quarta-feira, 13 de julho de 2011

A fase "oca"...

Uma das coisas que me prendem no triathlon e me induzem a escrever um Blog são algumas reflexões pessoais ou discussões que rolam aqui e ali com os amigos...

Mas nem sempre foi assim. No inicio, muito da falação aqui tinha como objetivo descrever os treinos e, ocasionalmente, falar sobre as provas.

Na verdade, tratava-se de um report público para o coach. Eu escrevia "para todos", mas no fundo havia alguém como interlocutor.

Eu ainda colocava algumas fotos, frase de motivação, umas gracinhas, isso, aquilo...

Ter esse tipo de relato também é ótimo quando você quer recuperar um pouco da sua história.

Na época dos treinos mais intensos do Iron, por exemplo, gosto de retornar no tempo para ter uma perspectiva comparada das coisas e dai uma noção mais realista de todo processo de evolução de um ano para outro.

Só que cansei um pouco desse modelo.

Porque treinos viram rotina. Como os incrementos de desempenho semana a semana são pequenos, os relatos são variáveis de um mesmo tema com tamanha monotonia que....bom, as vezes me pergunto "quem se interessa por isso?"

Depois de abandonar os aparelhos que medem frequência cardiaca, calorias queimadas, dados sobre altimetria, pace etc etc etc. venho me questionando agora sobre a necessidade contar cada metro na piscina, quanto tempo eu pedalo no rolo ou estrada ou quantos quilômetros fiz no final de semana.

Não tenho e não sinto falta de dados. Parece que estou me desligando desse mundo de vez. Meu Ironapp do Facebook agora é apenas um calendário de provas.

Não tenho idéia de nada. Apenas conta como me sinto nesses treinos.

O Rodrigo uma vez me escreveu um e-mail em que ele dizia que há coisas que "tiram sua energia".

E, meu Deus, como é longa a lista de coisas que contribuem para me deixar esgotado!!!

Como trabalho com estatísticas econômicas e sociais, o triathlon ao invés de ser um espaço de liberdade, ao ser tão "contadinho" nos seus detalhes acaba se transformando no prolongamento da minha vida profissional.

E não quero isso...

Então, fica a questão: se eu meus objetivos mudaram e não estou medindo mais nada, por quê continuar escrevendo?

Isso também não me tira a energia? Sim, sem dúvida.

Mas tem outra coisa, acho que mais importante.

Será que temos algo realmente relevante para contarmos aos outros quando abrimos um Blog sobre Triathlon?

E de um ponto de vista mais geral? Nos fóruns, grupos de discussão, revistas eletrônicas...enfim, será que estamos contribuindo para alguma coisa?

Na Internet há informação demais, muitas coisas escritas que, paradoxalmente, pouco dizem.

Não porque falte inteligência ou capacidade de escrever para quem resolva expor suas idéias (ou comentar a dos outros).

Pelo contrário, a frustação ocorre porque a gente quer saber mais.

Quer um exemplo? Pegue uma Revista de triathlon pós-iron.

Normalmente, as matérias abordam como alguns atletas superaram dificuldades (físicas, econômicas e sociais) ou a maneira como conseguiram bons resultados quando "chegam lá".

O que se lê? Fala-se muito em "superação".

E como se deu essa superação? Muita vontade, determinação, treino e foco.

E como as pessoas conseguiram "muita vontade, determinação, treino e foco"?

Hummmmm. Continua na dúvida? Eu também.

Não sai disso.

Acho que todo mundo quer saber o seguinte: que treinos são esses? Como as pessoas superam o limiar da dor quase insuportável que lhes permite ter uma pequena ou uma grande margem de desempenho? Como conseguem lidar com a disciplina mental treinos longos? Qual a motivação os leva a sair para correr no final da madrugada em meio ao frio ou ao meio-dia no calor extremo? Como lidam com o medo ou os resultados frustantes? Qual o método de treinamento que lhes garante bons resultados e sem contusões? Como cuidam da alimentação? Do pouco tempo para treinar e ainda assim ainda são atletas extraordinários, como fazem?
Como é que essas meninas tão leves, sem musculatura aparente, conseguem ser brutalmente fortes e competitivas?

Claro que há exceções. O relato do Topan sobre treinos de natação no Mundo Tri é um exemplo e parece uma leitura promissora. Quando falamos de Blogs, o do Max e do Ciro são outros que gosto de citar como fontes de opinião e informação.

Dito isso, pensei em escrever um pouco sobre algumas coisas que leio e que podem ser úteis, mas tudo por meio de uma perspectiva mais critica. Sem a pretensão de ser exaustivo gostaria falar sobre Revistas, Blogs, Fóruns que podem ser úteis.

Ai, quem sabe, posso achar um pouco um caminho para esse Blog, uma maneira de falar de alguma coisa que possa ser útil ou de algun interesse para as pessoas.

Vou confessar: tô numa entressafra meio "oca".


terça-feira, 5 de julho de 2011

De volta aos treinos e novos planos

Todo mundo sabe que depois de um Iron, a volta aos treinos demora um pouco.


Bom, pelo menos para os que voltam...;-)


O que nem todo mundo sabe é que voltar a escrever no blog pode demorar ainda mais...

Na semana seguinte ao Iron, o Rodrigo pediu que a gente entrasse em regime de ETT – “Evite Totalmente o Triathlon” . A idéia era evitar ao máximo o assuntos ligados ao triathlon a fim de evitar algo que os vem sendo chamado de “burnout”, que podemos explicar como um desgaste físico e mental intenso com impactos no sistema nervoso e que pode gerar distúrbios psíquicos.

Eu fiquei com vontade de comentar com ele que, para quem trabalha com análise econômica e coordena uma área responsável pelo cálculos do PIB do Estado de São Paulo, burnout é quase um estilo de vida. ;-))))


Mas, claro, entendi o que ele queria dizer. Depois de semanas treinando com foco nas provas, era necessário se desligar um pouco do assunto que gerou tanta expectativa e dar atenção a outras coisas da vida.


Aproveitei para fazer um pouco de musculação na academia, comer broa portuguesa sem culpa sempre que passava pela padaria, acordar mais tarde e saborear o fato de que não precisava levantar cedo e passar seis horas pedalando no Riacho aos domingos.


E, olha, até cortei o cabelo....:-)


Só que não pude evitar o assunto triathlon totalmente. Eu tinha que planejar rapidamente o que faria no próximo ano. Deixa eu explicar.


Umas das coisas que comentei com o Rodrigo é que não gostaria de fazer o Iron novamente em Florianópolis em 2012. Inicialmente, achei meu resultado lá tão bom em 2011 que fiquei com receio de voltar ano que vem e não conseguir um avanço como o que tinha acabado de experimentar.


Digo “inicialmente” porque depois que fiquei a par dos resultados mais detalhados e me pus a pensar na prova com maior clareza, haveria espaço para reduzir esse tempo com pequenos incrementos na alimentação, uma natação mais rápida e mudanças de estratégia - afinal, fazer a T2 em oito minutos é um tanto demais, não é?


Quem sabe seria possível cruzar o pórtico a luz do dia?


Só que tudo bem. Até aquele momento resolvi não que não faria a inscrição e não fiz.


As vezes é você tomar uma decisão e ir em frente do que ficar vacilando, angustiado porque não consegue fazer escolhas...


O Rodrigo sugeriu então algumas possibilidades de IM para ano que vem, com preferencia para aqueles que fossem realizados em meados do ano, mais ou menos na mesma época que a prova é realizada no Brasil. A razão é que poderíamos continuar com o calendário com que estou acostumado.


Sugeriu então a África do Sul, Arizona, Texas ou St. George, com preferência para a primeira.

Mas, tal como no Brasil, os IMs ao serem realizados em 2011 abrem inscrições e essas rapidamente se esgotam em questão de horas. O IM da África do Sul 2012 já estava sold out quando fui fazer a inscrição.


Entre St. George e Texas....bem, depois de ver os relatos da Luiza Tobar sobre a prova, não pensei duas vezes e optei pelo Texas.


Tomei algumas informações sobre a prova, conferi os tempos e vi alguns vídeos. Tirando o vento, acho que a prova não apresenta dificuldades adicionais . Você dá apenas uma volta de 180 km e na natação, por exemplo, a grande maioria dos nadadores não usa wetsuit – como não gosto de água fria, achei esse ponto pra lá de positivo.


Outra decisão importante foi a escolha do Rodrigo em fazer duas provas de 70.3 esse ano. Escolhemos Penha e Miami.


Ou seja, esse ano, não vou para Pirassununga para, no dia seguinte, escrever “que fiz a prova mais difícil da minha vida” como faço sempre.


Esse ano, não!


E essa escolha me deixou feliz, porque tem uma turma bacana indo para Penha e outra, para Miami. Como considero esse um critério importante, vou confessar que estava muito dividido.

Penha já conheço. Não é uma prova que me deixa feliz.


Tudo bem que a organização é ótima, mas o Brasil merecia um 70.3 em um lugar mais bonito.


E aquele circuito de bike travado é um tédio danado.


Mas, por outro lado, vale lembrar que tenho as melhores lembranças das pessoas que encontrei por nessa prova e as amizades novas que fiz por lá ano passado.


Já Miami é novidade, mas estou contando com a ajuda da Deise para me auxiliar e está tudo saindo muito bem.


Em relação aos treinos, o Rodrigo voltou a trabalhar com treinos de maior intensidade, voltados para o ganho de velocidade. Também vamos fazer algumas provas de Triathlon Olimpico como parte desse treinamento.


E eu, que achava melhor fazer exame de toque ou tomar chá de boldo que topar com treinos desse tipo, vou ser sincero: está sendo ótimo.


Tirando aquele período de adaptação muita chato quando se inicia a retomada dos treinos, estou conseguindo cumprir a planilha a risca e me sentindo fisicamente bem.


E, vale notar, nem bem se passaram 30 dias do IM em Florianópolis.


(E, vale notar também, tá um frio de lascar!)


Mas isso é relativamente fácil de explicar – boa parte dos treinos é curta.


E eu não penso. Pego a planilha e sigo em frente. Se for parar para pensar...chiiiiii!


Porque como minha recuperação física é rápida, mas minha disposição mental nem tanto, consigo engrenar a rotina dos treinos de forma bem disciplinada sem ficar antecipando o sofrimento.

A única coisa que não consegui ainda foi voltar de vez a treinar no Riacho. Fiz dois treinos de três horas aos domingos no rolo.


Por quê? Porque me tira energia pensar que tenho que dirigir tanto para ir e voltar de lá, além de perder a oportunidade de aproveitar o máximo possível parte do dia na casa dos meus pais, lendo jornal ou brincando com a minha sobrinha que está para fazer dois anos...


Tudo bem que as vezes brincar com a sobrinha pode ser mais desgastante que ficar no rolo seis horas de frente para parede.


Principalmente quando sua irmã te sacaneia e, com um sorrizinho, pede para tua sobrinha, por acaso filha dela, "pegar o livro do Tarzan para o titiiiiioooooo ler para ela" e depois dá no pé te deixando sozinho!


Que Iron que nada!!!!


Vai ler a história 4.576.4645.987 vezes, dando nome para cada personagem, e depois me conta se você tem coragem de dizer que sofreu em Florianópolis!!!!


Isso sim é "Burnout"....


Minha única vingança é mostrar para ela uma lesma azul e dizer "Mamãe".


Ela aponta para a figura, olha pra mim e diz "Mamãe??????"


"É, mamãe....mããã-mãããã-êêêê..."


Quando a mãe dela volta, olha para mim e dá outra risadinha...


E ai "o titiooooo tá lendo o livro pra Sofia, hein meu amor?"


Mal sabe ela...;-))))