domingo, 7 de dezembro de 2014

Challenge Family 2014- Parte II

A decisão de encarar o Challenge começou a tomar corpo por uma dica da Ana Lidia e da Aline Miranda ainda Fortaleza, já que havia a possibilidade de fazer inscrições no pacote da IM.

Óbvio que, na hora, eu disse "nem pensar".

Mas fazendo conta daqui, fazendo conta dali, uma prova cheia de amigos e aquele ajuntamento de gente bacana em Jurerê....

Bom, como todo mundo está cansado de saber que a  minha palavra não vale nada mesmo, três dias antes da largada eu já estava em Florianópolis sem avisar quase ninguém e, estranhamente, sem me preocupar se estaria apto para fazer a prova.

Digo "estranhamente" porque nem me veio a cabeça questionar se seria possível encarar um Meio-Iron três semanas após o IM de Fortaleza sem esquecer que, cinco meses antes, eu já tinha feito outro em Florianópolis.

Convivemos com muitas convenções e uma das mais famosas diz que provas longas pedem um período razoável de recuperação ou que mais de um Iron por ano é coisa para poucos.

"Poucos" não no sentido elitizado do termo, mas de que é coisa para gente doida mesmo.

Bem, vamos por partes.....

A Prova

No dia da largada me sentia relativamente bem, pois meu mal estar com provas de triathlon acaba exatamente quando coloco o pé na areia.

Como o meu corpo reagiria era um mistério, mas ainda assim me sentia em condições para fazer aquilo que queria fazer.

Pouco antes da largada ficamos sabendo que a natação teria o percurso encurtado de mil e novecentos para mil metros por questões de segurança.

Não vou deixar de dizer que fiquei um pouco frustrado.

Quando entramos na água o mar estava com uma arrebentação forte e realmente muito mexido - tudo o que eu não precisava depois de Fortaleza.

Só lembro de ter pensado "Não acredito que isso vai acontecer de novo..."

Naquele instante, até chegarmos a primeira  bóia, achava que a organização tinha agido corretamente. Para quem tem problemas com a água, aquela natação estava vários pontos acima do tom ideal.

Depois, entretanto, da primeira para a segunda bóia, e de lá para a praia, as coisas foram muito rápidas e mudei de idéia.

Talvez o melhor fosse uma natação com duas voltas.

Em quinze minutos eu já tinha duas opiniões completamente opostas.

Dá para notar que eu não sou exatamente uma "rocha" em termos de convicções.

Quando se pensa em todos que estão ali, a decisão não é realmente fácil.

Há pessoas que escolhem provas a dedo porque estão aptas para um nível de dificuldade. Quando se deparam com outro cenário, dito pelo acaso, acho que existe uma questão psicológica que é relevante, sobretudo para quem vai fazer a estréia na distância.

Por outro lado, há uma banda de atletas que advoga que "ema, ema, ema...cada um com os seus pobrema". Uma pessoa que escolheu um desafio desses tem que estar pronto para situações adversas, pois não consta do regulamento que o mar devesse estar flat ou o pedal, sem vento.

Essa avaliação, sinceramente? Não sei fazer.

Existem coisas para as quais não consigo ter uma opinião.

Fechei a natação para 17:44 e demorei na T1 porque a minha roupa de borracha, que tinha jurado arrumar quando fiz o Dash em 2013, ainda está do mesmo jeito e não sai fácil.

Também não sou um "rocha" em termos de promessas.

Se o Dash se vendia como a prova mais rápida, fez bem o Challenge em não ter usado o mesmo apelo esse ano, pois o pedal foi incrivelmente duro nos momentos em que o vento estava contra.

Foi sem dúvida uma surpresa, embora eu não esteja aqui reclamando, seja porque com o vento dava para alcançar coisa de 50 km/hora, seja porque pedir pedal sem vento é o mesmo que querer nadar sem água.

Mesmo contra o vento, não consigo deixar de pedalar com cadência baixa (66 rpms foi a média da prova), mas estou melhorando devagarinho. Fiz os primeiros 45k de forma mais cautelosa, deixando para fazer força na segunda perna. O resultado foi um pedal para 2:38.

Not so bad, not so good.

Nos primeiros quilômetros da meia-maratona me senti feliz em observar que não estava apenas "seguindo" como em Fortaleza, mas efetivamente correndo. Foi a parte em que mais me diverti também, pois o traçado permitia uma interação constante com todo mundo e não o achei mentalmente cansativo.

Até o 14 quilômetro consegui um pace médio de 5:00/Km, mas na última volta senti que faltava perna e o ritmo caiu coisa de 5:45/Km.

Fechei a meia para 1:50, tempo bem melhor que as minhas expectativas.

Já a prova, em 4:54. Fiz uma avaliação positiva.

Depois do IM de Fortaleza descansei uma semana, depois retomei a planilha feita para ela. A única diferença foi que resolvi fazer rolo ao invés dos longos de bike, já que não valia a tirar a bike da mala para fazer apenas um treino.

Já que o tempo não poderia ser comparado com o do ano passado, tendo como parâmetro a colocação na categoria fiquei muito feliz -  a décima primeira entre 60 pessoas.





Obviamente, não sai de lá pensando que seria possível fazer uma ultramaratona no outro final de semana.

Mas se eu pensasse de forma tradicional, será que teria participado da prova?

Qual são os nossos limites?

A pergunta é genérica e típica de manual de marketing mequetrefe voltado para aspectos motivacionais do esporte - e só estou usando porque às vezes fico derrapando para escolher um frase diferente e nada me vem nada na cabeça.

Bom, mas se a pergunta é manjada, por outro lado cabe evitar o arco das respostas prontas, tal como a popularíssima "depende de cada um".

Existem certas discussões no esporte que poderiam ser bastante enriquecedoras se tivéssemos apenas uma regra: " Proibido dizer 'depende de cada um'".

Vamos falar da média.

Estou me referindo a triatletas esforçados para a qual a loteria genética não deu um número premiado. Gente com uma história relativamente curta se comparada aos veteranos, sem portfólio com recorde e um currículo que não rende apoio nem para ganhar pacote de maltodextrina de dez reais.

Enfim, it's me.

Se feita uma enquete no meio, acho que oito em dez reprovariam a inscrição.

Entretanto, qual o fundamento dessa reprovação?

Não tem todo triatleta certo orgulho de se jogar de cabeça na mais recente inovação em termos de equipamentos, acessórios e suplementos?

Mas por quê cáspita somos tão ligados a concepções defuntas?

No caso da nutrição, a força da tradição se coloca de forma ainda mais evidente.

Só que vou abrir um capitulo aqui para não embolar muito.

A nutrição

O paradigma "High Carbo" é tão incrustado na cultura do triathlon que já me julgo um sujeito totalmente marginalizado pelo sistema.

O que não é de todo ruim, já que a marginalidade põe no meu bolso um alibi para os que me apontam o dedo dizendo que sou da tal "esquerda caviar".

As provas de longa distância transformam todo ecossistema no seu entorno e tudo que nele cresce e se consome é feito de carboidrato.

Tal como uma larva perceberia o universo se não notasse que errou a maça e entrou em uma batata.

Descobri que ir ao jantar de massas e perguntar se há alguma chance de encontrar torresmo ou pururuca no cardápio tem um efeito divertido - as pessoas dão um passo para trás, arregalam os olhos e ficam esperando que sua cabeça comece a rodar em cima do pescoço.

Já coloquei aqui no Blog que aderi a dieta Low-Carb, cujo nível de conhecimento das pessoas varia nos extremos: quem conhece, conhece muito; quem não conhece, trata o assunto a distância ou certo desdém, como se fosse vodu ou magia negra.

Para quem é adepto dessa dieta, há várias estratégias para provas de longa distância. Uma das mais conhecidas opta pelo consumo sem dó de carboidratos antes e durante o esforço - Training Low Race High.

Essa era a minha primeira opção, já que as provas de 70.3 são realizada com níveis de intensidade relativamente maiores  que as provas com a distância Ironman. E, sendo assim, o consumo de carboidratos pode se impor de forma relativamente maior.

Entretanto, conversando com o Wagner Araújo na Expo sobre o assunto, lá pelas tantas ele brincou dizendo "E aí, vai fazer a prova sem carbo?".

Falou brincando, pois ele mesmo acha mais eficiente estratégias de "supercompensação" ou o chamado "carbo loading".

Mas comigo as pessoas não podem brincar.

Seria possível ser ainda mais radical que em relação a Fortaleza?

Por puro empirismo e considerando que a distância era menor, levei em frente a idéia e montei um roteiro para uma aposta comigo mesmo - realizar a distância sem consumir calorias.

Mas, primeiro, tinha que ter certeza que não me faltariam reservas de carboidratos. Sendo assim, agreguei uma tigela média e um suco de açai no sábado.

Dada a escassez de opções e a falta de uma cozinha no apartamento, fiz uma refeição na noite anterior a prova impensável para o triatleta moldado no mundo da batata e do macarrão - rolinhos de presunto e queijo e um pote de torresmo, aqueles bem esculhambados vendidos em supermercado.


Imagino que vendo a foto você também esteja visualizando minha cabeça girando furiosamente em cima do pescoço. ;-)


Mas essa decisão seguia um raciocínio simples: pressupondo que meu metabolismo esteja relativamente adaptado e as reservar de carboidratos sejam suficientes para uma prova até seis horas em ritmo confortável, para que muito mais que isso?


Eu apenas precisaria estar atento as demandas do meu corpo por energia.

Vale dizer que tenho uma certa vantagem nesse aspecto, pois entre alguns anos de treinos longos e provas, guardo a memória as quebras por bonking, isto é, aquela em que a gente dá de cara com o famigerado "muro" por conta da depleção de carboidrato.

Entender a natureza da nossa percepção é muito importantes, mas ela não é inata e depende de uma reflexão sobre a experiência.

Por exemplo, não raro muitos perceberem a queda de rendimento em uma prova como um problema de suplementação quando, na verdade, o que se dá pode ser um "cansaço" do sistema neuromuscular (por isso recomenda-se andar durante a maratona) ou, mais simples, a pura falta de condicionamento físico para prosseguir com o ritmo inicial.

Em síntese: as vezes falta perna e não comida, só que não conseguimos distinguir um do outro.

Mas não consegui passar a prova sem a ingestão de nenhuma caloria e tomei meia garrafa de powered no pedal, pois fiquei sem uma caramanhola e foi o que consegui apanhar em um posto de hidratação quando senti sede - mas regra é regra e cabe contar tudo como realmente aconteceu.

Finalizada a prova, minha recuperação foi ótima e não perdi mais peso ou massa muscular do que sempre perco nesse tipo de evento.

Só que depois fiquei dando tratos a bola de como nossos parâmetro de nutrição são discutíveis.

Quando vai cair a ficha dos técnicos e dos nutricionistas que a questão fundamental é o manejo do metabolismo no médio e longo prazo? Que uma contabilidade detalhada de reposição de calorias é uma questão secundária? Que o foco não pode ser apenas perder peso visando a relação VO2/Peso?

Quando vamos nos voltar para a chamada "eficiência energética" e estudar como aperfeiçoa-la, abandonando os  hábitos que sustentam uma cultura de suplementação, cara e inócua, cujos únicos efeitos efetivamente comprovados são os baldes do xixi mais caros do mundo, tal a quantidade de nutrientes que nosso corpo, incapaz de aproveitá-los, expele pela urina?

Para Concluir

Um dos motivos pela qual gosto do Brett Sutton é que ele não dá a menor trela para convenções - já disse não acredita em polimento e deixa todo mundo de queixo caído quando põe o pessoal para fazer provas de forte intensidade uma semana antes de uma prova foco.

Ele é um dos caras que põe o pé na porta sem medo de se expor.

Mas o exercício de se expor é uma atividade para a qual não estamos acostumados e inventamos pretextos para que "cada um fica no seu canto".

As vezes, ouve-se a justificativa de que a opção pelo silêncio tem respaldo no receio de ser "massacrado".

Não acho que é bem isso.

Isso é desculpa na qual as pessoas, mesmo sem querer, exageram sobre a sua própria importância.

Não é um pouco estranho que discussões provocativas fiquem a cargo blogueiros, atletas ou outras pessoas curiosas que estão atuando no meio, mas têm outro campo profissional?

No filme "A Vila" uma comunidade vive completamente reclusa em uma floresta, presa por criaturas apavorantes que ninguém ousa desafiar chamadas de "Aquelas de quem não falamos".

No fundo, um lenda criada pelos habitantes mais antigos do vilarejo para internalizar em cada indivíduo as regras que todos devem seguir dentro de uma ordem supostamente desejável.

As vezes tenho a sensação que nos aprisionamos em convenções inquestionáveis, tal como os habitantes dessa Vila, e temos pavor de ir além das paredes intangíveis em que ficamos trancafiados em nome de um conceito nebuloso de "segurança".

Esse conceito reflete o cuidado necessário com a preservação física e mental dos triatletas ou é uma acomodação a-critica, que justifica uma certa má vontade para a busca de novos conhecimentos ou inapetência quando falamos em capacidade de desafio?

De certo, há uma fronteira tênue segurança e falta de ousadia.

E não sei de que lado estamos.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Challenge Family 2014 - Parte I

Ninguém vai discordar que uma prova nos moldes do Challenge Family é mais que bem vinda -  não fosse apenas por um calendário com mais opções,  agregar uma corrida de 5k para mulheres e o Triathlon Kids no dia anterior a prova cai muito bem.

E o arsenal de boas idéias não parava ai: da implementação de uma largada em ondas, passando por um simpósio com palestras interessantes até uma mochila no kit pareciam indicar que a organização iria dar uma repaginada nas provas de longa distância no Brasil.

Só que parece que a organização colocou salto alto no evento principal.

E errou feio.

Uma vez escrevi que as entidades que organizam os eventos no Brasil são pequenas empresas familiares de fundo de quintal e refletem muito a personalidade do dono. Já aquelas que detêm o direito sobre o uso de marcas internacionais, tem uma receita de bolo já testada - é só seguir o manual.

As duas funcionam de forma diferente.

As primeiras, como as organizadas pela Cia de Eventos e a NA Sports, se apóiam no mesmo ritual - você chega no Troféu Brasil, Internacional de Santos, no Long Distance de Caiobá ou Pirassununga e já sabe o que tem que fazer.

Aliás, tem a impressão que já nasceu sabendo.

Nas provas organizadas pela Latin Sports, como o Ironmam ou o 70.3, são as instruções são detalhadas no envelope que todos recebem no balcão de retirada do kit e ali são dadas todas as informações por pessoas inegavelmente bem treinadas. Em qualquer lugar do mundo você vai encontrar a mesma lógica.

É aquele jeitão meio MacDonald´s de organizar provas de triathlon.

Entretanto, essas provas também tem problemas crônicos que frustram as expectativas dos triatletas - preço, vácuo e traçados que não respeitam a distância prevista no regulamento são apenas alguns deles.

A vantagem de quem chega mais tarde na festa é saber de cor e salteado a cartilha dos erros e acertos dos outros.

Só que o Challenge deu uma contribuição de 500 páginas para a primeira parte da cartilha.

Vou tentar me manter afastado das impressões negativas que podem ser resultado de um caso isolado, tal como o fato das camisas no meu kit e de Finisher terem o mesmo número, mas de tamanhos diferentes - erros assim, se isolados, são bastante compreensíveis.

O problema, de fato, foi que a soma de equívocos se deu em torno de questões em que ninguém erra mais, como a distribuição de garrafas descartáveis no pedal ao invés das habituais caramanholas, erros de programação que geraram uma longa fila para entrega da bikes ou a proibição de wetsuit strippers na primeira transição.

Mas nada supera a falta de água nos postos de hidratação tal como se viu - e muito pior que o Ironman de Fortaleza, já que ela não ocorreu de forma isolada.

Sem ter a pretensão de falar sobre os erros todos, exaustivamente mapeados em posts muito bem feitos do Facebook, só vou tentar passar dar uma rasante sobre o assunto.

Se alguém me pedisse para resumir os problemas principais, eu citaria apenas alguns - porque destes derivou todo o resto.

Primeiro, a organização embaralhou os conceitos dos concorrentes e fez um boneco remendado com o pano que sobrou do Dash ano passado.

Tinhamos três sacolas com cores diferentes, tal como o Ironman, mas sem nenhuma indicação do que ia aonde. Descobriu-se depois que não era necessário usar nenhuma, tal como em Pirassununga, pois poderia deixar tudo em uma caixinha - aquela do Internacional de Santos.

Ou seja, ela nos confundiu porque misturou todas as nossas referências.

Outra exemplo foi o revezamento.

Eu sou ranheta com esse negócio: há conceito mais anti-triatlético que revezamento?

Havia duas dinâmicas na prova, que ficaram muito evidentes no pedal.

Não bastassem os próprios triatletas que se acham ciclistas de contra-relógio porque agora estão se vestindo como tal, os ciclistas do revezamento vieram voando pelos lados, por cima, por baixo e até na contramão em uma disputa totalmente insana em meio a cones que não estavam sempre alinhados.

Já outros triatletas, muitos deles iniciantes, tinham dificuldade em apanhar as garrafinhas de água nos postos de hidratação com a mão esquerda.

Isso só não gera mais acidentes porque fica debitado na conta de quem é precavido tomar cuidado para evitar as quedas.

Bem, falando nisso, outro ponto importante diz respeito a coibição do vácuo por meio de duas medidas: largada em ondas e maior rigor nas punições.

A largada em ondas funcionou, mas também não funcionou.

O Santiago Ascenço disse que foi ótimo para os pro e isso é uma marca positiva.

Já entre os amadores, tenho a sensação que não deu certo.

Se no Ironman o tempo de natação seleciona os integrantes dos pelotes, com as largadas em onda parece que acontece a mesma coisa, com a diferença que os agrupamentos são de pessoas da mesma faixa etária.

Não tenho dados para falar sobre a eficiência da fiscalização, já que não vi até agora estatísticas ou a divulgação de nomes de atletas punidos.

Mas fizeram um lambança monumental: os atletas punidos por situação de vácuo tiveram seus tênis retirados da zona de transição e levados para o penalty box.

Ninguém vai aqui defender os vaqueiros, certo? Acho até que, se era para fazer maldade, poderiam fazer direito: dá um nó cego no cadarço e joga em algum fio da rede elétrica.

Só que o problema foi o seguinte:  ninguém avisou a tigrada que ia ser assim.

Dá para imaginar um monte de pitbull tendo chilique e correndo de um lado para outro com bermudas de laicra e sapatilha? ;-)

E, nesse sentido, a gente pode falar sobre de outro grande erro da organização: informação.

O site do evento era um deserto para quem queria se informar e auto (in)explicativo - alguém entendeu porque, no lugar das faixas etárias, colocaram categorias do tipo "30 A", "40A" etc?

O folder não trazia informações básicas, como o horário das largadas dos grupos etários e ainda fornecia orientações erradas. Uma delas dizia que as sacolas deveriam ser deixadas junto com a bike no sábado - e não foi isso que se viu.

O Congresso Técnico foi ruim de lascar.

Embora ninguém queira um Silvio Santos falando, uma certa dinâmica de auditório é desejável para manter o foco de uma platéia ansiosa.

Em um salão com centenas de triatletas confusos por conta de informações contraditórias, a apresentação se orientava por um power point feito para uma sala de dez pessoas.

Acho que nem o Hubble mirando naquela tela ajudava.

Informações desnecessárias, tal como como foi o treinamento dos fiscais até descrição exaustiva da altimetria do pedal com um mapa de GPS chapado deu sono; já a ordem de largada de faixas etárias, sobre a qual não havia informação alguma, era mostrada em letras minúsculas e ilegíveis.

E o texto parecia mal decorado e o palestrante titubeou em vários momentos: ora usava-se "deve-se, ora "pode-se" para uma mesma situação.

Agora, em resumo, como foi o evento então?

Olha, foi show!

Antes de achar que está lendo o texto de um sujeito que sofre de transtornos mentais, me dá uma chance para me explicar o "foi show".

Primeiro, porque o Challenge Women e o Triathlon Kids não podem passar em branco.

Agradar as pessoas que nos acompanham nesses eventos longos é uma experiência de retribuição que, como tal, nos agrega uma alegria incomum.

Olhe as fotos das pessoas e você vai entender.

Segundo, precisa ser muito craque para estragar uma prova de triathlon em Jurerê.

Nem a diretoria do Vasco e do Palmeiras, juntas e combinadas com a CBF, conseguiriam esse feito.

Como colocou o Rafael Pina no relato dele, a muvuca com todo aquele pessoal assistindo e o fato de participar de uma prova entre amigos traz sentimentos gratificantes impossíveis de serem colocados no papel.

Isso traz um ensinamento que toda entidade que se presta a organizar uma prova de triathlon já deveria saber: triatleta adora mimos e firulas, mas essencial mesmo continua sendo o básico.

Não é difícil.

Põe dois chinelos no gol, marca a área no chão e dá uma bola pra jogar....

O resto deixa com a gente.