domingo, 27 de março de 2011

Ou tudo ou nada...

Essa semana, mudança de planilha.

Como comentou o Kiko no videoblog dele, duas coisas mudam um pouco nessa nova fase de preparação para o Iron: um pouco mais de volume e alguns treinos passam da intensidade "máxima" para a intensidade"forte".

Outra inovação interessante foram os treinos com uma fita nos pés durante a natação, na sexta-feira. Um treino de 10 x 300 metros com pulbóia e palmar. Foi estranho no inicio, senti maior necessidade de usar o core para sustentar os pés mais próximos da superfície da água. Entretanto, logo depois me senti a vontade e nadei sem sentir esforço muito diferenciado, como se o corpo encontra-se por si mesmo um ponto de estabilização.

E foi uma semana de trabalho duro. Treinei durante todos os dias, sendo segunda, quarta e sexta-feira durante dois períodos.

Os melhores dias foram, sem dúvida, o treino de pedal no rolo na terça e a corrida na quarta-feira. No treino de rolo, depois de uma aquecimento de 25 minutos, 3 x 15 minutos, sendo estes divididos entre 5 moderados, 5 moderado/fortes e 5 fortes - essa é a parte central do treino.

Depois que encontrei a cadência correta, a distribuição do esforço foi perfeita para achar um ponto de equilibrio entre força e resistência necessária para fazer o treino. Sai com a sensação de que não tinha feito um esforço cardiovascular descomunal, mas que tinha conseguido deixar minhas pernas mais fortes.

Logo na quarta-feira pela manhã, fiz o longo de 1:45 - 45 fácil, 45 moderado, 5 forte e 10 fáceis. Me senti tão bem, sobretudo correndo de forma moderada, que puxei um pouco mais do que devia.

O resultado é me senti cansado até sexta-feira.

Mas creio ter feito o exercício corretamente. Lembro de um texto do Gordo Byrn em que ele diz que sentir-se cansado dois ou três dias depois do treino é uma coisa normal - aliás, se você não se sentir assim, quer dizer que seria possível acrescentar algo a mais ao seu esforço.

Na quinta-feira voltei para os treinos de rolo, que achei sensacional. Você faz um aquecimento de 20 minutos leves, depois faz um cinco séries de esforço bem distribuidos, algo do tipo 1 minuto moderado/forte, 1 de descanso; 45 forte e 1:45 leve; e 30 máximo e 1:30 fácil.

Esse esforço deixa suas pernas fortes, mas não força seu sistema cardiovascular. A sensação é ótima - só não é mamão com açúcar total porque depois são 30 minutos forte no Big Gear com cadência entre 50 e 60 rpms.

E, aqui, a concentração é realmente fundamental porque o esforço é grande, tanto físico como mental - sim, porque o rolo no pedal a força é maior e constante, sendo que não há muitos elementos de distração que permitem que os minutos passem e você não perceba.

Sai do pedal lavado e fiquei com vontade abortar o treino de sexta-feira pela manhã. Eu estava cansado, dormi mal...

Mas tratava-se de um hora de corrida fácil, com 10 x 30 segundos fortes distribuidos aleatóriamente.

E eu odeio perder treinos fáceis. Porque se me mato para fazer coisas difíceis, não posso perder a oportunidade de fazer exercícios mais leves. Mas não me senti tão bem.

A noite de sexta-feira, na natação com as tiras no pé, foi tranquilo como já comentei.

Mas duro mesmo foi o final de semana, que não consegui treinar.

Sábado, o Rodrigo preparou um treino que transição que dá água na boca. Trinta minutos de natação, uma hora de pedal no Big Gear e 30 minutos de corrida ritmo de prova 70.3. Já domingo, seria um treino longo de 4:30 de bike dinâmico: 1:00 fácil, 1:30 moderado, 1:30 moderado/forte, 30 minutos fortes no Bir Gear. Para terminar, uma corrida de 30 minutos.

Bom, mas na sexta-feira eu tinha decidido não fazer o treino sábado para resolver os problemas do dia-a-dia que me liberariam de vez até Caiobá. Mas, domingo, eu estaria forte e firme treinando no Riacho, porque o sol já estava garantido por uma massa de ar quente que está sobre São Paulo.

Além disso, estava louco para testar o capacete Aero que comprei e que acabara de chegar.

Mas uma gripe e uma infecção na garganta que começaram a me incomodar no sábado vieram com tudo no domingo. Levantei de madrugada, mas com a garganta queimando.

Se eu me medicasse, seria possível pedalar. Não sei em que condições.

O problema é que, se me decidisse a fazer o treino, certamente eu iria até o fim, independentemente das minha condições. É quase uma compulsão não deixar um metro ou um segundo para trás.

Por outro lado, poderia não treinar. Mas dois dias parado para indíviduos ultradisciplinados é quase como crise de abstinência.

Então, o dilema - ou treino, e me arrisco a piorar, ou não treino e fico consternado o final de semana todo.

Pois é, esse é o problema das pessoas "ou tudo ou nada".

Mas pensei na semana de treinos que fiz. Pensei ainda que, apesar dos treinos longos serem importantes, há uma certa revisão de conceitos que associam bons desempenhos na provas de endurance a simples quantidade de quilômetros rodados nos chamados longões.

Ao que parece, os treinos de intensidade, mesmo que mais curtos, são tão ou mais importantes que os longos de final de semana.

E, se for assim, pensei que seria melhor não arriscar os outros dias da semana por um treino sofrido no domingo que viesse a atrasar ainda mais minha recuperação.

Por isso, achei melhor encarar a abstinência do que colocar em risco os treinos que começam na segunda-feira.

terça-feira, 15 de março de 2011

Um minuto...

Um dos objetivos da atual periodização dos meus treinos é o desenvolvimento da velocidade.

Apesar de ter trabalhado esse aspecto em anos anteriores, o contexto sempre fora as provas longas - 70.3 ou o Iron.

Já vão anos que eu não faço provas com distância de sprint.

E, realmente, foi uma opção. Em primeiro lugar, são pouquissimos os atletas (age group ou não) para os quais a distância é um tanto indiferente e são capazes de conseguir ótimos resultados em provas curtas e longas.

E eu não sou esse tipo. Como não canso de repetir, provas assim são para aqueles capazes de tolerar uma dor intensa em uma proporção que não me imagino fazendo.

Aliás, minha rejeição pelas provas é tão grande que tenho a tendência de achar que o circuíto ITU de triathlon Olimpico chega a ser um esporte diferente. Não acompanho, não sei quem é quem e muito menos gosto de ler sobre o assunto.

Aliás, interessante que a Triathete Magazine dê um espaço muito modesto para discussões técnicas sobre modalidade mais curtas. Uma vez, acho que o MPR na ESPN, comentou que nos EUA o triathlon é identificado muito mais com o Iron do que pelas prova olimpicas.

Quando o Rodrigo comentou que eu deveria começar a fazer provas mais rápidas, lá no intimo fiquei com medo de ficar desanimado. Eu sempre tenho algo dentro de mim que diz que, quando eu estaciono em determinada modalidade, o melhor a fazer é aumentar a distância.

Meus melhores resultados nos sprints do TB foram na casa dos 1:16. E eu não me via capaz de reduzir esse tempo.

Depois, quando passei para o Olimpico, meus tempos começaram a ficar entre 2:32 e 2:35. E a sensação era a mesma: eu tinha estacionado e a questão era seguir em frente, tentando outro tipo de superação - que no caso seriam percursos com distâncias maiores.

Bom, mas eu já tinha lido um texto do Vinicius indicando a necessidade dos triatletas de longa distância se voltarem para provas mais curtas - além de desenvolverem a velocidade, é extremamente importante para sairmos de uma certa "zona de conforto".

Quando passei a trabalhar com Rodrigo, ele reavaliou minha periodização e inovou, incorporando os simulados aos sábados e que tenho narrado aqui toda semana. Nos outros dias de treinos, ele também dá enfase a velocidade, sobretudo na natação e no pedal.

Meu primeiro sprint no Riacho foi 1:18. Um resultado bom, considerando que não faço polimentos e não fazia treino ou prova assim a pelo menos três anos.

Além disso, as distâncias não são exatamente as mesmas: o percurso da natação tem algo em torno entre 850 e 900 metros e eu faço 21 km no pedal. Fora o quê, a altimetria não é plana, como em Santos.

No meu segundo simulado, mesmo cansado, consegui diminuir esse tempo para 1:15, tirando praticamente um minuto em cada modalidade.

Fui para o Internaciona de Santos e outro bom resultado: 2:27. Meu melhor tempo em um olimpico.

Depois de duas semanas, consegui fazer um simulado "limpo" (no carnaval, não contei o tempo porque me perdi no meio da represa e, óh, miou tudo...).

Nesse último sábado, consegui 1:12 no simulado. Um enorme avanço na natação e mais garra na corrida.

Estou realmente nadando melhor e fiz os 750 (ou 900, sei lá) em 13:24, quando estava fazendo acima de 15 minutos. Mas eu já tinha sentido uma melhora nos treinos. Na sexta-feira, ao fazer os tiros de 50 metros, o treinador que fica na piscina veio conversar comigo porque tinha notado que, naquele treino especificamente, eu estava mais rápido.

Bacana!

Claro que a planilha é 90% responsável por essa melhora, mas tem um dado importante - depois de anos nadando com palmares grandes, agora estou trabalhando com alguns bem pequenos. Estou conseguindo maior velocidade de braçadas sem perder o deslize na água que tinha antes.

Na corrida, fui ajudado por um pacer involuntário de um corredor que estava lá no Riacho e fiz para 24 (estava fazendo 25).

Apesar de ter dado tudo na bike, repeti o desempenho das outras semanas e fechei em 35 e uns quebradinhos. Fiz muita força nas subidas, mesmo girando mais, e gemi como um condenado! Só que não consegui aquele "um minutinho" para melhorar também no pedal.

Acho muito interessante o impacto desses treinos no meu condicionamento físico, mas sobretudo mental.

Como tenho insistido, dividir os treinos tem facilitado encarar a maior intensidade que cada pedacinho exige. As vezes, meu objetivo é me concentrar exclusivamente em pedalar forte por 2 minutos, sem pensar se o treino está no inicio, no meio ou no final.

Quando faço o simulado, me concentro em tentar arrancar um minuto de cada modalidade.

Apenas e tão somente um minuto!

E já fico feliz da vida se ganho se consigo um 60 segundos em uma modalide sem prejuizo das outras.

E, nessa fase do ano, quando tudo mundo fala em terminar o Iron abaixo ou acima das 10 ou 11 horas, meu único foco no momento é "tirar segundos" em uma disputa acirrada que tenho contra um percurso duro.

Quando falam que faltam x dias para a largada em Florianópolis, bom...que dia vai ser a prova mesmo? ;-))

domingo, 6 de março de 2011

Treino é Treino, Jogo é jogo...Mas será?

Essa semana de treino foi bem mais difícil que a semana anterior.

Na quarta-feira, quebrei.

Nada diferente em relação a carga de treinamento, ao nível de esforço ou problemas trabalho.

Logo na segunda-feira, não me senti bem fazendo os tiros de 100 metros. Terça, fiz um trabalho de rolo voltado para velocidade a noite. Na quarta-feira, pela manhã, fiz um longuinho de 1:30.

Mas a noite, não consegui ir nadar. Fiquei extenuado, desanimado e culpando a chuva pelo fato de ter que ficar em casa. No outro dia, mal consegui sair para ir ao trabalho.

E, nessa situação, por uma condição psicológica estranha, fico mais propenso a comer porcaria. Parece que a sensação de energia baixa pode ser compensada com comida pesada.

Obviamente, isso não resolve nada. Aliás, só piora...

Claro, cansaço natural ou mesmo alimentação inadequada- minha suspeita é que tenho deixado os carboidratos um pouco de lado.

Mas na quinta-feira, mesmo não me sentindo 100%, fiz o treino no rolo. Um pouco de intensidade e, depois, força.

Terminei o treino totalmente refeito. Fiz uma corrida leve na sexta-feira pela manhã e nadei bem a noite. Domingo, com receio da chuva e com a possibilidade concreta de ficar com a bike sem condições de uso no feriado, preferi fazer as três horas de treino no rolo e arriscar o sprint no domingo.

Deu certo. Quer dizer, médio.

Na natação, me perdi na Billings - me orientei pelas bóias, mas cometi um erro comum entre as pessoas que nadam lá e fui parar no meio da represa. Até me localizar....

O que seria um treino de 15 minutos em 900 metros virou 54 e sei lá quanto metros a mais. Fui para a bike meio cansado do esforço do rolo do dia anterior, mas fiquei perto do tempo da semana passada. Fiz uma boa corrida para os padrões do Riacho, onde há muitas subidas fortes e fechei para 24 minutos. O total, fico devendo...

Tudo no lugar novamente.

Mas quando essas quebras ocorrem, fico pensando como o encaixe de certa rotina de treinos pode ser mais desafiadora que as provas. Para aqueles que fazem o Iron, isso já é um tanto óbvio - o período de treino é um desafio tão grande ou maior que a prova em si.

Quando mais penso no assunto, mais tenho a convicção de que vencer um período de treinos continuo e/ou atividades desafiantes, implica que o jogo tem que ser jogado todo dia, não depois.

"Treino é treino, jogo é jogo" é algo muito propalado no futebol. Normalmente, se refere a certos jogadores fora de série que podem se dar ao luxo treinarem pouco, mas serem decisivos nas partidas marcando gols. Foi criada os jogadores do Brasil quando, antes da Copa de 1958, o técnico Feola barrou alguns jogadores no time principal em função do pouco esforço nos treinos. Dizem que Didi teoria dito a tal frase, que virou senso comum.

Mas, se pode ser verdade no futebol (e eu disse "se"), no triathlon isso não existe...