terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Papo de Besteira

Não faz muito tempo, me vi enroscado em uma discussão sobre um texto que fiz e que algumas pessoas reconheceram na escrita de outra pessoa.

A principio, reagi mal. Eu tenho uma verve portuguesa daquelas, mas sempre que me vejo em arranca rabos o momento seguinte é de arrependimento.

Não pela pessoa, que realmente fazia por merecer as tamancadas.

Mas quem está no entorno, não. Lavar roupa suja em público é agressivo e ofende quem não gosta de bate-boca. Em fóruns de amigos, aprendi que quebra-pau é um constrangimento desnecessário.

Adotei uma atitude mais civilizada e escrevi uma reclamação para o site que hospeda os textos. A primeira resposta foi burocrática, típica das empresas que falam em atendimento preferencial e colocam um telemarketing na frente para dizer a falha não é dela, mas da terceirizada.

Insisti um pouco mais. O editor foi mais atencioso e disse acreditar tratar-se de uma coincidência - portanto, parentenses, implicitamente ele reconhecia a similaridade - fecha parênteses.

Além do que não seria possível provar nada, já que a própria autora negara tudo.

Coisa assim, "vamos acreditar que se trata de uma confusão".

De fato, não é uma questão simples. A cópia não é "corte e cola".

O que essa gente faz é pegar as referências do texto, montar um arranjo diferente e depois colocar uma conclusão.

Mas como os textos guardam o DNA dos autores, quando alguém lê segue-se aquela dúvida: "Onde foi que eu já li isso mesmo?".

Trata-se de uma luta perdida, pois é dificílimo comprovar algo no momento em que tudo na Internet é público e suscetível a interpretações.

Bem, percebendo um atitude mais sincera do editor, resolvi dar um voto de confiança e acreditei que a coisa não se repetiria.

Mas se repetiu.

Pedi um opinião sobre a descrição que fiz do 70.3 de Vegas, especificamente a segunda parte, e o texto da "blogueira" que comenta porque os triatletas fogem de provas dificeis.

De cinco, apenas um disse que a cópia seria questionável.

Escrevi novamente para o editor.

E a resposta, nenhuma.

Até certo tempo atrás, blogs eram manifestações espontâneas de pessoas que apenas queriam fazer relatos despretenciosos com cara de diário sobre treinos e provas ou eram movidos pela compulsão em escrever sobre o que lhes desse na telha.

Posteriormente, alguns atletas tentaram fazer seus blogs como forma de comunicação e espaço para marcas de apoio - poucos deram certo e, com o aparecimento das "Fan Pages" do Facebook, a coisa foi por outro caminho.

Mais recentemente, apareceu uma categoria nova no pedaço, a dos "blogueiros profissionais".

Há coisas bacanas e coisas não tão bacanas.

Enquanto alguns tem seu público por uma questão de carisma, identidade e uma mensagem consistente, outros são selfies que vêem as redes como uma vitrine comercial para aproveitar as oportunidades que estão ai.

Entretanto, como não tem experiência ou conteúdo, abusam de textos copiados ou se apóiam em uma pauta superficial que lembra bastante os programas domésticos de aconselhamento feminino, com posts que têm a profundidade de um pires: "você faz triathlon e seu namorado não te apóia?" ou "você se sente mal trocando a balada por treinos?".

Infelizmente, qualquer coisa hoje tem leitores na Internet.

As vezes alguém diz:

"Hoje treinei com o cabelo molhado"

334.456.456 curtidas.

"Tenho uma familia linda, todos me apóiam e só tenho a agradecer".

345.456.455.346.495.450.765.941 curtidas

"Ele é lindo, me compreende e está sempre ao meu lado nos momentos mais difíceis" ( acompanha foto do cachorro)

10 983.454.546.657.578.094.645.238.623.089.303.856.453.456.054.592.323

Como essa audiência esses selfies oferecerem a sua rede de contatos como moeda de troca para angariar "apoios" de lojas e marcas.

Depois entopem o Facebook e o Instagram com fotos que lembram os quadros de Picasso, nas quais posam como modelos ao lado de potes de suplementos e marcas de roupa.

Alguns sites que têm patrocinios de lojas on line aproveitam a onda e dão espaço esse tipo de blogueiro como uma forma de obter conteúdo gratuíto.

O resultado dessa associação de interesses é que, a cada click no texto, como mágica aparecem suplementos no armário de um e reais no bolso do outro.

Dentro do "modelo de negócio", nada ai é ilegítimo.

Agora, alguém me perguntou se eu quero contribuir com a terceirizada?

Não tenho e nunca pedi "apoio" a ninguém. Não compartilho marcas de suplementos, você não me vê comentando sobre material esportivo, não faço propaganda da minha assessoria, não falo sobre lojas e não quero necas de desconto em oficina para ter a obrigação de falar de alguma.

Não recebo brindes, amostras grátis ou uniforme de confecções. Mesmo escrevendo no site do MundoTri, compro a Revista como qualquer outro outro.

Sabe por quê? Porque sou um amador sem nada de especial e acho piada montar um currículo de resultados sem resultado nenhum.

Se falarmos em "formador de opinião", ai a coisa é pior ainda, já que sou um fracasso até para convencer a minha sobrinha que ela tem que estudar inglês.

O Blog é apenas um passatempo para noites de insônia ou uma linha de diálogo com os participantes do maior grupo de amigos do triathlon brasileiro, o Três Meios.

A exceção do Edú, todos os outros são imaginários.... ;-)

Portanto, não é um campeão do Ibope, mas tem alguns leitores cativos (minha mãe lê sempre, eu acho) e desde de cedo decidi que não montaria um bazar de amigos para vender tapawer.

Se estamos entrando no mundo das "webcelebridades" em que pessoas que escrevem na internet têm mais benefícios que atletas (amadores ou profissionais) com uma lista de serviços prestados pra mostrar, então alguma coisa está errada.

Muito errada.

23 comentários:

Marlus disse...

Eu leio....

Max disse...

eu também.

E Bessa, lhe resta o consolo (grande) de ser o original e não a cópia.

3 ATHLON NA VEIA disse...

Vagner,
Ótimo raciocínio sobre o mundo virtual.
Já pensei várias vezes em escrever sobre um monte de coisas que me incomodam nessa esfera mas sempre me recolho achando que talvez eu esteja muito ranzinza.
Também acabo me recolhendo partindo do princípio que não sou obrigado a ver o que postam, logo porque criticá-los ?
Agora quando o assunto é "plagiar" textos ou mesmo idéias...ah, aí o bicho tem que pegar mesmo.

Unknown disse...

Bessa..
Vc vai morrer louco se ficar se preocupando com as cópias...
Eu no seu lugar me sentiria orgulhoso de estar sendo copiado..
Seu publico é cativo e aguarda ansiosamente novos textos..
Não desperdice sua energia correndo atrás disso.
Afinal suas palavras estão expostas para o mundo inteiro. Cada um que ler pode se apoderar delas da maneira que lhe couber, e na verdade você terá muito pouco a fazer.
Abração

Unknown disse...

Bessa, não sou sua mãe, mas eu leio.

Beto Nitrini disse...

Eu leio!
Bessa, ninguém copia o que é ruim! Fica o consolo...

Mas que é absurdo, isso é!
Abs!

Cintia disse...

Adorei!!!hahahahaha
Eu também, não sou sua mãe e leio...
Acho muito antiético copiar idéias e textos dos outros. Existe uma maneira bem simples de resolver isso: citação! A pessoa copia e cola, mas cita o autor.

ciro violin disse...

Concordo com o Dilson e com o Betão... "ninguém copia o que é ruim"

Sinta se orgulhoso

Anônimo disse...

Eu não leio... eu só vejo as figuras!! Pelo menos eu não sou um amigo imaginário!!! Brow, as vezes eu me pergunto se eu não estou ficando ranzinza demais, implicando com coisas demais. Ai eu vou até puxar um fio do que o Dilson comentou, de uma certa forma, sinta-se orgulhoso de ser copiado. Eu sei que dá raiva ver seu trabalho usado por outros sem o devido crédito. Até hoje eu não esqueço daquele cara de pau em Floripa que copiou o logo dos TR3S MEIOS e usou no folheto dele... E com nossas fotos!!!
Mas pense assim, existem os que formam opiniões e existem os que seguem opiniões...
Ou você faz poeira ou você come poeira!!
Você é um cara que faz poeira!!

Joel dos Santos Leitão disse...

Pô, Vagner!
Todos querem lhe dar um consolo... cuidado!!!
Então você não é formador de opinião?!
Ah, tá...
Abraços,
Joel

Miler disse...

eu sempre leio, e gostaria de continuar lendo.
Parabéns! sempre aprendo mais com os textos.(sempre)!
valeu!

Yeda disse...

Eu também não sou sua mãe e também leio seu blog mesmo quando ele é enooooooorme.
Adoro suas idéias e ja fiz referências deles várias vezes. Sigo sua linha e também não recebo qualquer apoio pra falar dw suplementos e afins e quer saber as pessoas te copiam porque vc tem conteúdo e personalidade.
Acho que vale a penas lutar sim contra isso, pode não conseguir processo mas as pessoas vão começar a pensar duas vezes antes de copiar texto na cara dura.

Bjs

Yeda

Pati Gomes disse...

Mais uma leitora, das antigas! Mas é triste ver cópias, conteúdos sem profundidade sendo considerados formadores de opinião.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Oi Wagner, também estou na linha "eu não sou sua mãe e leio". Mas o meu caso, acho que é ainda pior, porque além de não ser sua mãe eu não sou triatleta. A não ser que voce considere que as aulas de spinning, mais umas corridinhas na esteira e a piscina do clube em alguns fins de semana me credenciem a esta condição. Então porque leio? Porque vc é demais! Mesmo quando trata especificamente do mundo tri eu fico admirando a clareza, a qualidade do texto, e acima de tudo a sinceridade. Coisa que por sinal faz muita falta no mundo virtual. Ele está repleto de lixos, principalmente os humanos. Concordo com sua indignação e o admiro por isso. Nossa! Quantos elogios!!!!! Acho que devemos mesmo nos indignar e contestar e jamais nos acostumarmos com o lixo ou com suas práticas. Abração

Rafael Pina disse...

Puts, de novo ? Cara de pau dupla e ainda assim não aprende ? Kkkk

Puta texto como sempre. Na mosca.

Claudinha disse...

só esqueceu das "vagnetes" !!! ;P

Dalton Cabral disse...

Cara... ótimas reflexões. .. ótima visão sobre o contexto. Como conversamos lá em Florianópolis, sempre me preocupo com conteúdos, com o que escrevo... pois no dia seguinte pode ter fazendo aquele treino que vc fez... ou tomando aquele suplemento que vc mencionou. E eu não sou treinador... nem nutricionista. .. muito menos um top amador. As redes sociais estão cheias "formadores de opinião" que nunca completaram uma prova... ou que sequer possuem um mínimo de "estrada e rodagem" para avaliar resultados e efeitos de longo prazo, de como treinam ou do que comem/suplementam. É aquela coisa. .. se opinião vc boa, estaria a venda! E não disponível, de graça, em diversos perfis dw redes sociais.
Ah sim! Eu leio... hehe... e acredito que toda cópia é um elogio disfarçado....

Grazi Renzzo disse...

Eu também leio =]

Daniel disse...

Eu leio o seu…e nem sabia da treta porque o dela não leio.
E como já disseram acima, a cópia é uma homenagem de alguém desprovido de intelecto ou ideias próprias!
Eu se fosse você, começava a tirar fotos de todas as sessõesde treinos para postar no facebook pra devolver na mesma moeda…..hehehehe
Abraço

Anônimo disse...

É impressionante como qualquer pessoa que procure algo sobre triathlon na internet consegue facilmente saber de quem você está falando, mesmo sem você ter citado quem é...
É um problema tão simples de se resolver. Achou um texto legal e quer falar a mesma coisa? Use como referência. Simples assim!
Mas é o que falaram: Considere-se homenageado!
OBS: também não sou sua mãe e sempre leio o blog.
Abraço,
Armando.

Lucas Helal disse...

Eu leio, seu bonitão. O original! :-)

Long Distance na Bagagem disse...

Mesmo não nos conhecendo me identifico com o que vc escreve...
Se é bom, voltamos e acompanhamos, se é ruim não voltamos mais. Eu sempre leio o que vc escreve porque sempre tem um conteúdo bom.
Abraço