A primeira semana com o novo planejamento para a Bertioga-Maresias foi bem mais leve do que a principio se imaginaria. Sobretudo, considerando que a prova "já está ai", dia 23 de outubro.
Um dos motivos desse começo mais cuidadoso seja o fato de que apenas recentemente terminei o 70.3 do Brasil. O outro, é que a filosofia do Boss é assim mesmo, ele vai construindo as coisas as poucos e se considera que já existe um alicerce, ela trabalha em cima disso.
Outra coisa interessante é que ele não focou o treinamento exclusivamente na corrida - nos dias de "descanso", estou nadando ou pedalando. Ele apenas tirou um pouco o peso do pedal no final de semana. Assim, mantenho meu condicionamento em cada esporte enquanto vou trabalhando para a Ultra.
Olhem só.
Olhem só.
Segunda-feira, pedalei leve durante uma hora no rolo pela manhã e nadei 2.500 metros a noite, com palmar e pulbóia e apenas um pouco de intensidade.
Terça, corrida, apenas 40 minutos de trote solto. Nesse quase que eu não fui, apesar de estar consciente que treinos curtos tem a sua utilidade. Só que isso não me ajuda. O que me faz ir para a rua é pensar o seguinte "é só ir lá no muro do Campo de Marte, dar três tapinhas na parede e voltar!!!!!". Lúdico, hein! ;-))
É como matar uma parte do treino sem ter matado, sem culpa, sem nada!!!
É como matar uma parte do treino sem ter matado, sem culpa, sem nada!!!
Quarta-feira, baita frio, levantei para correr pela manhã e bem cedo. Claro que não tão cedo quanto levanta a Yeda e o Sandro (eu estou no início e eles já acabaram!). Fora o aquecimento e a parte final, foram 9 km divididos em uma 3 corridas moderadas de 3 km. A noite, uma hora de natação com palmar e pulbóia. Tudo tranquilo.
Quinta-feira, uma hora de pedal progressivo, sendo 30 minutos fáceis e outros 30 moderados - o problema é esse "moderado", que eu sempre transformo em moderado-forte. Eu sei que exagero, mas acho o treino tão curto que tento aplicar um pouco mais de esforço. Mas não devia. Sinto a musculatura um tanto cansada depois.
Sexta-feira, apenas 50 minutos de corrida pela manhã: 20 de aquecimento, depois 30, sendo 30 segundos forte, 30 fraco. A noite, natação: progressivo a cada 300 metros, isto é, fácil/moderado/ forte. Isso três vezes. Sai da água cansado. Treinos curtos durante a semana vão se acumulando e sexta-feira eu senti.
Sábado, fiquei com preguiça de ir para a USP pedalar entre de 2 a 3 horas. Eu queria dormir até mais tarde. O problema é que quando vou pedalar na rua, gosto de começar ainda de madrugada para terminar cedo - se for na USP, mais ainda, pois odeio aquela muvuca de bikes, carros e corredores, todos no mesmo lugar. Levantei as 8:00 e fiz 20 minutos de aquecimento e 3 x 20 minutos moderado (Big Gear). Ainda assim, fiz força.
Domingo estava programada o longo de 2 horas leve. Corre-se 10 minutos, anda-se 1. Corre-se 10, anda-se 1. E por aí vai.
Bom, conforme coloquei no post anterior, esse negócio de estratégia walking/run não me apetecia. Gostei muito de todos os comentários, mas as palavras do George Volpão foram preciosas para eu começar a vencer essa barreira.
"Nós corredores somos, pensamos e agimos exatamente como o nome já diz: como corredores. E sempre associamos caminhar a sentimentos negativos, como quebra, heavy legs, bonk, hipoglicemia, fadiga, despreparo...Interessantíssima a visão do seu treinador ao explicar que, de fato, nas ultras, é aceitável e até mesmo necessário caminhar"
"Nós corredores somos, pensamos e agimos exatamente como o nome já diz: como corredores. E sempre associamos caminhar a sentimentos negativos, como quebra, heavy legs, bonk, hipoglicemia, fadiga, despreparo...Interessantíssima a visão do seu treinador ao explicar que, de fato, nas ultras, é aceitável e até mesmo necessário caminhar"
Ou seja, andar tem forte conotação negativa porque é, até inconscientemente, sinônimo de quebra. Esse era o meu "ponto cego", o motivo pela qual eu estava resistente a essa idéia de caminhar.
Tal como o Vinicius explicita, entretanto, andar com um periodização em Ultras tem outra conotação, pois tem como objetivo evitar que o corredor "ande quebrado".
E, conclui o Boss, "são atitudes diferentes".
Outra dica excepcional foi do Sigueo, ao sugerir a leitura do Jeff Galloway. O Vinicius já tinha indicado que andar seria útil para uma melhor recuperação nos treinos, bem como para evitar lesões. Mas esse texto deixa as coisas ainda mais claras.
Corredores que se poupam por meio de caminhadas programadas (principalmente no início) tendem a ter melhor resultado do aqueles que caminham por outros motivos a partir da metade da prova até o seu final. Há uma melhor distribuição do esforço e o processo de recuperação é mais acelerado.
Corredores que se poupam por meio de caminhadas programadas (principalmente no início) tendem a ter melhor resultado do aqueles que caminham por outros motivos a partir da metade da prova até o seu final. Há uma melhor distribuição do esforço e o processo de recuperação é mais acelerado.
Bom, mas ai fui correr. Ao invés de duas, corri três horas. Não, não porque esse método foi tão eficaz logo de cara - é que não consigo correr apenas duas horas sabendo que vou caminhar! Um longo, mas loooongoooooo mesmo, com essa distância não enche o bucho e me deixa frustado.
Mas reconheço que é uma teimosia estúpida. Vou escrever para o Vinicius e vou dizer que "me sinto bem".
Ele vai responder na lata: tem coisa que a gente "não sente". Seu sistema imunológico é uma delas.
Mas reconheço que é uma teimosia estúpida. Vou escrever para o Vinicius e vou dizer que "me sinto bem".
Ele vai responder na lata: tem coisa que a gente "não sente". Seu sistema imunológico é uma delas.
Foi um pouco mais difícil do que o longo que fiz com o Joel na USP. Mas domingo estava sol e a umidade baixissima, como depois vim a descobrir.
O resultado, entretanto, me agradou bastante. Ao caminhar 1 minuto, você recomeça a correr com a musculatura mais relaxada.
Mas em apenas um minuto? Um minuto?
Sim, em apenas 1 minuto. A diferença em relação a uma parada forçada é que você retoma sem prejuízo do ritmo anterior.
Isso é mais evidente da metade para o final do longo, quando você sente mais a musculatura da perna. O efeito da parada é sensível.
Outra coisa interessante os intervalos servem para que você se alimente e hidrate de forma bem mais sistemática. Como sou muito desligado (já corri 3 horas sem beber água e sem sentir falta dela, o que claro não nada indicado), isso é importante para que eu me cuidar melhor.
Bem, mas nessa caminhada ainda estou com muitas dúvidas. Agradeço todos os comentários e as dicas! Podem ter certeza de que nada passa em branco! Também recebi emails (obrigado Xampa!) e vou tentar fazer uso desse espaço para compensar minha falta de experiência com o conhecimento de vocês.
Obrigado mesmo!
4 comentários:
Vagnão, tu ta morenão na foto... tem que usar protetor brou... se não vai fritar na ultra!!!
Boa sorte e conte com nosso apoio!
IronAbraço
Buenas Bessa!
Opa, valeu a lembrança no post =)
Muito pertinentes as suas colocações neste post, dissecando as razões para se caminhar. Gostei (e já comprovei) principalmente quando vc analisa que caminhar programadamente é diferente de caminhar pq se quebrou. Faz muito sentido. Com relação a disciplinar a alimentação...perfeito! Durante a Praias e Trilhas eu até mesmo sentei numa das cadeiras da organização, lá pelo km 38 e tomei a sopa mais gostosa da minha vida, hehe.
Se me permite, adiciono ainda uma vantagem de se colocar pequenas caminahs em ultras: reduzir a temperatura corporal. Pode não parecer, mas se vc conseguir reduzir 0,1 grau na sua temperatura interna, vc vai "durar" mais. Não à toa, procuramos sombra para correr quando está muito quente, certo? :) Caminhar um pouco também reduz a temperatura, o que faz que vc possa ir um pouco mais longe.
To gostando de ver. Ainda nem me passa fazer uma prova de 75K, parabéns pela determinação.
Super abraço!
Vagner,
Muito elucidativos os seus posts. Espero que o Vinicius não pense em cobrar essa 'assessoria indireta'.
Tenho aprendido muito aqui. Aliás, você bem que poderia ir traduzindo o Jeff Galloway pra gente... he he he
Quando eu disse no meu blog que lembrei dessa dica da caminhada durante o Montain Do, foi verdade. Tá certo que também não adiantaria muito eu tentar subir aquele morro correndo, pois mais adiante cansaria de uma forma ou outra - como todos os demais participantes daquela verdadeira procissão no início da prova. Mas o fato é que me poupar logo de cara me ajudou a enfrentar o resto das trilhas, canaletas e demais subidas. Vai saber o que aconteceria se eu resolvesse dar uma de herói, sem lembrar da sua dica.
Quem sabe eu não negocio com o Fernando um longão ao seu lado intercalando essas caminhadas lá na USP? Pode realmente ser uma boa. Mas se fazemos 3 horas correndo, quantas horas faremos intercalando caminhadas? Umas 5 horas?
Pô, isso pode virar um treino para a Ultra de 50km em Rio Grande... hummmmmm
Outra coisa que nunca fiz - acredite! - é o tal trote para recuperação, que o Fernando já tá me dando umas dicas, para liberar o acúmulo de ácido lactico que produz dores musculares.
Enfim, sinto-me crescendo nas corridas, em parte com sua ajuda.
Abraços,
@JoelMaratonista
Só te digo uma coisa,cuidado com a alimentação e hidratação,não deixe isso para 2ºplano.Na minha opinião 1º vem alimentação e hidratação,depois vem treino.Abraço irmão.
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