domingo, 1 de junho de 2008

Maratona Internacional de São Paulo: Deus e a Toca dos Tubarões


Bom, vou aproveitar e fazer uma descrição da Maratona aproveitando uma deixa do Vinícius, que lá da Àsia me perguntou sobre o resultado. Parece que ele já sabia...

O E-mail dele

Grande Vagner, estou curioso para saber de suas experiências durante a maratona, conversou com deus nos últimos 10km?rs Tenho certeza que vai ter te ensinado bastante coisa. Vinícius
A resposta


Pô Vinícius, assim você me assusta!

Acabei de chegar depois do papo com Deus e tava louco para te contar que ele ficou me esperando bem onde você disse que ele iria aparecer!!!

E apareceu mesmo! Nossa senhora santo cristinho!!

Olha, sei lá Vinícius. A sensação física, emocional não bate com o desempenho na prova. Então vou tentar explicar, mas tem um número que eu nunca mais vou esquecer: o número 11!!!!!

Em relação a logística, não fiz besteira. O tênis, o calção, a camiseta...tava tudo certo.

O dia estava frio, muito frio e garou em boa parte da prova. Eu fiquei batendo os dentes antes da largada. Mas não usei aquele modelinho da Adidas que você me zoou e, de fato, aquela calça leg é ridícula mesmo. Mas tinha monte de gente com ela...achei aquilo um erro, porque a medida que esquenta...putz.

Sobre a prova. Bem, o começo é uma zona porque os paraquedistas (que você adora -rs)estavam tendo ataques epiléticos para aparecer na televisão. Putz, nego cruzando a tua frente, pisando no teu pé, dando cotovelada, parando na tua frente para olhar para a câmera...enfim, demorei para poder me concentrar.

Mas fui na velocidade de cruzeiro, cerca de 11Km/hora até o 13Km. E, depois, sei lá porque, eu aqueci e veio um energia que me impressionou...ai, acelerei, sentia a perna boa...enfim, foi assim até na chegada na USP, completando 21 km.

Sabe a minha velocidade nesse trecho, qual foi? 11,7 Km/hora!

"Ora raios", como fala o meu pai. Não chegou nem a 12 km/hora meu!!!!!

Bem, eu tava fazendo a metade do percurso em 1:52 minutos e, como antes tinha feito em 1:40, percebi que não estava fazendo nenhuma loucura em termos de ritmo - eu me sentia passeando, mas correndo bem.

Entramos na USP e eu lá dentro alcançariamos a famosa barreira dos 30 Km!!!! Tchan, tchan, tchaaaaaaaan....

Velho, nem ví essa porra de barreira!!!!!

E sabe qual foi a minha média lá dentro? Advinha?

Ali por volta de 11,5 km/hora!!!!!

Eu tinha para mim mesmo que, quando chegasse aos 32 km, ia dar meter bronca. Encontrei o Alexandre, meu antigo coach e ele me deu uma força e eu me empolguei e sai da USP aceleradissimo! Sabe quanto, sabe?

Isso mesmo! 11,7 km/hora, !!!!

Eu estava com todos os sistema cardiovascular e muscular, se bem que com um dor aguda no braço que me fazia ter que massagea-lo constantemente. Parecia faca gelada entrando (depois, no final da prova, eu não conseguia tirar a camisa tal a dor...).

Cara, mas ai entrei no Túnel Jânio Quadros - marque esse nome meu caro, porque lá é que mora o perigo!

Velho, o começo é uma descida e fui muito bem. Mas, puta merda, quando começou a subida dentro do túnel, tudo degringolou! Eu me lembro exatamente no momento. Foi aí que todos os tubarões (tubarão meio manadraque, mas tubarão...) me passaram e virei presa...

Deus estava sentado dentro do Túnel e lembro de ter falado para ele: Misericordioso, isso não é justo! Ele, entendiado respondeu com a voz do Galvão Bueno: MEU FILHO, A VIDA É ASSIM!

Bom, ai minha velocidade caiu, para cerca de 8, 9 Km/hora e fui, ai sim, no ritmo do longões - passo bem curto. E muita gente me passou, tubarões, bagrinhos e taínhas...

Pensei, quando sair dessa Toca, vou retomar. Mas quando eu saí, estava com dores no abdomen e travado, travado, travado...não conseguia acelerar e parecia que estava trotando...mas, vendo agora, estava a pouco menos de 10 km/hora. Tava ruim, tava! Muita gente me passando, inclusiva - mas, convenhamos, eu não estava andando...(aliás, não andei um segundo sequer...)

Cara, o final foi um suplício! Ai eu usei a experiência dos longões, correndo destruído, mas sem dar mole para pensamentos tipo vou dar uma paradinha (aliá, é uma judiação o que você vê depois do Túnel: um monte de nêgo parando, com cãimbras ou andando...parece que os tubarões lá dentro arracaram as pernas da moçada).

Agora, se você me perguntar, porque eu quebrei, não sei. Não foi falta de energia (isso aconteceu no internacional de Santos), não forcei o sistema cardiovascular, enfim...

Mas parecia algo do ponto de vista muscular, mas não um dor, cãimbras ou coisa do gênero. Pareque que bateu no limite do hardware. Terminei a prova até que bem, mas porque não consegui aumentar a velocidade nos últimos 2 KMs.

O ponto ruim é que fui melhor na primeira parte que na segunda (vou confirmar isso depois, mas tenho quase certeza). Mas o meu tempo nos últimos 10 Km estragaram toda a prova e fiz em 3:53, quando poderia ter feito bem abaixo desse tempo...

Bom, parece que é o Túnel Jânio Quadros que Deus cria seus tubarões...

Abração

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