir mão da estratégia 15 x 5, eu me deixava levar pelo ritmo que meu corpo ditava. E me sentia realmente forte. Quando entramos em um trilha, pegamos um single track e, querendo sair da lá rapidamente para não andar e atrapalhar quem vinha atrás acelerei, trazendo o Joel junto.

Foi como correr como criança! Difícil explicar o prazer ali, desviando de galhos e pulando pequenas poças. Para mim, foi a parte mais marcante do dia. Quando sai de lá, cumprimentei o Joel porque estava realmente feliz pela sensação quase infantil de ter encarado a brincadeira de correr no mato....

Mas acho que me deixei levar e o Joel, fazendo uma avaliação do condicionamento e do ritmo da prova, resolveu diminuir. Eu não sabia o que viria pela frente e achei que ele se recuperaria - encontramos a Selma em um dos PC´s e ela nos passou um Gu com sódio.

Ele se recuperou, mas em parte. Quando estávamos na estrada, me desejou boa sorte e me deixou.

O que aconteceu foi que meu ritmo foi aumentando. Quando percebia que puxava demais, eu procurava diminuir e manter o Joel do meu lado. Até aquele ponto, ele era o pêndulo da dupla, marcando o pace ideal para nós dois.

Só que não conseguia me segurar e novamente aumentava a velocidade.

Refleti depois sobre isso e, se interpreto bem as coisas, na verdade eu estava querendo entrar em "velocidade de cruzeiro". Eu aliviava, mas depois, meio que involuntariamente, aumentava o ritmo procurando alcançá-la. É realmente difícil explicar isso....

Você encontra um tal equilibrio no pace que parece que você corre e descansa ao mesmo tempo.

Bom, mas o Joel!

Eu não sabia se ele iria parar definitivamente, então pedi ao Daniel para dar suporte para nós dois. Ele retornou, mas não encontrou mais com ele. Como a Selma já tinha passado por nós, fiquei um pouco mais preocupado. Mas havia muita gente por lá e, como não era um problema de saúde ou contusão, pensei que ele poderia caminhar até o próximo PC e dai tomar a decisão de continuar ou não.

O Daniel retornou e ficou ao meu lado. Fomos seguindo. Quando corria, fazia 10 km/hora e andava forte. Passei por um corredor que estava sozinho e o cumprimentei. Era o Alberto!!!!

Um ultramaratonista que me foi apresentado pelo Xampa quando esse descobriu que eu iria partir para essa aventura.

Foi por meio de todos os e-mails que troquei com o Alberto que minhas dúvidas e inseguranças foram embora. Conversamos virtualmente sobre tênis, roupas, suplementação, ritmo, ansiedade....enfim. O Alberto foi de uma generosidade enorme e tenho uma divida de gratidão com ele que dificilmente vou conseguir retribuir.

E naquele ponto, com pouco mais de 30 km, eu estava realmente consistente. E feliz. Correr na praia com o horizonte aberto é uma experiência extraordinária. Como comentou o Alberto, somente as Ultras são capazes de gerar tanta felicidade. É verdade. Já fiz o Iron e provas de 70.3 várias vezes, mas somente na Ultra o prazer era superior ao esforço.

Mas acho que o Alberto ficou um pouco preocupado, porque o final da prova era duro e eu poderia quebrar. Mas, ao invés dele jogar na retranca, colocando minha capacidade em jogo, ele me incentivou a correr conforme a minha passada natural. Segundo ele, eu chegasse cansado na parte final, ainda assim eu poderia ser raçudo o suficiente para me dar bem!

Aquelas palavras me deixaram mais confiante e me despedi do Alberto. Talvez o encontrasse mais a frente, porque nós iriamos correr o dia inteiro e tudo poderia acontecer.

E continei correndo. Era absolutamente fiel a estratégia de correr e andar. Aproveitava para me alimentar com batata, Gu e até Club Social com um tantinho de maionese - claro, a bagaça tinha que ser do Daniel, né? Acho que na mochila dele só faltou mesmo bacon e leite moça....;-))))

Nesse espaço de tempo em que andava, também descansava a musculatura e recuperava capacidade aeróbica - como resultado, desenvolvia ótimo ritmo no plano e fiz todas as ladeiras correndo - como eu não tinha feito treinos em subidas, fiquei preocupado com os paredões do percurso.

O joelho incomodava ou doia conforme mudava o piso. Mas tudo sob controle.

Até o quilômetro 65, eu estava absolutamente confiante que o resultado seria muito acima das minhas expectativas, com possibilidade de fazer a prova sub 8 horas! Algumas dificuldades? Sim, natural.

Mas acho que fiz as escolhas corretas antes da prova em termos de vestuário e acessórios.

O tênis Newton Trainer é muito leve e ótimo para correr no asfalto. Na praia, foi uma grata surpresa, pois não sentia o pé encharcado e a água escorria com muita facilidade.

Mas não a areia.

Ai entra a meia que comprei na North Face. Com ela meu pé ficou protegido de tal forma que não tive uma bolha sequer!

O único probleminha do Newton é que ele não tinha estabilidade o suficiente para correr nos estradões com pedras grandes e piso irregular. Existe um modelo para corrida para trilhas, mas o tênis é tão e difícil de trazer para cá que abortei a idéia. Tudo bem que, quando você está fazendo provas de endurance, os detalhes podem se transformar em pesadelos - ainda que, depois, você reflita melhor e note que esses pesadelos decorrem mais de um estado psicológico momentâneo do que de um problema de fato.

Isso atrapalhou um tanto o ritmo. Mas não creio que valeria a pena comprar um tênis para correr trechos específicos, pois a maior parte do percurso é na praia e no asfalto (esse assunto Alberto também já tinha me adiantado!).

Bom, mas retomando: foi a parti do quilômetro 65 que abandonei a estratégia de correr e andar.

Explico: a musculatura da perna ficou mais pesada e eu perdi minha passada natural. Cada vez que eu andava e tentava retomar a corrida, era como se tivesse que embalar uma jamanta!
Ainda assim estava tão confiante que não sentia necessidade fazer algumas coisas que algumas pessoas me sugeriram muito fortemente, como trocar o tênis, meia, camisa....

E faltavam apenas 4 quilômetro para o final...Mas ai...

Mas ai tem a Serra de Maresias!

E ai a coisa foi para o brejo. 

Não, não quebrei. Também não senti dor muscular. O joelho? Não. Cansaço? Passou longe!

Tentei correr e consegui fazer 1/3 do percurso assim. Passada curta, leve e usando a força com o pé inteiro no chão (aliás, lembro agora, dica do Maluf quando eu passei ele em uma dos barrancos pelo caminho). Você não força a parte cardiovascular e divide o esforço em vários pedacinhos (Ironguides puro!)

Mas, de repente, perdi a passada! Simples assim....

Eu não consegui executar o movimento e comecei a caminhar - as vezes, caminhar pode ser mais eficiente que correr - claro, você pode pensar assim.

Só que não foi o meu caso.

Eu caminhava como se estivesse quebrado, embora estivesse tudo em cima. Totalmente descordenado e sem foco.

Ai senti um pouco de enjôo e andar na subida me deixava exausto!

Aquile trecho tirou o meu ritmo e esfriou a musculatura. Quando fui descer, alguém tentou me incentivar dizendo "Agora você descansa!!!"

Foi pior!!!! Desci com freio de mão puxado com medo de me machucar. Por várias vezes caminhei, sentindo a coxa e o joelho. A descida cobrou um preço tão alto quanto a subida.

Meu estado de ânimo se alterou completamente. Por quê raios alguém promove uma corrida e põe no percurso um lugar onde não é possível correr? Faltando oxigênio no cérebro, minhas questões mais elaboradas se resumiam a esse tipo de indagação (ou indignação!)

Meu mal humor estava no limite! Ao encontra um sujeito sentado no caminho, ele tentou me incentivar e disse "falta apenas 1 km". Eu disse, estressado e de forma estúpida, "Até parece que isso é pouco". Ele respondeu de forma muito simples "É verdade! Para quem correu já correu tanto...eu também andei nesse trecho...".

Bom, eu que agradeci cada copo de água e cada palavra de incentivo, dei uma de besta quadrada justamente com o cara que tinha ganhado a prova e estava lá sentado esperando alguém....

Terminei a descida e entrei na praia novamente. Tudo o que eu queria era algo plano para correr. Fui para perto das ondas. Mas ali a areia era tão fofa e irregular, que o meu pé esquerdo afundava mais que o direito e eu tinha que correr mancando de lado...

Para quem gosta de cruzar a linha de chegada fazendo pose, essa prova não é das melhores.

Fechei a prova em 8:50:59. 48 entre as 93 pessoas que chegaram na categoria solo (133 inscritos).

Ao passar pelo portal, entretanto, fiquei consternado. Não havia área de dispersão com frutas, gatorade ou mesmo um lugar para você sentar ou esticar as pernas. Massagem, então....

Por último, gostaria de dizer obrigado. Sem medo de ser piegas, lá vamos nós!

Meu desejo seria apertar a mão e dar um abraço em cada pessoa, como fiz com o Thiago e o Alberto lá em baixo. Palavras de incentivo ou ensinamentos do Mr. George Volpão, da generosidade do Xampa, do incentivo do Caio, do Colluci, do Edú, Edú Carvalho (consegui Edú!!!), da Cintia, da Guga, da Bombom, do Fernando, da Yeda, da Selma, do Joel, do Mário (nutricionista) e de todo mundo que deixou um recado no Blog quando eu estava narrando, semana a semana, como eram os treinos! Artur, Canela Fina, Kiko e um montão de gente bacana!

Ao Vinicius Santana, do Ironguides, o que vou dizer? Depois do Long Distance de Caiobá em abril, do Iron 2010 em maio e do 70.3 de Penha em agosto, ainda me deixa em condições de correr uma Ultra em outubro. Tudo isso sem me machucar, sem "over" isso, ou "over" aquilo...

E para as pessoas que se dirigiram a mim em qualquer momento da prova e disseram, "Parabéns Solo". Eu não sei o nome delas, não sei onde moram, não sei quem são. E isso me dá uma sensação de impotência, mas ainda assim gostaria de deixar claro que não foram palavras ao vento e que cada cumprimento realmente calou fundo!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Semana de Treino ou o Treino da Semana

Nesse último domingo, fiz meu último longo antes da Ultra Maresias-Bertioga. Estiquei um pouco o treino e consegui fazer 4:20 - sempre correndo 5 minutos e correndo 15.

A Planilha previa que, nessa fase, eu deveria ter corrido 3:30.Fui um pouco além, já que também tinha ido além do que tinha sido o plano inicial nas semanas anteriores. Tudo isso, claro, com a concordância do Coach.

Foi o treino mais longo, mas não o mais difícil. Fisicamente, a sensação não é tão ruim, apesar do joelho esquerdo não estar 100% e a musculatura posterior da coxa esquerda ter apitado um pouco.

Mas tudo sobre controle - como executo passadas curtas, consigo controlar bem as contrações musculares durante o próprio exercício.

Durante a corrida, usei Calf Guards de compressão da 2xu. Depois do treino, uma outra da Skarp para recuperação pós-treino. A alimentação durante o treino foi absolutamente cronometrada, embora eu não tenha conseguido ingerir o mínimo de 200 calorias a cada 45 minutos, mas 100 a cada hora - mais que isso, meu estômago não consegue aceitar.

As consequências de todo esse esforço foi curioso - simplesmente não acontece nada no dia seguinte ao longo. Não tive nenhum tipo de dor e fui para a piscina a noite nadar forte 2k. Hoje, quarta-feira, corri 1:30 minutos, sendo os últimos 28 minutos em ritmo forte.

Consequência da orientação (andar e correr), alimentação, uso de meias de compressão, histórico acumulado de treinos, genética ou tudo isso ao mesmo tempo?

Não sei. Mas tem algo errado ai, porque quantas vezes você vê textos e mais textos que recomendam que um esforço compatível com uma maratona merece coisa de três meses de recuperação? Mas até que ponto isso é realmente verdade para os indivíduos? Estava lendo o livro do Rodolfo Lucena e ele colocando lá os velhinhos que correm uma maratona por semana....

E pessoas que começaram tarde e ninguém é ou foi Ironman....

Mas, voltando, não é tanto a questão física que transforma alguém em um Badass. Difícil mesmo é você lidar com a força de vontade para fazer tudo isso. Mas como se chega a vencer a covardia preguiçosa do dia-a-dia?

Anda lendo alguma coisas sobre o assunto, mas a maioria dos técnicos e psicólogos fala do condicionamento mental para as provas - poucos textos se dedicam aos treinos. No meu entender, eles estão olhando para o lugar errado....

Em parte, tenho uma resposta, mas confesso que muito pouco brilhante: porque nós somos pessoas teimosas.

Eu não sei se você é teimoso em outras esferas da vida. Eu sou réu confesso. As vezes uso um pouco da minha percepção pessoal para negociar, ceder, enfim.... - mas lá no fundo, eu ouço uma voz espernear "Você vai ceder? Mesmo? não creio...."

E, além de teimosas, acrescentaria outro aspecto: somos também insuportavelmente disciplinados. Nossos amigos e namoradas vem isso como uma qualidade, mas estão sempre bufando quando pela enésima vez você se recusa a ir a um compromisso legal ou pede pizza com matinho porque dieta é dieta e você não tá a fim de acordar no outro dia, colocar a mão na cabeça e dizer "Por que eu fiz isso, meu Deus????"

Como já li no Blog do Ciro, tem um frase muito interessante que ele atribui ao Lauter Nogueira que diz o seguinte, "No triathlon é preciso ter genética...Genética para se ter a disciplina".

No meu caso, nem sei mais se treino é um meio para se alcançar um determinado objetivo, seja um recorde em termos de tempo em uma prova ou uma medalha por terminá-la ou, pelo contrário, um objetivo em sí encaixado em um estilo de vida.

Por isso esses comentários. Pra mim, os treinos dão tantas lembranças quanto a prova em si. Assim, a parte importante - talvez a mais importante - da Ultra tenha terminado nesse domingo, lá no Campo de Marte as 10:50 da manhã, com apenas um espectador plantado na linha de chegada.

Enquanto fazia o retorno e me dirigia ao portão de saída para enfim ir embora, um guarda fez questão de me dizer "Parabéns, hein! Parabéns pela resistência...eu também sou corredor...".

Isso não pode ser coincidência....

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Treino da Semana


Nessa semana, um pouco mais do mesmo. De fato, a rotina dos treinos é um pouco modorrenta para quem lê o Blog. Nesse período de treinamento para a Ultra, a rotina é um dos pontos importantes do jogo que vai ser jogado.

As únicas coisas a serem notadas é a melhora do joelho com o trabalho de alongamento e um treininho funcional para a coxa. Deu até para pedalar no rolo sábado pela manhã.

Outra coisa é a natação - como diminuiu os número de dias que tenho que nadar nesse período, faltar em um treino é não fazer 50% da carga semanal. O resultado é que, quando eu cai na piscina para fazer 3 km na sexta-feira, foi como nadar em uma piscina cheia de gelatina. Sai da água cansado...

E domingo, chovendo e garoando, acordei no susto, tomei café correndo e fui a luta no Campo de Marte. Mas esse café não me caiu bem e tive que administrar um estômago cheio e, as vezes, aquela ameaça de dor de barriga.

É verdade que reclamo que é muito solitário, mas tenho certeza que vou sentir falta desse período lá. Não me distraio com música nem tenho lá grande reflexões para fazer ou o que quer que seja. Eu não sei bem explicar o que se passa quando a gente se submete a esse tipo de exercício.

Ninguém espere que o estágio de dor física, cansaço e isolamento seja capaz de construir alguma reflexão existencialista. Pelo menos para mim, correr não é lá muito inspirador....e nem precisa ser.

Eu arrasto o corpo pra cá, arrasto para lá...e assim vou indo.

A única coisa que me vem a cabeça naquele vai e vem eterno nas manhãs de domingo é bastante trivial: o que vou almoçar?

Alguém lembra do Forrest Gump? Sou apaixonado por esse filme.

Depois de correr os EUA de costa a costa, ele subitamente para entre vários seguidores no meio de uma estrada no deserto. Alguns pedem silêncio, esperando que algo extraordinário seja dito.

Mas ele apenas diz: estou muito cansado, quero ir para casa.

Não posso descrever de outra forma, pois é tudo o que sinto.

Na Internet, é possível encontrar alguns trechos sobre corrida que aparecem nesse filme.

Forrest: (voice-over) That day, for no particular reason, I decided to go for a little run. So I ran to the end of the road, and when I got there, I thought maybe I'd run to the end of town. And when I got there, I thought maybe I'd just run across Greenbow County. And I figured since I run this far, maybe I'd just run across the great state of Alabama. And that's what I did I ran clear across Alabama. For no particular reason, I just kept on going. I ran clear to the ocean. And when I got there, I figured since I'd gone this far, I might as well turn around, just keep on going. When I got to another ocean, I figured since I've gone this far, I might as well just turn back, keep right on going. When I got tired, I slept. When I got hungry, I ate. When I had to go, you know, I went.


Newsman: Sir, why are you running?

1st Reporter: Why are you running?

2nd Reporter: Are you doing this for world peace?

3rd Reporter: Are you doing this for women's right?

Newsman: Or for the environment?

Reporter: Or for animals?

3rd Reporter: Or for nuclear arms?

Forrest: (voice-over) They just couldn't believe that somebody would do all that running for no particular reason.

2nd Reporter: Why are you doing this?

Forrest: I just felt like running.

_______________

Forrest: (voice-over) Anyway, like I was saying, I had a lot of company. My Momma always said you got to put the past behind you before you can move on. And I think that's what my running was all about. I had run for three years, two months, fourteen days, and sixteen hours.

__________

Young Man Running: Quiet, quiet! He's gonna say something!
Forrest Gump: [pause] I'm pretty tired... I think I'll go home now.





segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Semana de Treino

Não há muitas novidades nos treinos em relação a semana passada.

Estou com um incomodo do joelho e evito pedalar. Com isso, nado na segunda, dou uma corridinha na terça, quarta-feira eu corro de forma um pouco mais intensa (esta semana, 30 minutos fácil/30 moderado/15 forte), quinta fiz uma bike de teimoso (mas um treino gostoso, curto e de força moderada, como semana passada) e sexta-feira natação (7 x100 fácil, 1 x 700 moderado e 14 x 50 forte).

No sábado, não fui pedalar na USP. Descansei novamente para encarar o longo de 4 horas no domingo - e ontem esse treino foi particularmente difícil.

Em primeiro lugar, o joelho me deixa um pouco inseguro. O incomodo não corresponde a nada que eu tenha pesquisado na Internet - não incha, não estalá, não tenho dor quando subo ou desço escadas. Estou quase, mas quase convencido que se trata de um problema de alongamento. Mas, como disse, ainda estou monitorando isso....

Em segundo, a chuva desse domingo. Uma coisa é você estar na rua e vem aquela água que te pega no meio do caminho. Tudo bem...

Outra, bem diferente, é acordar as 5:00 da manhã, tomar café, ouvir os pingos batendo na tua janela embaixo do cobertor, sentir-se sonado e não ter o direito de dizer: hoje, não. Hoje eu não vou.

Como é duro ter que sair de um ambiente seco e quente para ir para a rua, onde venta frio e caem pingos do tamanho de bolas de gude.

Mas somos o que somos e é imprescindível treinar, pois faltam pouco mais de 20 dias para a prova e há treinos que são estruturantes. Não posso me dar ao luxo de ficar em casa.

Fui para o Campo de Marte para o meu longo de 4 horas, sendo 15 minutos correndo leve/moderado e 5 andando.

Pensei: pelo menos vou correr com o tênis molhado, testar essas meias que comprei na North Face, experimentar as superfícies de grama e um pouco de barro para ver como o Newton, meu tênis, se comporta.

(O que a gente faz para ver algo positivo nas coisas...?????)

Nesse sentido, tudo foi aprovado. Meti o pé em poças, me equilibrei na lama (sempre lembrando o toque do Alberto - não tem tênis que salva você da lama, por isso trata-se de uma questão de técnica) e testei as recomendações do meu novo nutricionista.

Ai, dei uma bobeada. Tomando gel a cada 50 minutos, lá pelas tantas senti "fome" e tracei dois saches de Hammers de uma vez. Isso não se faz. Meu estômago não processa essa quantidade de calorias e manda uma parte dela direta para o intestino - ai, senti ameaça de diarréia.

Correndo no vento frio, com chuva e suando embaixo da roupa de plástico. E com aquela sensação terrível.

Bom, mas a fome passou e essa sensação, também.

Outra coisa foi que senti a musculatura da perna pesada. Depois de andar cinco minutos, quando retomava a corrida minhas pernas pareciam ter o dobro do peso. Isso não aconteceu semana passada e não sei se pode estar relacionado ao fato de que, desta vez, deixei as polainas de compressão em casa.

Mas, aqui entre nós, achei isso bom! No triathlon, eu ainda não experimentei essa sensação. Nem mesmo no Iron. Mas sei que vou passar por isso nas Ultra.

As pernas pesadas mudam sua percepção da corrida. Você tem a sensação de que está "comendo" a cada metro do percurso". Valoriza cada centímetro que avança. Não importa que seja um pace de 15 minutos para cada quilômetro. O que importa na sua mente é que seu corpo está em movimento.

Uma parte disso, pelo que senti, é um questão psicológica - você continua correndo em um bom pace, mas a dureza de arrastar as pernas te leva a crer que a corrida está muito lenta. Lembrei-me do Edú perguntando ao Caio se eles já tinham alcançado 50 km na prova de Bertioga-Maresias do ano passado, quando na verdade os dois já estavam no quilômetro 65!

Fiquei durante todo o tempo dentro do Campo de Marte, um circuito de 1,5 km. É difícil mentalmente? Olha, para quem já ficou o mesmo tempo em cima de um rolo na sala do apartamento pedalando...sabe que não é muito complicado, não!!

Por conta do joelho e da rua com poças e motoristas correndo a toda ao lado do Anhembi, não arrisquei sair de lá e fazer as subidas do Jardim São Bento.

Quando finalizei o treino, encontrei o Sandro e batemos um papo rápido. Já vamos começar a pensar na logística para a prova.

Na entrada do prédio, encontrei os mesmos porteiros que tinham ficado incrédulos quando disse que iria correr, só se convencendo quando sai pelo portão afora.

Pois é, quando retornei bateram palmas....Sacanagem, mas tudo bem, vai!

Um deles me falou que estavam fazendo mudança e com barro no tênis e pingando, não ia dar para subir no elevador social, não!

A síndica tinha até liberado para cachorros, o que não me espanta, já que as moradoras aqui chamam os bichanos "meu filhinho" - até a gata do 19 faz isso! Não entendo, porque o cachorro dela é uma das coisas mais feias que já vi na vida....

Well, como a síndica sabe que eu voto na Dilma, os caras começaram a argumentar que ela iria criar problemas para eles se liberassem o elevador para mim e coisa e tal...

Bem, eu moro no vigésimo segundo andar...;-))))

domingo, 19 de setembro de 2010

Semana de Treino

Essa semana foi relativamente tranqüila e os treinos para a Bertioga-Maresias seguem com relativa da mesma forma. Tirando o longo de domingo, a rotina de treinos não chega ao nível de intensidade que experimentei durante na preparação para os Iron de 2009 e 2010 - mas principalmente em relação a 2009.

Mas, claro, estou em uma fase diferente. Apesar de ser uma experiência inédita, esses dois anos de treinamento no triathlon me dão certo condicionamento para que as coisas não tenham que ser iniciadas "do zero". Sinto que o condicionamento cardiovascular adquirido ajuda bastante e a técnica de corrida que assimilei desde de que inicei no Ironguides, idem.

Entretanto, correr uma prova desse tipo não é apenas uma questão de "condicionamento" - experiência e maturidade são dois aspectos que suplantam o aspecto puramente físico de uma Ultramaratona. Nesse sentido, essa semana foi fundamental em função da ajuda que recebi do Alberto Peixoto Jr., por meio de um triangulação de mensagens por iniciativa pelo Xampa. A coisa tão legal que discutimos a possibilidade de entrevistarmos maratonistas e ultramaratonistas, repetindo uma fórmula que ele já utilizou no Blog dele com muito sucesso.

Outra que não posso não posso deixar de citar é o George Volpão, que além de toda colaboração que dá aqui no Blog, ainda tem a boa vontade de responder meus emails com a maior prontidão possível.

Em outro post, colocarei os ensinamentos que eles estão me passando sobre essa arte...

Mas o que fiz essa semana?

Na segunda-feira, logo cedo uma hora de pedal leve no rolo. Leve mesmo - nada de BIG Gear. A noite, cerca de 1.500 metros de natação, sendo 6 x 50 metros (25 forte/25fraco), 100 metros forte com palmar e flutuador e 100 metros fácil com flutuador - isso tudo 3 vezes.

Terça-feira, uma corridinha de 50 minutos no Campo de Marte. Apenas me concentrei em aumentar o ritmo de passadas. Treino fácil.

Quarta-feira, 75 minutos de corrida, sendo 40 fácil e 35 moderado. Não senti o cansaço, mas correr moderado quando há um pouco de cansaço acumulado diminui um pouco a eficiência da corrida e não me senti muito confortável. Mas, obviamente, nada demais executar esse treino até por se muito curto.

Quinta-feira, um ótimo treino de rolo. Aquecimento de 20 minutos e mais 20, sendo a segunda parte 1 minuto moderado Big Gear e outro minuto fraco. Não é intenso, não é longo - mas é estimulante.

Sexta, natação: 5 x 100 metros fácil, 1 x 500 metros moderado e 10 x 50 metros forte. Também ótimo para deixar a musculatura ativa.

No sábado, um pedal leve de 2 a 3 horas ou rolo. No fim, nenhum dos dois - não dormi bem de sexta para sábado e acordei muito tarde - e se eu não pedalo no horário que tenho que pedalar, não adianta. Aproveitei para descansar (ainda que para os mais disciplinados, fica um som lá no fundo, batendo na freqüência de um sino "você não pedalou", "você não pedalou", "você não....").

Domingo, acordei as 5:00 da manhã para tomar café, ler um pouco e me preparar para começar a correr as 6:30. Estava muito, muito frio. Mas nem pensar em ficar deitado e sai para um longo programado para três horas, mas que se transformaram em quatro.

O Boss não vai ficar muito satisfeito, mas acho que meu inconsciente opera assim: correr 15 minutos e andar 5 minutos em três horas...bem, não seria melhor fazer quatro para compensar essa "moleza"????

No início, comecei o treino não me sentindo muito bem. Não sei, tem dia que você não tá bem.

Mas continuei. Esse sistema de correr/andar faz o tempo passar muito mais rapidamente - você acaba dividindo a corrida em partes menores e mira um objetivo de cada vez. Ao invés de pensar "Puxa, ainda faltam duas horas para terminar...", você pensa "Faltam 6 minutos para andar".

Com isso, pelo menos no meu caso, o esforço mental é igualmente menor.

No última hora, ainda fui correr no Jardim São Bento, em Santana. Esse lugar é tão morrado que faz a subida da Rua do Matão na USP parecer pista de skate.

E, olha, não é que tive pernas para subir aquilo lá correndo forte?

Em termos de equipamento, utilizei uma bermuda de compressão Nike e um calção (discuti isso com o George no dia anterior) e deu certo, já que as de triathlon estão gerando assaduras. Também vesti as calf guards da 2XU - bom, aqui em Santana, apesar de ter muitos corredores na Brás Leme todo final de semana, quase ninguém usa meia de compressão ou esse tipo de polaina. Tem gente que fica olhadando, como algo excêntrico....sei lá!

Mas, engraçado: coloco uma polaina de compressão para descanso e vou no shopping, na padaria, no posto de gasolina...Mas, ai, ninguém dá bola!!!!

Êita!!!!

Será que o povo acha que aquilo é meia de Futsal!

Gostei do resultado. Confesso que me hidratei pouco e tomei um GU para cada hora. Não me senti cansado e não tive dores musculares (nem posteriormente). Tive apenas uma leve dor no tendão patelar do joelho esquerdo em certos momentos, mas acordei no outro dia sem sentir mais nada, nem cansaço.

Aliás, pelo contrário! Se não tivesse dormido tão mal, teria feito um pedal hoje para soltar.

Isso se eu "estivesse ouvindo o corpo", que tá a mil. Mas a minha consciência é que segura um pouco...







domingo, 12 de setembro de 2010

Semana de Treino


















A primeira semana com o novo planejamento para a Bertioga-Maresias foi bem mais leve do que a principio se imaginaria. Sobretudo, considerando que a prova "já está ai", dia 23 de outubro.

Um dos motivos desse começo mais cuidadoso seja o fato de que apenas recentemente terminei o 70.3 do Brasil. O outro, é que a filosofia do Boss é assim mesmo, ele vai construindo as coisas as poucos e se considera que já existe um alicerce, ela trabalha em cima disso.

Outra coisa interessante é que ele não focou o treinamento exclusivamente na corrida - nos dias de "descanso", estou nadando ou pedalando. Ele apenas tirou um pouco o peso do pedal no final de semana. Assim, mantenho meu condicionamento em cada esporte enquanto vou trabalhando para a Ultra.

Olhem só.

Segunda-feira, pedalei leve durante uma hora no rolo pela manhã e nadei 2.500 metros a noite, com palmar e pulbóia e apenas um pouco de intensidade.

Terça, corrida, apenas 40 minutos de trote solto. Nesse quase que eu não fui, apesar de estar consciente que treinos curtos tem a sua utilidade. Só que isso não me ajuda. O que me faz ir para a rua é pensar o seguinte "é só ir lá no muro do Campo de Marte, dar três tapinhas na parede e voltar!!!!!". Lúdico, hein! ;-))

É como matar uma parte do treino sem ter matado, sem culpa, sem nada!!!

Quarta-feira, baita frio, levantei para correr pela manhã e bem cedo. Claro que não tão cedo quanto levanta a Yeda e o Sandro (eu estou no início e eles já acabaram!). Fora o aquecimento e a parte final, foram 9 km divididos em uma 3 corridas moderadas de 3 km. A noite, uma hora de natação com palmar e pulbóia. Tudo tranquilo.

Quinta-feira, uma hora de pedal progressivo, sendo 30 minutos fáceis e outros 30 moderados - o problema é esse "moderado", que eu sempre transformo em moderado-forte. Eu sei que exagero, mas acho o treino tão curto que tento aplicar um pouco mais de esforço. Mas não devia. Sinto a musculatura um tanto cansada depois.

Sexta-feira, apenas 50 minutos de corrida pela manhã: 20 de aquecimento, depois 30, sendo 30 segundos forte, 30 fraco. A noite, natação: progressivo a cada 300 metros, isto é, fácil/moderado/ forte. Isso três vezes. Sai da água cansado. Treinos curtos durante a semana vão se acumulando e sexta-feira eu senti.

Sábado, fiquei com preguiça de ir para a USP pedalar entre de 2 a 3 horas. Eu queria dormir até mais tarde. O problema é que quando vou pedalar na rua, gosto de começar ainda de madrugada para terminar cedo - se for na USP, mais ainda, pois odeio aquela muvuca de bikes, carros e corredores, todos no mesmo lugar. Levantei as 8:00 e fiz 20 minutos de aquecimento e 3 x 20 minutos moderado (Big Gear). Ainda assim, fiz força.

Domingo estava programada o longo de 2 horas leve. Corre-se 10 minutos, anda-se 1. Corre-se 10, anda-se 1. E por aí vai.

Bom, conforme coloquei no post anterior, esse negócio de estratégia walking/run não me apetecia. Gostei muito de todos os comentários, mas as palavras do George Volpão foram preciosas para eu começar a vencer essa barreira.

"Nós corredores somos, pensamos e agimos exatamente como o nome já diz: como corredores. E sempre associamos caminhar a sentimentos negativos, como quebra, heavy legs, bonk, hipoglicemia, fadiga, despreparo...Interessantíssima a visão do seu treinador ao explicar que, de fato, nas ultras, é aceitável e até mesmo necessário caminhar"

Ou seja, andar tem forte conotação negativa porque é, até inconscientemente, sinônimo de quebra. Esse era o meu "ponto cego", o motivo pela qual eu estava resistente a essa idéia de caminhar.

Tal como o Vinicius explicita, entretanto, andar com um periodização em Ultras tem outra conotação, pois tem como objetivo evitar que o corredor "ande quebrado".

E, conclui o Boss, "são atitudes diferentes".

Outra dica excepcional foi do Sigueo, ao sugerir a leitura do Jeff Galloway. O Vinicius já tinha indicado que andar seria útil para uma melhor recuperação nos treinos, bem como para evitar lesões. Mas esse texto deixa as coisas ainda mais claras.

Corredores que se poupam por meio de caminhadas programadas (principalmente no início) tendem a ter melhor resultado do aqueles que caminham por outros motivos a partir da metade da prova até o seu final. Há uma melhor distribuição do esforço e o processo de recuperação é mais acelerado.

Bom, mas ai fui correr. Ao invés de duas, corri três horas. Não, não porque esse método foi tão eficaz logo de cara - é que não consigo correr apenas duas horas sabendo que vou caminhar! Um longo, mas loooongoooooo mesmo, com essa distância não enche o bucho e me deixa frustado.

Mas reconheço que é uma teimosia estúpida. Vou escrever para o Vinicius e vou dizer que "me sinto bem".

Ele vai responder na lata: tem coisa que a gente "não sente". Seu sistema imunológico é uma delas.


Foi um pouco mais difícil do que o longo que fiz com o Joel na USP. Mas domingo estava sol e a umidade baixissima, como depois vim a descobrir.

O resultado, entretanto, me agradou bastante. Ao caminhar 1 minuto, você recomeça a correr com a musculatura mais relaxada.

Mas em apenas um minuto? Um minuto?

Sim, em apenas 1 minuto. A diferença em relação a uma parada forçada é que você retoma sem prejuízo do ritmo anterior.

Isso é mais evidente da metade para o final do longo, quando você sente mais a musculatura da perna. O efeito da parada é sensível.

Outra coisa interessante os intervalos servem para que você se alimente e hidrate de forma bem mais sistemática. Como sou muito desligado (já corri 3 horas sem beber água e sem sentir falta dela, o que claro não nada indicado), isso é importante para que eu me cuidar melhor.

Bem, mas nessa caminhada ainda estou com muitas dúvidas. Agradeço todos os comentários e as dicas! Podem ter certeza de que nada passa em branco! Também recebi emails (obrigado Xampa!) e vou tentar fazer uso desse espaço para compensar minha falta de experiência com o conhecimento de vocês.

Obrigado mesmo!








segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Semana Pós- Penha e a Ultra que vem ai....


Nada muito concreto para narrar. O treinador deixou a semana para atividades variadas ou, como ele diz, sem nada estruturado.

Gosto desse tipo de treino. Faço o que me dá na telha, treinos curtos. entre 50 e 60 minutos durante a semana e sem nenhuma intensidade. Na segunda nadei, na terça dei uma corridinha no Campo de Marte, quarta-feira estava cansado e fiquei em casa, quinta voltei a correr, sexta-feira voltei a nadar com palmar e flutuador.

Sábado, estava marcado um longo com o Joel. Mas não rolou e resolvi correr aqui em Santana - deu, sei lá....quase duas horas de corrida, mas prefiro dizer que levo as pernas para passear.

No domingo, esperando a virada do tempo, acordei de madrugada, abri a janela e estava chovendo fraco - voltei para a cama porque o pedal de domingo não era obrigatório. Mas que eu estava com vontade de pedalar no Rodoanel, eu estava. Principalmente considerando que, pelo menos até sexta, os dias estavam pra lá de propícios para um pedal....

Agora, começam os treinamentos para o Ultra Maresias-Bertioga. A primeira planilha foi um choque....bem, "choque" talvez seja dramático demais. Mas explico.

O Vinicius programou treinos em que em corro e..."ando"! Ando?

A explicação do Boss é a seguinte: impossível não andar em uma prova de 75 km. Entretanto, é melhor você andar dentro de um planejamento previamente feito do que em função de uma quebra.

Nem dizendo em inglês, essa tal de estratégia Running/Walking me agradou.

Escrevi meio que chiando. Pombas, eu que não andei nos Irons e em prova alguma vou "arregar" assim, de graça?????

Ai ele me responde. Algo como uma flexa.

Então vão ser dois desafios - um, a distância. Outro, o seu "ego"....

Resolvi que é melhor ficar quetinho....






segunda-feira, 30 de agosto de 2010

70.3 de Penha
















Bem, para quem leu o post anterior - nada aconteceu de errado na prova.

Mas, não se enganem, pois meu pressentimento estava certíssimo. Não deu nada errado porque não deixei.

Tirado o caco de vidro do pneu, levei para a revisão, colocaram um pequeno manchão e lá aprendi a usar os cilindros de CO2. Ou seja, tudo que estava me causando ansiedade, eu tentei resolver.

Mas, não que, ao colocar a bike no
carro para a viagem, o mesmo pneu estava mucho!!!!

Éééééééé.

O jeito foi procurar o pessoal da Kona Bikes que estava em Penha. Deixei lá e, no outro dia, o mecânico que fez a troca me explicou que a câmara estava mordida.

Bom, sai na quinta ainda de madrugada. Sei lá o porquê, comprei um GPS que, teóricamente, estava com os mapas atualizados.

Putz, ainda bem que eu sabia mais ou menos onde onde fica Penha, porque se fosse seguir o tal GPS provavelmente estaria na Patagônia pedindo informações de como chegar em Santa Catarina.

Cheguei quebrado. Antes de ir para o hotel, passei pelo parque, peguei o Kit, comprei as coisas que me interessavam na Expo. O hotel ficava ao lado do Parque Beto Carreiro. Dava para ir a pé! Uma beleza.

Dormi um pouco. Acordei. Assisti um tantinho de novela porque não tinha canais pagos no quarto (só por isso, bem entendido). Enjoei. Tirei da mala as leituras programadas. Primeiro, finalizei um livro dos anos 80 que nunca tive saco de pegar, que é o conhecido "Cem dias entre o céu e o mar", do Amyr Klink. Não me arrependi, mas certamente esperava mais.

Depois comecei a leitura da biografia do Agassi, como comentei anteriormente. Numa tacada, foram 50 páginas - a narrativa é ótima, tiradas sarcásticas e inteligentes de um cara que sabe da vida mais que jogar tênis.

Bom, dormi. Levantei na sexta-feira, tomei café de hotel e me internei no quarto, esperando a chegada do Edú e do Felipe. Chegaram pelas 11:00 e fomos almoçar no "Tio Patinhas", porque
"lá disseram que a comida era boa" e que era "pertinho". Bom, boa não era mesmo, muito menos "pertinho".

Quando comentamos com o pessoal do Hotel, eles deram risada (mas ainda eram risadas). "Quem indicou?". Dissemos que tinha sido "o cara da portaria do Beto Carreiro".

"O cara da portaria?????"

Ai a gargalhada foi geral!!!!

Me senti um pato! Um pato em pessoa!!!!

Mas, enfim, fomos a feira e lá encontrei o Kiko (foto abaixo), que eu conhecia apenas virtualmente por meio do Blog dele e batemos um papo! Gente finíssima e terminou a prova com muita cãimbras e muita raça também!


Depois, fomos todos entregar o bike e as sacolas. No grupo já se somavam o Leopoldo,
o Caio e todas as respectivas amigas, noivas, namoradas e esposas. Tudo certo, tudo tranquilo. Todos já tinham experiência do Iron e não havia necessidade de acompanhar o Congresso Técnico porque a dinâmica é basicamente a mesma.

Fomos fazer um reconhecimento do percurso de bike e, depois, direto para o hotel.

No outro dia, já na área de transição, o Artur do Blog Triathlon um estilo de vida me chamou e na hora eu o reconheci, apesar da nossa comunicação ser apenas virtual também. Foi o único que dos que eu conhecia lá que fez a prova em menos de 5 horas, mesmo tendo participado do revezamento do Long Distance Rio duas semanas antes.

Bom, já na praia, fiquei junto com o Felipe e o Edú. A água estava muita fria e a gente (pelo menos eu e o Felipe, porque o Edú é insondável), nervosos.

Esse estado psicológico é involuntário. Não é pelo resultado, não é pelo desempenho, não é pelo medo de não ter treinado. Simplesmente acontece. O Agassi comenta que cada um lida com isso de um jeito. Correndo para o banheiro é uma delas. Mas esse momento já tinha passado.

O problema é que a largada é quase um susto. De repente. Não dá tempo para nada. Você ouve uma buzina e se joga para frente. Não dá tempo de raciocinar e muito menos começar a prova "numa boa", "tranquilo".

Abre Parênteses.

Engraçado é que os que sempre falam assim são são os primeiros que partem deseperadamente para água quando a largada acontece. Podem ver, saem lá de trás com tudo e vão pra cima mesmo! Parece até abertura de loja de departamentos em liquidação depois do final do ano.

Fecha Parênteses
Comecei a natação forte, seguindo a linha de nadadores na minha frente. Apanhei pouco. Só um pouco. Mas sair forte tem um custo e meus braços já estavam cansados logo na
primeira bóia. em compensação, não tive problemas para me localizar e fiz um natação forte.

Só que, no meu caso, não importa se é forte ou fraca, eu sempre faço em torno de 37 minutos.

A T1 demorou. Quase 5 minutos.

Fui para a bike e sai para o pedal mais puxado que já fiz na vida. Conversando com as pessoas que fizeram a prova, todos reconheceram que o pedal estava mais para um Triathlon Olimpico do que para um Meio Iron.

O piso da estrada era excelente e os aclives não eram tão fortes, favorecendo a percepção geral de que o pedal seria "fácil".



Bom, se você pedala 90 km em ritmo de TT, você deve reconsiderar seu conceito de "fácil".

Doeu!

Obviamente, muitos pelotões. Chateia. Como diz o Chico Ironman, usar o vácuo é o mesmo que cortar caminho. Achei a fiscalização pífia. Você pesca um, pesca outro, mas as penalidades deveriam ser em massa.

Eu fiquei praticamente todo pedal em um disputa com três ciclistas. Chamou a atenção um rapaz, muito acima do peso, mas que socava o pedal de forma alucinante. Eu passava abria nas subidas, mas no plano ele e outros dois me alcançavam e abriam. O vento era fraco, pouco atrapalhava (ou ajudava).

Tudo dentro da mais pura lealdade. Em algum momento, pensei que aquela disputa poderia me prejudicar, mas estava me alimentando corretamente - desta vez, deixei de lado os sólidos e tomei quatro (ou cinco) sachês de GU. A água tinha um pouco de Glicodry. Mas muito pouco.

E bastou isso. Como eu não tenho problemas com gel, ainda tomei outros na corrida.

Mas não gostei do resultado da pedal. Fiz para 2:45 (média de 32,5 km/hora), tendo a firme expectativa de realizar um tempo abaixo de 2:37, tal como consegui em Pirassununga (onde o percursos é menos favorável).

Minha sensação era de que nunca tinha pedalado com tanta intensidade, mas não deu.

Desci da bike com as "pernas bambas". Tirei a sapatilha e "corri" para barraca. Fiz a T2 em 2:45.
Como comentei com o coach, para mim a corrida no triathlon é "de graça". Eu saio para correr sempre com as pernas muito soltas, como se não tivesse pedalado antes. Não faço força, pois apenas executo passadas rápidas e curtas (mais de 90 por minuto). É como se eu não estivesse correndo, mas andando muito rápido.

No quarto quilômetro dos 21, estava tão fácil que, tirando o sol, achei que estava "agradável". Mas diminui. Medo mesmo. Tomava Gu, Gatorade e Coca-Cola nos postos de abastecimento. Retomei o ritmo mais puxado apenas na parte final, faltando 2 km para completar a meia.

Fiquei feliz por ter feito a Meia em 1:52, com pace de 5:17. Para quem "não correu", é uma ótima marca.

O Resultado final foi de 5:22. Não gostei frente a minhas outras provas com o mesma distância. Fiquei longe dos 5:15 de Pirassununga em 2008 e mais ainda dos 2:08 de Caiobá esse ano.

Mas, aqui entre nós - acho que as distâncias do Long Distance não são precisas. Todos comentam que em Caiobá o percurso da pedal é quatro quilômetros mais curto. Não tenho certeza, mas desconfio que isso realmente acontece.



O resultado segue abaixo:

EventoIRONMAN 70.3 - PENHA/SC
Número de peito269
SexoM
CategoriaM4044
Equipe
Tempo Final05:22:51.80
Swim00:37:24.30
T100:04:56.35
Bike C100:03:40.85
Bike C200:21:04.45
Bike C300:47:23.50
Bike C401:13:20.05
Bike C501:39:45.00
Bike C602:05:56.35
Bike C702:33:29.45
Bike02:45:50.55
T200:03:03.75
Run C100:30:48.05
Run C201:23:05.30
Run01:51:36.85
Velocidade Média Natação3.04
Velocidade Média Bike32.5
Pace Corrida00:05:17
Velocidade Média Corrida11.3
2 Rank Cat Bike46
Rank Run258
Rank Cat Run37