domingo, 24 de abril de 2011

Duas semanas difíceis...

Sempre achei que o fato de raramente ter sofrido alguma lesão é um ponto que me favorece bastante. Além de permitir que eu participe de provas dentro de pequenos intervalos de tempo, consigo também sustentar uma rotina de treinamento que me ajuda a me manter apto para essas mesmas provas.

Mas desta vez foi diferente.

Três dias depois da prova de Caiobá, justamente no dia que deveria voltar as treinos, depois de um dia de incômodo com a minha cadeira no trabalho, cheguei em casa e me "esparremei no sofá" antes de ir correr.

Mas, ao tentar levantar, uma dor aguda na lombar. Como uma faca quente entrando pelas costas. Mal consegui andar.

Forcei um pouco e os espamos cederam. Cederam um pouco. Apenas o suficiente para eu andar pelo apartamento.

Crente que sou invencível, achei que tinha sido mal jeito. Ainda que "um senhor" mal jeito...

Tentei nadar no outro dia. Mas os espamos estavam lá e me fizeram abortar o treino na metade.

Conversei com o Presidente, que estava na academia fazendo o treino de bike indoor. Ele tem uma certa experiência com essas dores e, depois de algumas perguntas, me disse que, pelo jeito, seria uma questão "muscular".

Engraçado que ele disse "muscular", como se não fosse grave ou algo para me preocupar muito.

Depois, lendo sobre o assunto, entendi o que ele quis dizer - dores nas costas podem se tornar um problema crônico em certos indivíduos e chegam a alterar o comportamento social das pessoas.

Uma lombalgia muscular, por outro lado, é um problema passageiro e costuma cessar entre sete e dez dias de repouso e medicação baseada apenas em antiinflamatório.

Mamão com açucar.

E foi exatamente isso que o médico me disse naquela mesma manhã, quando procurei um ortopedista para ter uma avaliação urgente do meu problema. No meu caso, não houve sequer inflamação do ciático.

Ele nem se deu ao trabalho de pedir exames.

Mas passa pela cabeça de alguém ficar "em repouso" 45 dias antes de uma prova como o Iron, justamente quando começam os treinos com maior volume?

Foi isso, e não exatamente a lesão, que me deixou bastante apreensivo. Em certos momentos, perdi completamente a perspectiva em relação a dimensão real desse problema.

Chega a ser engraçado.

O médico me pediu sete dias, mas ao tomar o primeiro comprimido, eu pensava "Cáspita, ainda não aconteceu nada...será que não vai melhorar nunca ?????"

Bem, isso apenas 15 minutos depois da primeira dose....

A dimensão psicológica do problema foi o ponto que o Rodrigo atacou de primeira. Relatei tudo para ele por e-mail.

E ele me respondeu "calma".

Calma?

No segundo dia, pensava que o IM de Florianópolis já era e que deveria pensar em Cozumel. No terceiro, na possibilidade de me tornar um inválido e, no quarto, já me via em uma cadeira de rodas.

O Rodrigo, coitado, repetia "caaaaalmaaaa".

As dores agudas me colocavam "na defensiva", andando devagar ou me forçando a fazer pequenos movimentos de forma reticente. A lombar estava tão sensível naquele momento que andava na rua com receio que alguém me empurrasse pelas costas.

Até minha respiração tinha mudado.

Mas no quinto dia, cessaram.

No sexto, comecei a fazer acupuntura com a Silvia, uma amiga de anos e anos que eu não via a muito, mas que gentilmente me atendeu de imediato.

A partir dai a melhora foi exponencial.

Mas meu medo ainda estava lá.

Eu precisava vencer a relutância psicológica para voltar a nadar, correr e, principalmente, pedalar.

Exatamente seis dias depois das primeiras dores e um dia depois da acupuntura, nadei 3k com palmar e pulbóia.

Nada aconteceu. Depois das primeiras braçadas, minha confiança voltou e fiz o treino nadando de forma ritmada, entre moderado e moderado/forte.

No primeiro teste, eu tinha passado.

No outro dia, na quarta-feira, seria o dia correr. Fiz 1:45, correndo 45 fácil, 45 moderado e 15 fácil.

A musculatura da lombar estava apenas dolorida. Entretanto, nada de espasmos.

Mais acupuntura no mesmo dia.

Decidi que era hora de encarar um treino no rolo. Me programei para fazer isso na quinta pela manhã.

Nesse dia, ainda pela manhã, subi na bike e deixei o pedal leve para tentar duas horas de rolo sem forçar, assistindo um incrível show do Band of Joy, banda recém formada pelo cada vez melhor Robert Plant.

Fiz todos os movimentos possíveis e, mesmo ao me debruçar sobre o clip, nada senti.

Sexta-feira, um estímulo mais difícil: encarar as subidas e fazer força no Riacho Grande. Ainda com certo medo, subi na bike cuidadosamente e comecei a pedalar no volantinho para, depois, subir a marcha no volantão para me testar.

Consegui 90 km em 3:10 minutos. Uma média de quase 30 km/hora sem parada.

Ótimo! Fiquei realmente feliz!!!!!

No mesmo dia, fui para a acupuntura e, além da acupuntura, a Silvia ainda me aplicou uma massagem.

Sai de lá bastante confiante. Notava que minha postura já era a de uma pessoa mais tranquila.

No sábado, que tal fazer o treino da planilha que estava programado para domingo?

Pensava que domingo, pegar a Anchieta para voltar do Riacho Grande, seria um stress que eu não merecia.

Foram 4:30 de bike e 5 km de corrida. A dor tinha sumido completamente.

Só que senti o esforço e o sol me deixou com um pouco de insolação. Confesso que a hidratação também não foi das melhores.

Mas que alívio! Nenhuma dor na lombar!

No domingo, fui correr uma hora só para não passar o feriado em branco.

Ainda terei certos cuidados na semana que se inicia agora. A acupuntura não para.

Mas a perspectiva mudou completamente. Estou novamente inteiro para treinar.

Não sei os impactos dessa semana "perdida" no resultado que vou colher no dia 29 de maio. Me coloquei a disposição do Rodrigo para fazer treinos especiais, mesmo nos dias da semana.

Ele, entretanto, disse que isso não seria necessário e que não havia porque mudar a programação.

Vamos ser sinceros? Quando você vê pessoas que vão para Florianópolis fazendo dezenas (ou centenas) de quilômetros nos longos de final de semana, como não achar que quase dez dias parado foram fatais para uma boa prova em Floripa?

Não seria o caso de correr atrás do prejuízo?????

NÃO, NÃO, NÃÃÃÃOOOOOO

Por dois motivos.

Primeiro, porque o Ministério da Educação informa que "Correr atrás do prejuízo" faz mal para o uso correto da língua portuguesa.

Nem como licença (anti) poética.

Pois isso não existe!!! Faz sentido alguém "correr atrás de prejuízo"????? :-(((((

O segundo é a estratégia do Rodrigo. Simplesmente confio no que ele me diz.

Nessa "crise" recente, ele soube lidar com a minha ansiedade de tal forma que, nos dias mais críticos, me apoiei mais na confiança dele em mim do que na minha própria.

E isso me faz refletir um pouco sobre o papel dos nossos técnicos.

Infelizmente, quando leio alguns posts de amigos que estão treinando forte para o Iron, noto que as coisas não estão dando certo. Se não para todos, pelo menos para alguns.

No meu entender, há uma ansiedade desnecessária gerada por "quebras"em treinos fortes e resultados "ruins" em provas recentes.

Essas frustações geram comparações indevidas e o desânimo contamina a seqüência de treinos.

O resultado é que as profecias negativas podem acabar por se auto-realizar.

E, não, não estamos falando de pessoas que estão fazendo seu primeiro Iron.

Estou falando de gente experiente, da maior categoria que, nos age groups, querem mais que simplesmente terminar a prova.

Como entender e lidar com a subjetividade humana é uma "arte" que nem todos os coachs dominam.

Porque elas tem tem origem em questões pessoais, decorrentes da história de vida de cada um.

Elas não estão na sua planilha.

Como diz o personagem do Morgan Freeman no filme "Menina de Ouro".

“(...) It’s the magic of fighting battles beyond endurance. It’s the magic of risking everything for a dream that nobody sees but you.”

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Caiobá 2011

Sempre comento com os amigos que acho o Long Distance Caiobá uma das minhas provas preferidas.

Quando estava me preparando o primeiro Iron em 2009, o Vinícius dizia que, além de ser uma prova bacana, era um ótimo ensaio para Florianópolis.

Na minha primeira participação quebre feio. Tentei a sandice de substituir o hidrólito que estava tomando por gatorade, que tinha beeeemmm menos calorias, além de não ter feito uma alimentação no dia que antecedia a prova de forma decente.

E isso foi fundamental para que eu, naquele ano, redirecionasse foco para das minhas atenções para a alimentação, o que certamente contribuiu para que eu terminasse o Iron 2009 sem problemas.

Nesse ano, o Rodrigo pediu o mesmo tipo de atenção. Escreveu ele:

"Imagine que vai fazer um iron e não um 70.3, teste seu ritmo nas três modalidades e veja como vai se sentir em seguida. Teste tb os equipamentos e estratégia nutricional do ironman. Não force para bater seu recorde nessa prova, pois esse não é nosso objetivo, se o PB vier, ótimo, mas não se preocupe com isso. Nosso foco é em maio, ok?"

Fomos eu e o Presidente para Caiobá ainda no sábado pela manhã. Foram entre sete e oito horas de viagem em um percurso de tantas serras e curvas que tornam as coisas muito cansativas para quem dirige.

Como faço uma propaganda danada da prova para os amigos, na pousada estavam o Marden Mota e as meninas dele, a Andréia e as filhas Maria Eduarda e Pietra - que, olha, doidera de lindas! A Pietra tem a idade da minha sobrinha, está aprendendo a falar e gosta de mostrar um umbigo e esconder quando você quer fazer cosquinhas na barriguinha dela...

Já a Maria Eduarda ficou amiga do Presidente, embora ele a ficasse irritando de vez em sempre com aquelas piadinhas que ele aprende por ai - a gente, que é amigo, ri...mas porque é amigo ;-))))

Aliás, se algum dia um leitor do Blog tiver a oportunidade, perguntem a Maria Eduarda porque ela não toma refrigerante.....

E quando ela responder, perguntem depois que ensinou aquilo pra ela!!!! ;-))))

Também estavam lá o Alberto Peixoto, com o Fábio, que também fez a prova, e o João Fortes, técnico deles e da Assessoria Fortes Training. O Alberto precisava resolver essa parada de nadar do mar de uma vez por todas para fazer o Iron tranqüilo.

Chegamos e fomos comer e depois fomos pegar o kit. Tudo pertinho, sem precisar usar o carro.

Mas confesso que não tive uma boa semana. Quando entrei na fase de polimento, meu corpo desmoronou.

Tá, pode estar um tanto exagerado esse "desmoronou".

Vamos dizer que senti cansaço e dores musculares que a muito não sentia.

Além disso, uma vontade absurda de comer porcaria, como doces, cholocates e pizza...

Depois de dirigir, almoçar, ter ido na expo e coisa e tal, finalmente deitei na cama e, pumbá!

Desfaleci...

Eram cinco horas da tarde e estava morto!

Dormi um pouco, acho que meia-hora. Melhorei. Mas lá no intimo pensava assim "ainda bem que eu o Rodrigo me tirou a obrigação de fazer qualquer coisa em termos de tempo, porque do jeito que está, não vai rolar".

E, entre 2009 e 2010, eu já tinha tirado 16 minutos no resultado final entre uma prova e outra. Se eu fosse com expectativas de desempenho, chiiiiiii marquinho....

No final da tarde começou a chover. Mas chovia gente!

Chovia, chovia, chovia...

Todo mundo com aquela cara...

Só que ano passado, choveu a madrugada toda e, na manhã seguinte, abriu o sol.

Eu tentava mostrar tranquilidade e dizia "podem relaxar, que amanhã o tempo melhora. Ano passado foi a mesma coisa. A gente nem dormia de madrugada por conta dos trovões. Esse ano só está chovendo, nem raio tem...."

Óbvio, ninguém acreditou (aliás, eu muito menos....)

O Sérgio, dono da pensão, providenciou uma macarronada no jantar. Ele fez até massa. Todo mundo comeu, conversou, deu risada, se conheceu melhor e zupt pra dormir.

Eram nove da noite e nem vi mais nada. Não deu nem para ver novela. Apaguei e só fiu acordar pouco antes da 5 da matina para começar a hidratar.

E o tempo tinha melhorada muito. Algumas partes do céu estavam estreladas...

Desci para o café, olhei para o Mota, Alberto, apontei para o céu e disse..."Tá vendo, eu não disse?" ;-))))

Fomos para a praia onde seria a largada. Só que, naquela coisa de ficar batendo papo na transição, vendo os amigos...bem, aquecimento que é bom, não deu mesmo.

Fiquei no meio do povo. Olhei a posição da bóia, mirei na danada e fui. A temperatura da água estava ótima. Apesar do mar estar bastante marolado, não havia ondas.

Problemas de tráfego aqui e ali me atrasaram um pouco. Fechei na casa dos 35 minutos.

Sinceramente? Esperava ter nadado mais rápido em função da evolução nos treinos. Mas, enfim, fiquei satisfeito de ter conseguido acompanhar algumas meninas - sim, porque as mulheres são melhores nadadoras que os homens - cansei de ser alcançado por elas em provas do TB, quando nossa largada era apenascinco minutos antes da largada delas.

Adendo: com os resultados oficiais, comparei os dados com 2010 e, surprise, melhorei em cinco minutos essa natação!

Mais um motivo para ficar feliz!

Voltando....

Fiz um transição mais acelerada que e um tanto mais eficiente. Não foi perfeita porque não sei sair com a sapatilha clipada. Mas não me atrapalhei com o óculos e o capacete...

O que já não é pouco no meu caso!

Sai para pedalar e logo encontrei um bom ritmo. Na ida, o vento era favorável e conseguia ir passando os que saíram da água na minha frente.

Apenas me irritava o pessoal fazendo pelotões.

Alguns, como que por efeito da gravidade, iam se aglomerando ao meu redor - um deles olhou para mim e disse "vamos fazer o nosso jogo". Tirei um pouco o pé e respondi "não, não faço pelotão...desculpa cara, mas prefiro ir sozinho".

Só que aquele ditado "quando um não quer, dois não brigam" não é lá muito adequado para essas situações. Os caras ficavam como uma nuvem na sua volta.

Quando me passavam, não abriam. Quando eu passava, eu forçava para me desvincular deles. Mas bastava ficar contra o vento contra que eles me alcançavam.

E começava tudo novamente.

Aquilo foi me irritando de um jeito...

Bom, até que, enfim, algo que acontece com todos um dia, aconteceu comigo: furou a camara.

E foi bobeira!

Já faz algum tempo, eu não conseguia encher o pneu traseiro da roda com que faço as provas com a minha bomba de pé.

Mas, levando em qualquer bicicletaria, o pessoal conseguia. O Fernando, mecânico que cuida da minha bike, já tinha me alertado que havia necessidade de fazer pequeno ajuste no adpatador da roda. Eu ia lá para resolver isso um dia antes da viagem!

Sai de carro para ir trabalhar e depois passar na oficina. Mas o trânsito estava tão ruim, mas tão ruim que voltei para casa e pensei "ahhhh, vou encher o pneu lá mesmo, em Caiobá".

Conversei com o Mota e, já em Caiobá, levamos a roda para o Max que, sem problemas, encheu o pneu.

Mas, vejam, o problema continuava lá!!!!

Ao invés de resolver logo isso, fui "dando um jeitinho".

Não deu outra. Logo depois do retorno da primeira volta do pedal, passei em uma lombada e senti algo errado. O pneu estava mucho, o que indica que um vazamento pequeno por algum problema interno - bico com defeito, fita com ponta etc - e, quando bateu na elevação, foi de vez...

Desci da bike, mãos suadas, sem me concentrar direito pensei "está tudo aqui para trocar a camara, mas não vou conseguir".

Mas o João Fortes, técnico do Alberto e que estava conosco na pensão, tinha acabado de chegar para ver a prova e me viu parando.

Veio correndo em meu auxílio. Começou a tirar a roda e o pneu - sem espátula!!!!

Um outro senhor, falando espanhol, também fazia questão em me ajudar. Mas sem saber direito o que fazer, coitado, segurava a bike no alto enquanto o João trabalhava.

Por fim, mas um cara, que também tinha rodas clincher, estava por ali e veio correndo nos socorrer. Foi uma sorte danada, porque o João estava com dificuldades para mexer no adaptador.

Entre 5 e 10 minutos, fizeram reparo. Pouco antes, passou o Jorge, chapa nosso e brincou, "Vagnão, você dá um traaaaabalhoooooo....".

Um deles, não sei se o João, disse, "espera ai que você vai lá buscar ele..."

Ele falou aquilo e logo pensei "Huuuummmmm, tá ai um lance legal! Será que eu consigo?"

Agradeci mil vezes os três e voltei para a prova...

Eu já tinha desistido de qualquer coisa. A troca pode demorar apenas três minutos, mas parecem 20. A gente vê tanta pessoas passando que o desânimo é avassalador.

Pensei em subir na bike e "brincar" um pouco. Ir buscar o Jorge era uma boa!!!

Comecei a pedalar, a pegar ritmo, alcançar um, alcançar outro. Quando vi a Cintia Tobar, amiga minha, fiquei mais animado. Ela sempre faz ótimas provas e, quem sabe, eu poderia ao menos tentar fazer um tempo parecido - mas certamente maior - que aquele feito em 2010?

Acelerei bastante, mas sem esforço grande. Passei a Cintia e, logo vi o Jorge. Passei também e dei uma risadinha, uma risadinha meio sarcástica.

Já estava gostando da "brincadeira" de marcar os amigos.

A alimentação estava perfeira, mas ao comer bisgaguinha com banana, quase engasguei. Tá aí algo que já descartei para o Iron. Tomei um Gu Endurance no último retorno e parece que aquilo reforçou minha base energética!

Também estava testando o capacete Aero. Tem gente que diz que não funciona e coisa e tal. Bom, eu comprei na expectativa apenas de ter algo "da tribo" porque, aqui pra nós, em termos de desempenho duvido que isso faça muita diferença no nível competitivo com que eu participo das provas.

Mas, sei lá, adorei! Para mim fez mais efeito que as rodas de carbono. Tá aprovado para o Iron!

Pedalei beeeeemmmm. Cadência entre 70 e 80 rpms contra o vento. Vinha pelotão me enchendo o saco, mas quando o vento parava, eu conseguia seguir sozinho.

Fechei a bike e olhei rapidamente para o Cateye: 2:22.

Mesmo sem contar o tempo do pit stop para trocar a camara, pôôôxa, nada mal!

Fiz um transição meio destrambelhada, pois tive que sentar no chão para colocar as meias.

Mas, quando sai para correr, minha pernas estavam bem soltas. Eu me sentia muito bem.

Só que em 2010 foi assim: me senti forte nos primeiros 3k, dei uma "quebrada" e fui em "velocidade de cruzeiro" até o 18k. Depois eu corri o que deu para correr.

Só que desta vez, não senti nada disso. Engatei um moderado/forte e fui.

O Gustavo, do Ironguides, passou por mim. Ele estava uma volta na minha frente.

Resolvi marcá-lo de longe porque, claro, o eu quebraria fácil se tentasse ir na mesma passada que ele.

Na verdade, isso foi mais um jogo mental. Como na meia são três voltas de 7k em um lugar plano, na orla da praia, ao correr você olha os extremos da praia e, pela distância, desanima. Eu sempre brinco que lá a melhor estratégia é correr olhando para o chão, porque o horizonte e os morros parecem estar em um distância impossível de ser percorrida.

Fiz os primeiros 7k me sentindo ótimo. Pensei, daqui a pouco vem a "quebradinha". Entrei na segunda volta, tomei um GU e me senti da mesma forma que iniciei a primeira.

Isso já era uma novidade!

Fiz o retorno da segunda volta e nada de quebra. Fui indo, concentrado no pace, com passadas bem curtas e aceleradas. O Gustavo na minha vista, lá na frente.

Quando entrei na terceira e última volta, estava inteiro. Faltavam apenas 7 km. Logo me lembrei do depoimento do Ciro Violin, que quebrou em 2009 "como um galho seco" e já bem pertinho da linha de chegada.

Se aquilo pode acontecer a ele, não seria eu que estaria imune a quebras mesmo ao final da corrida..

Apesar de sentir "tudo em cima", não era hora para tentar algo suicida. Depois de ver tanta gente com aquelas malditas presilhas de pano (é esse o nome?) amarelas e vermelhas no pulso e eu sem nada, achava que estava fora de qualquer perspectiva de fazer uma boa prova em termos de tempo.

Eu fiz 2:08 na parte da corrida em 2009. Baixei para 1:52 em 2010. Achava que esse era meu limite ali em Caiobá, porque tirar mais que isso, só se eu fosse outra pessoa.

Fiz o último retorno e voltei decidido a completar os últimos 3,5k correndo forte.

O Gustavo já tinha parado. Eu olhava um sujeito ou uma menina lá na frente e ia buscar. Sem me matar, ia "pescando" um a um.

Estava "brincando" com a prova de novo.

Cheguei inteiro. Olhei o relógio - 1:32.

Whaaaaaat??????

Olhei para trás meio sem jeito, cocei o queixo e dei uma disfarçada.

"Ué, será que eu pulei uma volta?"

Mas estava com as duas pulseiras. Não tinha.

Uauuuuuuuu....

Apesar de tudo, já tinha valido a pena a viagem!

Minutos depois, saiu o resultado. Fui lá ver.

Eu, que pensava que seria uma coisa e tanto fazer sub 5 horas (impossível mesmo...), pois o "meu melhor" tinha sido 5:08 ano passado, fiz para 4:42 (ou 44, não lembro direito...).

Isso tempo total, contando inclusive o período que fiquei parado com o pessoal trocando a câmara (coisa entre 5 e 10 minutos)

Claro, esse resultado não seria o mesmo sem o apoio que tive no momento que o camara furou.

Ao encontrar o João na pensão, dei a ele a camisa de finisher. Se pudesse, dava a chave do carro também...

Pelo menos a chave do carro do Presidente ;-))))

Porque a gente não sabe o que faz para retribuir quem nos ajuda sem interesse, não é verdade?

Bom, acho que duas coisas explicam esse resultado.

Primeiro, o trabalho que tenho feito com o Mario, nutricionista, que me levou a perder peso sem perder força. Estou cinco quilos mais magro se comparo meu peso hoje com Caiobá 2010.

Outra coisa é que, sem dúvida, o resultado se deve ao esforço do Rodrigo Tosta, que pegou a base que eu trazia de anos e anos com o Vinícius e, dentro da mesma filosofia do Ironguides, trabalhou muito minhas deficiências em termos de velocidade.

E eu, que sempre fui muito cético em relação a isso porque achava que "velocidade" um atributo genético e ponto, hoje estou revendo meus conceitos, já que os treinos dele estão mostrando o inverso.

Agora, sim, o Iron. Vamos com tudo!

Huuuuummmm, não! Espera ai! Pra quê essa pressa!

Me dá antes um dia ou dois para descansar....;-))))

Adendo

Sairam os tempos oficiais. Fiquei feliz com a natação também!!!!

Natação: 34:04 (contra 39:04 em 2010)
Bike: 2:34:49 (2:37:23 em 2010)
Corrida: 1:32:49 (1:52:09 em 2010)

Total: 4:42:22 (5:08:46 em 2010)

domingo, 3 de abril de 2011

Garoto de Apartamento...

Logo que comecei a pedalar novamente, porque só tinha feito isso quando criança, optei pelo mountain bike.

Uma história curta. Depois de muitos tombos e nenhuma aptidão para lidar com algumas habilidades básicas desse esporte, quebrei o braço. Percebi que o estresse para ficar em cima da bike era maior que o prazer de pedalar, mesmo que fosse uma turma bacana, que todo final de semana ia para Campinas fazer trilhas.

E o pessoal do mountain é bem mais "safo"que a graaandeee maioria dos triatletas - enquanto a maioria desses mal tem coragem de pelo menos tentar tirar a roda de traseira par fazer algum reparo, os mountain bikers sabem fazer manchão e dar um jeito em um rasgo no pneu com duas embalagens de gel.

Ou seja, solte em um trilha um triatleta e um mountain bike e deixe os dois ao Deus dará, sem bomba, câmara, barrinha de gel, gps, telefone celular, talher, guardanapo....(rs).

O segundo volta pra casa. O primeiro, morre.

Quando o Daniel Hamada andava com a gente e via aquela dificuldade toda para colocar uma corrente no lugar, trocar uma câmara ele brincava "Garoto de apartamento é brincadeira...".

Lembro dessa história porque, definitivamente, estou virando um "triatleta de apartamento".

Talvez não no sentido que acabei de descrever - ou talvez não em seu sentido pleno...;-)

Deixa eu explicar.

Tenho uma rotina de treinamento relativamente pesada para um amador. Mas ter quase tudo a mão facilita um pouco a minha vida.

Vou a pé para a academia onde nado. Treino em uma boa piscina de 25 metros nas manhãs de segunda, quarta e sexta.

Nesses dias, também corro a noite no Campo de Marte. E sem precisar fazer uso do carro para chegar lá.

Mas pedalar...pedalar não dá!

Morando em Santana, não tenho outra opção para a bike se não meu próprio apartamento. Usar as Rodovias, a USP ou o Riacho Grande (esse último em São Bernardo do Campo), apenas no final de semana.

Teóricamente, isso funciona bem.

Mas, fazendo as contas, tenho percebido que estou, cada vez mais, treinando dentro de casa. Entre o Iron e Penha e entre Penha e Pirassununga, ano passado, me recordo de ter feito apenas 2 treinos de pedal fora de casa.

Mesmo os mais longos, foram no rolo.

Nesse semestre, estou treinando mais em locais abertos.
Só que o clima virou uma loteria sábado e domingo.

O resultado é que estou novamente sendo obrigado a fazer treinos longos no rolo.

Vejamos como é minha rotina atual...

Durante a semana, os treinos de rolo visando aumentar a capacidade de VO2 e força são ótimos. Conforme venho descrevendo, esses ocorrem as terças e quintas. Como inverti a natação e a corrida segundas, quartas e sextas, nadando pela manhã e correndo a noite, a combinação ficou boa porque 1) durmo melhor e não tenho mais problemas de renite e 2) me dá um tantinho mais tempo para descansar.

Mas houve um aumento de volume na planilha no final de semana. Aos sábados, há um treino de transição relativamente tranqüilo, pelo menos se comparado com os sprints que eu fazia visando o aumento da velocidade.

Aos domingos, tenho um pedal de 4:30 e um corrida de 30 minutos em seguida.

A primeira coisa que fiz foi escrever para o Rodrigo, mais ou menos assim:

"E ai, se chover no domingo? O que faço para adaptar 4:30 de road para um treino no rolo?"

Ele, "Arruma mais toalhas"...

Pois é...;-)))))

E foi justamente o que aconteceu no domingo. Fiz o treino de sábado no Riacho, vi o Mota, pedalei com a Deise e encontrei o Léo, que vive me gozando no Face justamente de tanto treino que faço no rolo.

Comentei com a Deise que havia previsão de que o tempo iria virar. E virou.

Acordei cedo, olhei o céu. Aquela angústia...vai continuar chovendo ou não?

Na Internet: 80% de probabilidade de chuva...

Inconformado, armei o rolo e comecei a pedalar, tentando fazer o treino de 4:30. Consegui.

Só Deus sabe como, mas consegui.

Apesar de algumas pessoas acharem que a dificuldade mental é grande para treinos longos, o problema nem é tanto esse.

A questão dos treino no rolo é que fisicamente ele é brutal. Você sente que, a partir de determinado ponto, sua condição se deteriora - seja porque a desidratação é tamanha que você não consegue repor os liquidos, seja porque a musculatura é exigida de forma tão intermitente que o desgaste inviabiliza a continuação do exercício.

Minha estratégia para aliviar as pernas foi parar dois minutos a cada 1 hora para pegar mais água ou comer uma bisnaguinha com banana.

Só que a água que sai do seu corpo é tanta que o negócio fica nojento. Toalhas e toalhas não evitavam que eu pingasse pela sapatilha.

Há vantagens nesse tipo de treino. Matéria recente com o Andy Pots na Inside Triathlon diz que até 2009 seus treinos de bike eram diários, entre uma e duas horas e basicamente indoor, voltados para ganho de potência e velocidade.

Acho que isso é uma tendência. Treinos de qualidade no rolo tendem a ser mais eficazes.

Mas os treinos de longa duração continuam sendo fundamentais e acho que esses devem ser feitos, na rua.

Primeiro, porque a eficiência do pedal no rolo tende a ser marginalmente decrescente...ops...deixa eu colocar a tecla SAP para os não economistas: quando se passa de um determinado ponto, cada minuto a mais de treino tem ganho menor que o minuto imediatamente anterior, até o momento em que o esforço tem efeito nulo e não trás benefício algum.

Segundo, na rua se passa mais tempo clipado, fortalecendo os músculos do pescoço que serão utilizados na posição aéro durante o pedal o Iron. No rolo, quando se faz mais força ou o desgaste é grande, há uma tendência de se pedalar com a cabeça baixa.

Bem, por essas e outras, tentarei retomar uma distribuição mais equilibrada dos treinos.