No domingo, dia 22, a última competição antes do Ironman 2009: o Long Distance de Caiobá.
Fiz a inscrição em decorrência do cancelamento do Maadman, já que o Vinicius achava essencial uma competição antes de maio.
Caiobá é uma cidade agradabilissima e não foi difícil chegar lá ou procurar um lugar para ficar. A prova é muito bem organizada e realizada em um lugar bem mais agradável que Pirassununga. A natação é realizada na Praia Mansa, cujo nome dispensa comentários sobre possíveis complicações na natação. O ciclismo tem 86 km e é realizado na estrada, percurso relativamente plano, enquanto a corrida é realizada na orla marítima - também sem aclives.
Chegamos no sábado, fui dormir bem cedo e me alimentei corretamente.
Somados a esses fatores o fato de que venho treinando forte, tudo para uma prova mais fácil que o meu primeiro Long Distance. Certo?
Errado! Na verdade, foi a prova mais difícil que já fiz.
Completei a natação em 38 minutos - um tempo nem bom, nem ruim. Sai da água e fiz uma transição um pouco mais lenta, pois tive que me enxugar para usar a camisa de elastano branca.
Sai para o ciclismo e, realmente, nunca acredite quando falam que um terreno é plano se ele não ficar em uma várzea de um rio ou na orla de uma praia! Na verdade, mesmo em terrenos sem aclives fortes, em cima da bike, contra o vento, pequenas variações na elevação de terreno são percebidas com outros olhos pelos ciclistas.
De qualquer forma, sai para fazer duas pernas de 43 km. No começo, senti um pouco a musculatura da perna direita, mas ainda assim não mudei a forma como estou pedalando, ou seja, entre 55 e 60 rpm´s com a relação mais pesada possível. Consegui um bom desempenho na primeira parte da prova, mas logo fui percebendo que os ciclistas pedalavam em grupo e se distanciavam fácil, mesmo com a tentativa da fiscalização de evitar que os atletas pedalassem no vácuo. Na segunda perna, mais cansado, pedalei sozinho e, como via pouca gente, bateu um certo desânimo. Eu sentia o esforço do pedal, sobretudo em função do vento, mas não conseguia mudar a cadência e me sentir a vontade. Estou acostumado a fazer força, não a girar rápido. Mantive o que fiz em Pirassununga, ou seja, cadência baixa. Tempo final, somada as transições: 2:37
Quando cheguei na transição, notei que muitos já haviam saído para a corrida. Mesmo tendo feito muita força na bike e com uma média de quase 35 km/hora, fiquei para trás.
Sai para correr com a musculatura solta, como sempre. O objetivo: 3 voltas de 7 km na orla da praia. Mas antes do 3 km eu quebrei! Sem dar sinais de fraqueza, falta de energia ou coisa do gênero, uma idéia fixa se apoderou de mim: PARAR, PARAR, PARAR!
Era absolutamente inconcebível correr mais 18 quilômetros naquelas condições. Era como que, ao final da Maratona de São Paulo, em que eu também quebrei nos últimos quilômetros, alguém me pedisse para correr mais toda essa distância!!!!!
E para aqueles que falam em mantra ou algo do gênero: vão plantar batata, vão!
Eu ficava lembrando os textos que li sobre o assunto, aquelas frases positivas de auto-ajuda instantânea.
De fato, é muito bonito ficar repetindo as frases do Lance Armstrong, que "a dor é passageira e se você desistir a derrota é para sempre" e blá-blá-blá...
Mas vai lá você!!!!
O que ajudou mesmo foi o medo de decepcionar o coach depois de tanto treino e os amigos que estavam na espectativa, como o Edú e o Chico; ajuda da Raquel, esposa do Lauro, que saiu correndo e comprou uma latinha de Red Bull quando eu perguntei se ela tinha uma gel; o Daniel ali do lado de bike me dando água e o que mais eu pedisse depois que me achou lá na corrida....
Não sei como, mas consegui terminar os 21 km em 2:08. Foi uma prova de superação em todos os sentidos, pois pensar em tempo é inútil. Apenas me concentrava nas passadas curtas, corria com a cabeça levantada para respirar melhor e lutava contra a vontade de parar.
Nada na vida que eu já tenha feito foi tão devastador psicológicamente quanto essa corrida (claro, pelo menos até o exame de próstata....).
Foi a pior prova que já fiz e me deixou bastante desanimado - mesmo com muito treino, não fui capaz de mostrar um evolução em relação a Pirassununga. Ainda faço a prova simplesmente para terminá-la e há uma distância brutal em relação aos primeiros da minha categoria, que terminam a prova em cerca de 4 horas, enquanto em fiz 5:23.
Estou totalmente desorientado, pois não consigo identificar o que aconteceu...
Positivamente, entretanto, me soou um alerta para o Iron. Entendo que o pace dessa prova vai exigir um ritmo muito mais fraco na bike, bem como uma cadência um pouco mais alta em termos de rpm´s - ainda que não exageradamente alta, pois gosto de sentir a força no pedal e me ajuda muito a musculatura solta na corrida.
Mas se eu entrar para correr e quebrar no início da maratona, simplesmente não terei chance. É impossível repetir no Iron o esforço de Caiobá durante tanto tempo!