quinta-feira, 31 de maio de 2012

Ezequiel Morales


Para quem não é do meio, essa foto é do Ezequiel Morales que ganhou o IM Brasil. Argentino, vive no Brasil junto com a esposa, a triatleta Maria Soledad Omar.

Ambos são muito queridos e sempre gosto de dizer que são o que há de melhor na elite do triathlon no Brasil. Não apenas em razão dos resultados, mas porque o adjetivo "elite" só lhes cabe dentro da prova : treinam onde qualquer um treina, são acessíveis e não furam fila para retirar o kit ou entrar na área de transição.

No último domingo, todo mundo estava torcendo por um brasileiro, mas o Ezequiel foi efusivamente aplaudido por todos que estavam esperando a vitória do Santiago - aliás, inquestionavelmente outro grande caráter.

As vezes fico irritado com as barbaridades que vejo no Brasil, mas uma das coisas que me enche de orgulho é dizer que esse país é uma nação aberta.

Recebe atletas, mas também trabalhadores de outros países que procuram emprego e trazem suas famílias, tendo acesso ao sistema de saúde e as escolas públicas como qualquer outro cidadão brasileiro, sem discriminação.

Agora, aqui entre nós: sou eu que ando chorão ou essa foto deu um nó na sua garganta também?

terça-feira, 29 de maio de 2012

Failling and Flying


O texto é uma tradução livre (assim como rápida e imperfeita) do discurso realizado por Jordan Rapp, por ocasião do banquete de premiação do Memorial Hermann Ironman Texas 2012, realizado no dia seguinte a prova.

Agradeço muito ao Caio Fontes pela indicação do texto.

Gostei tanto que resolvi compartilhar com todos com o mesmo espirito de amizade que ele compartilhou comigo.


Jordan Rapp

Eu tenho que fazer o discurso na minha universidade em três semanas e dadas as semelhanças temáticas entre o encerramento de 12 anos do curso e um Ironman - ambos parecem levar uma eternidade - espero que não se importem se eu testar um pouco o que planejo para a minha fala hoje, aqui, para vocês.

Uma das coisas que sempre me impressiona sobre os atletas do Ironman é a incrível variedade experiências que é possível encontrar em cada um que faz a prova, não apenas em relação ao caminho tomado para alcançar a linha de largada, mas a incrível variedade de atividades e interesses que não se relacionam diretamente com a prova. Então, felizmente, eu não me preocupo muito em fazer um discurso baseado na mitologia grega. No entanto, uma vez que muitos de vocês podem estar um pouco longe da sala de aula, eu prometo dar uma breve introdução sobre o assunto.

A história de Ícaro é geralmente contada como uma advertência contra a arrogância. Pai de Ícaro, o mestre inventor Dédalo, criou dois pares de asas de penas e cera. O plano era usar estas asas para escapar da ilha de Creta, onde estavam sendo mantidos prisioneiros pelo rei Minos. No entanto, sendo feitas de cera, as asas eram relativamente frágeis - e eu duvido que eles teriam sobrevivido muito aqui ontem - para o que Dédalo instruiu seu filho para não voar perto demais do sol, o que poderia fazer a cera derreter.

Como se pode esperar de um jovem que quer voar, o aviso não fez efeito e, uma vez no ar, Ícaro voou perto demais do sol, a cera derreteu destruindo as asas e Ícaro caiu para sua morte.

A lição é simples - o homem precisa ter consciência de seus limites. O homem não foi feito para voar como os deuses. O lugar do homem é com os dois pés firmemente plantados no chão. Seja humilde. Et cetera, et cetera, et cetera.

Mas o poeta Jack Gilbert tem uma opinião diferente sobre o assunto. Como ele diz na linha de abertura "Failling and Flying", "Todo mundo esquece que Ícaro também voou." E ele está certo. ICARUS VOOU! Como impressionante é isso? Não é incrível que ele tenha deixado a terra e subido ao céu? E todos - TODOS - que entraram em Woodlands Lake ontem temos uma relação com isso. Mesmo que você não tenha terminado. Mesmo se você tenha ficado aquém de suas metas. Mesmo que você tenha tido uma "prova ruim". Mesmo que você tenha "falhado" em tudo o que se propôs a fazer.

Você se atreveu a sonhar. Brevemente, você voou. E ninguém pode tirar isso de você. Certamente houve momentos em que você não se sente voando. Indo contra ao vento. Assando sob o sol. Acho que todos nós desejávamos sombra, ainda mais do que Ícaro poderia ter. Para aquelas pessoas que lutaram vigorosamente todos os dias e ainda não conseguiram chegar até a meia-noite, não posso sequer imaginar como é esse sentimento. Eu não acho que você tenha se sentido como se estivesse voando.

E mesmo para nós que atingimos nossos objetivos, todos nós tivemos nossos momentos de dúvida. Eu sei que tive. Eu nunca esperava entrar em T2 e ouvir, "você está 12 minutos e meio para atrás do lider." É muito quente. Isso é muito longe. Eu estou cansado. Eu quero ir para a cama. Eu não quero mais correr, eu só quero uma cerveja. Não há nada como um Ironman para fazer você questionar sua decisão de tentar o impossível. Talvez os pessimistas estivessem certos. Talvez os nossos pés pertençam o chão. Talvez 140,6 quilômetros de natação, ciclismo e corrida - sim, tudo em um só dia, para responder à pergunta freqüentemente feita - é simplesmente soberba. Para os veteranos, talvez tivéssemos tido sorte antes. Para os iniciantes, você deveria se perguntar: "que diabos eu estava pensando?" Eu realmente não me lembro muita coisa do meu primeiro Ironman. A maratona ocupa cerca de 26,2 milissegundos - na melhor das hipóteses - no meu cérebro. Mas estou certo de que eu me perguntei, "quem decidiu que isso foi uma boa idéia? Como isso pode ser verdade que isso seja mesmo legal?" Quero saber isso agora, especialmente quando olho para os meus pobres dedos. E talvez isso seja um sinal de que Ironman não é algo que se realmente estejamos destinados a fazer. Eu acho que minhas pernas certamente concordariam com essa afirmação. Mas, para citar o grande Jens Voigt, "Cala a boca pernas!"

E eu não acho que isso é verdade. Eu acho que nós fazemos o Ironman pelas mesmas razões Ícaro voou perto demais do sol. Nós queremos ver se nós podemos. Queremos saber o que somos capazes. Nós queremos ignorar todas as advertências e descobrir por nós mesmos. E sempre que eu cruzar a linha de chegada, eu * SEI * que aquilo é o que estava destinado a ser feito. E quando eu vejo todos os outros cruzando a linha - não importa que hora o relógio mostra - é bastante claro que eu não estou sozinho nessa crença. Há algo de extraordinariamente elegante a declaração simples de Mike Reilly, "VOCÊ. SÃO. um Ironman.". Embora agora eu tenha certeza que ele gostaria de poder reduzi-la a apenas dois ou três palavras depois de ter dito isso algumas milhares de vezes ontem.

Eu sou um Ironman. Vocês todos são Ironman. E não importa como o seu dia se desenrolou, eu acho que Jack Gilbert resume muito bem com a linha de fechamento desse mesmo poema, "Eu acredito que Ícaro não estava falhando quando ele caiu, mas só chegando ao final de seu triunfo." E a todos com uma pulseira azul, eu espero que você se sinta da mesma maneira. Ainda que eu deseje que o tempo na rampa de chegada dure para a eternidade, em algum momento, eu sei que é o fim do meu triunfo. E isso, eu acho, é o que nos mantém sempre voltando e querendo mais...

sábado, 19 de maio de 2012

Ironman do Texas 2012

Ontem foi prova do IM do Texas. E vou começar dizendo o seguinte: lembram quando eu disse que tinha lido tudo sobre a prova? Pois bem, quando forem fazer uma prova no exterior, desconfiem até quano alguma coisa for repetida em vários lugares da Internet.

Bem, vocês vão entender...

Como de praxe, coloquei três despertadores para tocas as 3:30 da madrugada. Sempre acordo sozinho, mas melhor não arriscar.

Tomei um café muito leve, com pão e manteiga de amendoim. Eu sei que tem gente que diz que come macarrão antes da prova para garantir um estoque de carbo ainda maior. Entretanto, pelo menos no meu caso, quando vou nadar em dia competiçao no mar, volta tudo.

O clima da prova é, como se poderia esperar, ótimo! O narrador esta longe de ser esses tipos xaropes e a musica de fundo antes da largada foi um som do AC/DC.

Eu coloquei a porcaria do speedsuit, que não importa o quanto de vaselina eu use, sempre me detona o pescoço - não vou falar a marca, mas que da vontade de começar a falar sobre isso, dá!

O Rodrigo pediu para fica na frente e aberto. Como a natação tem inicio dentro da água ( e, nossa, que água quente!) me posicionei bem na frente - tanto que cheguei a ter medo de ser atropelado.

Dada a largada, sai forte e claro que tomei muito tapa, principalmente nas pernas. Só que, poxa, sabe que não foi muito diferente de ter largado no meio, mais atrás? 

Eu só não me conformo com o fato de que eu nunca dei "bulacha" em ninguém. Eu olho em volta a cada respiração e se tiver alguém colado, encurto o braço.

Rapidamente as pessoas foram encontrando espaço e a natação se desenvolveu mais tranqüilamente. Tudo que tinha que ser feio era nadar reto até o fundo do lago, voltar, entrar em canal e terminar aí - tudo otimamente sinalizado com bóias (o que me faz questionar também o motivo das pessoas pararem de nadar para acertarem o caminho, já tudo que precisam fazer é nadar reto!)

Depois de um começo forte, entrei em velocidade de cruzeiro. Mas no Iron a natação é tão longa que percebi que tenho problemas de concentração - me peguei pensando que o Pink Floyd poderia voltar a tocar ou quem tinha sido eliminado no American Idol nessa semana...;-)))

Para evitar isso, escolho alguém que esteja nadando como eu e tento acompanhar o ritmo. Serve para me deixar ligado e forma uma referencia de posicionamento dentro da água.

Isso da certo"médio", pois sempre entra alguém no meio e bagunça tudo.

Como tinha dito, a entrada no canal, que é pequeno, mas limpissimo, embolou as coisas porque compactou todo mundo. Me virei do jeito que pude e fiz uma natação com o tempo alto, na casa de 1:22.  Nadar lugares sem correnteza, contra ou a favor, mascara um pouco as coisas. No IM do Brasil, as pessoas estão um tanto que expostas ao mar e para a maioria o desempenho lá vai depender disso.

Mas sai da água sem olhar o tempo - e sem chip também. Mesmo tendo colocado um alfinete para reforçar o velcro, na pancadaria o dito cujo foi embora. Eu não tinha visto, mas a organização da prova, sim. Em três palitos eles me deram um chip novo. Bacana a agilidade.

Peguei capacete e sapatilha (lá é proibido deixar a sapatilha clipada no pedal) e logo no inicio percebi que tinha feito o reconhecimento no lugar errado. Mas foi muito melhor do que eu tinha imaginado.

O piso é de concreto e relativamente plano ou em descida. É como se vc tivesse pedalando em um rolo de forma bem macia, mas também muito rápido. Vou chutar aqui um pouco, mas acho que nos primeiros 40k você faz 42km/hora sem esforço.

Sério.

Mas quando vc sai dessa área mais urbana e começa a entrar na área rural, o piso muda para asfalto com cascalho. O cascalho não é solto, mas fica misturado com piche.

Nesse ponto o trafego aumenta e, sim, há carros e caminhos que checam a invadir a faixa de rolamento para as bikes. Gente reclama das coisas no Brasil, mas lá fora há problemas desse tipo também.

Começa o vento, mas logo se entra em área de bosque. Linda para olhar, mas para o pedal tá longe de ser molezinha. Seja porque o piso é ruim, seja porque começa a ter um sobe e desce que quebra sua velocidade. Consequentemente, há sempre um esforço de retomada que vai te drenando aos poucos.

Aí você sai e vai encontrar novamente o asfalto com cascalho em grandes longões. E começa o vento.

Esqueça a sua noção de vento amigo!

O pior vento que já peguei foi o do 70.3 de Miami, que basicamente foi quase todo lateral.

No IM do Texas você pedala com um vento lateral absurdo, tão ou mais forte que o de Miami. 

E as estradas são aqueles longos retões com sobe e...sobe! E o piso é aquele lá, de asfalto e cascalho. De repente vc entra na área das fazendas e vê aquele cenário desolador de filme americano.

E o vento contra! Sem exagero, vc chega a pensar que os caras bolaram o trajeto da prova pra que o vento sempre ficasse sempre desse jeito!

Nesse sentido é completamente diferente de Floripa. Apesar de haver vento também fora da orla, a gente sabe que a coisa pega mesmo ali, naquela área dos túneis. Mas o vento ora te segura, ora te empurra.

No Texas, não. Você tá de frente com a ventania todo o tempo. E não tem p@&#*a de percurso plano tal como te venderam, não....(rsrs)

Quando termina esse asfalto ruim, o desgaste já te deixa mais fraco e o sol a pino começa a te desidratar. E não tem porcaria nenhuma que vc beba que segure a onda.

E também começa a bater um cert receio de vc comer algo com aquele calor e te dar algum revertério. Acho que a ultima coisa que a gente quer nessas horas é ter problemas de estômago.

Só sei o seguinte. Quando olhei no relógio para tentar me alimentar, eu tinha feito 3:15 e já tinha quebrado. Mesmo quando voltamos para o trecho urbano, que é maravilhoso para pedalar, eu não conseguia mais fazer forca.

Como eu pedi para furar um pneu ou coisa do gênero!!! Uma rampa pra mim dava vontade de descer da bike e empurrar.

No finalizando, que tinham me falado que era uma descida, eu pensei em desmanchar novamente. Mas não tinha força para isso.

E cadê a área de transição? Não chegava nunca!! Psicologicamente aquele pedal tinha acabado com a prova.

Fiz uma transição demorada porque fiquei ingerindo liquido, tentando me recompor. Então sai para fazer a parte que mais gosto! A estratégia do Rodrigo era andar nos postos e correr entre eles. Só que logo no primeiro eu parei e fiquei minutos, horas, dias tomando hidrólito.

Meu estômago comecou a ficar estufado e a musculatura do abdômen estava muito enrijecida, começando a doer.

Quando eu corria, piorava. Para passar, eu tinha que beber mais, só que isso agravava ainda mais aqueles sintomas. Eu sentia uma "sede infinita".

O abdômen só fazia por piorar e tentei colocar gelo. Inútil.

Algo sólido? Nem gel. Pensei, como iria encarar uma maratona sem poder comer nada?

Comecei a andar e fiquei na expectativa de tentar correr novamente. Mas aí a minha mente me bloqueava.

No fundo, eu tinha colapsado.

E só de pensar em andar 42k era devastador.

Comecei a chorar e me perguntava porque aquilo tinha que ser desse jeito.

Tentava trotar. Parava dez metros depois. Tentava correr devagarinho embalado por alguém, mas nada funcionava.

Meu corpo não funcionava.

Depois de umas quatro horas de caminhada melhorei, mas a musculatura da perna estava fria e doía. De tanto tomar bebida com gelo minha garganta começou a doer e tive que procurar algo morno para tomar nos postos de hidratação.

Aí, naquele turbilhão de coisas que passou pela minha cabeça, entre desistir e ir até o fim, pensei que eu tinha que terminar.

Mas não era por uma questão de "superação", esse blá, blá, blá genérico. Eu tinha razões concretas para ir até fim.

Primeiro, e antes de tudo, porque achar que fazer um Iron andando "não vale" ou "não é a mesma coisa" é arrogante e desrespeita centenas de amadores que fazem um Iron dentro das suas possibilidades. Eu sou um amador e não me julgo a ultima bolacha do pacote para achar que "ah, se é para fazer assim, melhor pegar um avião e ir para casa".

O segundo é que que eu merecia a medalha, senão pelo esforço de fazer 14 horas de prova, pelo fato de ter me dedicado demais aos treinos todos os dias nesses ultimos meses. Isso não conta?

Por ultimo, não queria chegar no Brasil com um monte de tralha do Iron porque eu tive dinheiro para comprar. Eu queria ter o uniforme oficial do IM do Texas porque tinha feito a prova.

Obviamente, tudo isso foi muito doloroso. As vezes eu pensava que alguém poderia estar acompanhando pela Internet vendo que decepção toda era aquela. Eu que sempre conseguia evoluir de ano para ano, tinha as melhores perspectivas em 2012, agora estava caminhando entre os postos de hidratação.

Bem, na chegada, você passa por um corredor largo e as pessoas do lado de fora te estendem a mão como se estivessem ali desde de o momento em que passou o primeiro colocado, apenas para te cumprimentar.

Ainda com as pernas frias consegui trotar e entrar no clima da chegada.

Eu e um mexicano, que deu um espetáculo a parte pulando junto a cerca para bater na mão de todas as pessoas que estavam acompanhando.

Foi contagiante demais. Uma cena inesquecível.

Vendo aquele sentimento de felicidade bruta, me senti com vergonha de estar sofrendo pelo que aconteceu e não me estar feliz de estar cruzando o pórtico.

A alegria daquele rapaz me redimiu. E me salvou...

Quem estava nos aguardando era a Chrissie. Ela colocou a medalha em mim, eu disse "muito obrigado" em português, ao que ela retribuiu segurando firme meu rosto e me dando dois beijos.

Posso garantir que, comigo e com todos, não foi protocolar. A gente sabe quando um gesto é apenas formal.

Quando cheguei no hotel e havia 327 posts no Ironbrothers. Todos acompanhando a minha prova aqui. Me senti uma celebridade em meio aquele grupo de triatletas e, principalmente, de amigos.

Foi um dia muito duro, certamente o mais duro desde do momento em que comecei o triathlon.

Talvez essa "surra" tenha acontecido para que eu voltasse a origem, aos valores que eu, na intenção de querer sempre mais ano após ano, me esqueci.

Reaprender a ouvir com a devida atencao e cuidado "Você é um Ironman" foi o grande significado que levo desse Iron.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Quase lá...

Bom, a prova é amanhã e já estou aqui matutando que vou ter que lidar com algumas coisas complicadas que eu não estava esperando.

Acho que fiz todas as coisas que tinha que fazer e tive uma boa semana. Em algumas noites, dormi muito mal porque fiquei um pouco tenso.

E um jeito ótimo de lidar com isso foi sair bem cedinho para correr meia hora, mesmo que que não houvesse apontamento planilha. Outra coisa foi usar o trigger point para trabalhar a musculatura e relaxar, além de me ajudar a passar o tempo, já pela primeira vez faço uma prova praticamente sozinho e não tem muito como sair para comer fora a noite ( eu não curto muito sentar em um restaurante sozinho).

E ainda bem que tem o supermercado aqui do lado. Pra mim esse tipo de lugar nos EUA é a Disney.

Se me perguntassem quem eu gostaria de levar para uma ilha deserta para passar a vida eu diria, na lata, "Tem a opção "supermercado"?" ;-)))

Amigo meu me pediu um monte de coisa para levar para ele. Aí, entre uns negócios pra bike, estava escrito "colgate".

Aí pensei que peça da bike era o colgate....

Obvio que era pasta de dente mesmo. Ele até já tinha comentado que pasta de dente nos EUA é muito diferente, mas achei que ele estava exagerando na coisa, sabe?

Mas, olha, queimei a língua! Até papel higiênico aqui eu tive vontade de levar...

E os preços? Comprei um protetor solar fator 100 por cinco doletas! Suplementos? Tem em todo lugar. Powerbar pros gringos aqui é commoditie.

E o hotel aqui também é show! Tudo a mão e tem uma recepcionista que parece...huuuummm, sabem aquelas mulheres que vendem aparelho de fitness na televisão, normalmente bem cedinho? As instrutoras?

Aquelas...:-))))

Se bem que nem tudo e bom nesse e sentido....

Hoje pela manhã a privada entupiu. Aí, não tinha nada no apartamento para enfiar na privada. Eu não quis pedir para a moça da limpeza porque tava com vergonha.

Fiquei sentado do lado da privada. Dava descarga, a bacia enchia e eu esperava esvaziar.

Mas acho que a densidade da coisa parecia concreto, porque não vencia? Quase tive cãimbra de tanto apertar aquela alavanca!

E, olha, serio, acho que gastei mais água naquela privada do que a organização do Iron com a prova inteira....

Como aquilo me deixou estressado! Eu que sair para nadar, tudo programadinho....

A privada enchia rápido, esvaziava devagarinho. E eu olhando o relógio...

Tentei coca-cola e nada. Aí olhei na pia e peguei o tubinho de Listerine. Taquei lá dentro.

Putz, o que a gente não faz, hein?

Pode ter matado um monte de bactérias, mas resolveu picas...

Aí não teve jeito. Eu tinha que falar com a recepção...

Tem um gordinho, que acho que é de origem mexicana, e que é a cara do eu amigo Daniel Hammada. Aí, sei lá, simpatizei com o sujeito e achei que era menos mal falar com ele...

Aí fiquei pensando em como explicar para alguém em inglês, que a privada tá entupida. Entrei no Google tradutor, escrevia de um jeito, tentava de outro...

Fiquei estressado de novo.

Bom, depois de mais meia hora fui lá falar com o "xicano". Só que quem vem me dar "gooood morniiiinnnnng"????

Pois é, esperei demais e ele trocou de turno com a recepcionista gostosa...

Cara...

Voltei para o quarto, tomei gel, sentei do lado da provada e dei mais 57 descargas...

Vamos em frente...

Mas fazer Iron no exterior não é tão complicado como eu achava que seria.

Facilita demais o fato de que os procedimentos são praticamente iguais em todo lugar do mundo.

Outra coisa é que você tem acesso a equipamentos e acessórios que, no Brasil, nem pensar! Isso é um problema porque bate uma ansiedade e você quer comprar tudo. Vai uma bolada...

No meu caso, aproveitei para comprar coisas que pouca gente conhece, como o ecco biom e material de compressão da compresssport. Na barraca do Ironman fiz um rápa em quase tudo dada a qualidade do material. Alias, não se compara em nada essa loja com a do IM Brasil, em que há poucas opções e, nossa, que caro é aquilo....

Fora da tenda do ironman tem as tendas das marcas, as "grifes" triatléticas. Vi todas!

A teve a "tenda genérica" do loja do Cid, da Inside Outsports. Vou exagerar se disser que no espaço que a loja dele ocupa há mais produtos que na expo do IM Brasil considerando todas lojas juntas?

Olha....

Eu ganhei uma mochila com jeito de mala de transição no kit do IM Texas. Acho que o kit do IM Brasil, que é bacana, principalmente pela camisa, poderia ter também.

Enfim, se você quer fazer uma prova fora, é uma ótima oportunidade para coisas novas.

Mas considere o seguinte:o dinheiro que se gasta somente com o transporte da bike, montagem e desmontagem, vai a inscrição para Dois Long Distances. Estou falando só da bike...

É assim. Infelizmente, não estou exagerando....

Bem, falando da prova, esta tudo certo. O Rodrigo me pediu para fazer alguns treinos no percurso

Confesso que minhas expectativas mudaram depois disso.

Explico.

O Iron do Texas é considerado um dos cinco mais difíceis no mundo, sobretudo por conta da natação e da corrida, já que o pedal é feito em um percurso relativamente plano.

Mas esses rankings são meio furados, porque eles se baseiam em médias. Como no ano passado foi o primeiro Iron aqui e muita gente fez a prova pel primeira vez, os tempos são obviamente mais altos.

Então eu achei as coisas um tanto exageradas. Mas eu exagerei no "dexageramento" se é que vocês me entendem...

A natação começa em um lago, depois vc entra em um canal e fecha a natação no meio da cidade. Bem, para o meu azar, as bóias ficam do lado esquerdo e eu não tenho respiração bilateral. Me senti péssimo no reconhecimento do percurso hoje. O Rodrigo tinha me pedido para sair forte pelo lado direito, aberto. Mas vou ter que rever isso...

Outra coisas é que o canal é meio estreito vai dar bode com tanta gente. E ele fica ainda mais estreito em algumas partes.

Isso me lembra aquele cara que faz a narração das provas do Ironman em kona, quando acontece alguma merda e ele diz com aquele vozeirão...

"Oh, it's not good".

A pedal é realmente para ficar deslumbrado com a paisagem. O percurso é feito em uma área totalmente reflorestada, em trechos com fazendas e outros dentro de bosques. O inicio é descida em uma estrada que não tem buracos.

Pois é, não tem buracos mas o piso tem ranhuras. No reconhecimento que fiz do percurso, apesar de plano, eu não conseguia deslanchar porque o concreto segurava a bike.

"Oh, it's not good"

A corrida é critica. É plana, mas o calor estará na casa dos 30 graus e a umidade será de, por baixo, 80%. E o sol é ardido. O pessoal do Staff fica com protetor solar para te lambuzar porque tem historias aqui de insolação na prova do ano passado. E fazem isso varias vezes no percurso. Pior que essa, dizem, só a corrida do extinto IM da China.

"Oh, it's not good"

Bem, agora vou arrumar minha nutrição e fazer um pouco de massagem.

Depois, dormir o que dá pra dormir e ir pra lá.

Para falar a verdade, não fico nervoso. Mesmo.

Mas só me sinto realmente em paz quando saio para correr. Porque aí não dependo de mais nada nem de mais ninguém, só das minhas pernas.

E do meu coração.

domingo, 13 de maio de 2012

Rumo a mais um Ironman

Fazer uma prova fora do Brasil é complicado. Não bastasse todo o trabalho que dá uma viagem internacional em termos de custos e logística, imagina fazer um Iron.

Pois é. Então por quê?

Vou dizer o motivo e alguns (ou muitos) podem achar que é realmente uma questão pueril.

O IM do Brasil em 2011, por tudo que aconteceu, foi tão especial que eu não queria estragar essa recordação com uma imagem de uma prova frustrante em 2012.

E essa prova foi especial porque em 2011 foi o fechamento de um ciclo.

Um ciclo que começou quando ouvi falar de triathlon pela primeira vez quando o Edú "PDF" Carvalho fazia aula de spinning com a gente, passando pelo momento em que conheci o Beto pedalando na Bandeirantes e ele me falou dessa coisa chamada "Ironman".

E contou ainda que o tempo do Iron mais rápido que ele já fez tinha sido 11:24.

Bom, pensei que se um dia eu fizesse um Ironman, eu gostaria de fazer esse tempo.

Simples assim.

Tudo bem, mas no primeiro Iron não se pensa no tempo. Não é o momento pra isso (teoricamente não é o momento pra isso :-))

Antes da prova em 2009 o Vinicius sentou comigo e com o Ronaldo Aguilar, ambos estreiantes e disse "Vocês estão vendo os caras ali na outra mesa?"

Na outra mesa estavam o Topan, o Léo Guimarães e o Bruno Goes.

Ai emendou "Eles sim tem que ficar ansiosos, porque eles tem planos e não podem errar. Já para vocês a questão é apenas completar a prova. Não tenho qualquer expectativa de desempenho em relação aos dois".

Ou seja, a grande estratégia para estreiantes em Ironman em cada modalidade, é:

Natação: In-Out
Ciclismo: In-Out
Corrida: In-Out

Ah, espera tem as transições! Ai é diferente.

T1 - Innnnnnnnn- Ooooouttttttt....
T2 - Innnnnnnnn- Ooooouttttttt....

Mas não há como escaparmos das nossas expectativas, não é?

Todo mundo diz que no primeiro iron a questão é terminar - e todo mundo que vai fazer a sua estréia diz "Hã-hã".

Isso é supernatural (rs).

Mas ai a prova acontece e as coisas são colocadas no seu devido lugar.

Quando levantei os olhos e vi 12:43 no pórtico de chegada pensei "Como alguém consegue fazer isso, 11:24????"

E, olha, como eu tinha treinado! Nunca me dediquei tanto a qualquer outra coisa na minha vida.

Ao ver aquele tempo, a distância entre a expectativa e o resultado real me deu um choque de realidade brutal.

Para ir além, eu escrevi que teria que me transformar em outra pessoa.

Não "outra pessoa" em termos de personalidade. Acho uma bobagem, mas uma bobagem daquelas dizer Ironman transforma o seu caráter.

O que faz as pessoas serem o que são é a forma como tomam decisões frente as adversidades, os valores que trazem da família, a cultura nas quais estão inseridas e como interagem com as pessoas e instituições, como a escola, a igreja entre outras.

O Ironman é apenas uma prova de esforço físico e mental. Achar que esse esforço forma caráter vem da mesma arvore de pensamento que vê no esforço físico não apenas um castigo, mas uma estratégia para redenção da alma.

Fosse isso verdade o Ironman podia virar programa daquele para recuperaçao social de presidiários.

Verdade, ué!!!! :-)

Eu fico com sono cada vez que leio que essa coisa de que colocar no currículo que o sujeito fez um Ironman pode dar emprego para alguém.

"Ser outra pessoa", tal como eu pensava, era no aspecto físico e atlético. E hoje mais do que nunca estou convencido que isso é verdade...

Bom, em 2010 foi o segundo Iron. Uma prova em que a natação foi muito favorável em razão da correnteza e corrigi a maioria dos erros do ano anterior.

E mesmo com um ano a mais de treinamento e quase uma hora melhor que 2011, cheguei a 11:48.

Claro que muito feliz, mas pensando que tinha dado tudo, tudo, tudo de mim. Tirar mais que isso para alcançar 11:24? Que jeito?

E 11:00 então?

Em 2011, mudei de coach dentro da mesma assessoria e passei a treinar como o Rodrigo Tosta, que começou a trabalhar sobre a base que o Vinicius tinha me dado.

Fiz uma prova em Caiobá que me deixou com um "será?" em relação ao IM de 2011. Mesmo com uma camara furada, ainda assim fiz quase 30 minutos a menos do meu melhor tempo lá.

Só que pouco depois tive uma lombalgia que me deixou afastado dos treinos por duas semanas, justamente no período mais critico dos treinos, que são os longos.

Além do mais, a lombar é um ponto critico para quem quer pedalar 180k.

Mas com a acunpuntura da Silvia e muita paciência e tato do Rodrigo, veio uma prova abaixo de 11 horas.

E de fato tinha me transformado em "outra pessoa". Quando comecei o triathlon tinha 95 quilos, mas quando cruzei o pórtico do IM 2011 em 10:51 estava om 80, além de uma configuração física totalmente diferente.

Estava tão esquálido e tão mais feio que o meu cachorro olhava pra mim e parecia ficar em dúvida se eu era o dono ou o irmão dele.

Móle, não....:-((((

Mas mal tinha terminado a prova, ainda tomando soro, uma voz gritava dentro da minha cabeça

"Não dá. Não dá. Não dá....e não dá. Chega!"

Pra mim, naquele momento algo tinha se encerrado. Eu queria um tempo e estava lá o tempo que eu queria.

Então por quê continuar? Onde eu iria encontrar motivação?

Mas seria "motivaçao" a palavra?

E como é engraçado isso! O Ironman é vendido com muito marketing, muita pompa e prestigio, mas ao mesmo tempo não deixa de ser uma prova dura como poucas são.

Só que "motivação" não funciona. Quando você está no seu melhor momento, achando que está no pace do Craig Alexander ou fazendo "aquela" prova de recuperação no melhor estilo Chrissie Wellington em Kona 2011, de repente você se vê andando quebrado entre os postos de hidratação olhando para chão.

E cadê aquela musiquinha do Youtube? Cadê aquele "Tú-tú-tú-tú..."????? Cadê aquelas cenas em câmera lenta??? E aquelas imagens de superação?

É, tem não! ;-))))

Eu precisava de um motivo, pois "motivo"e "motivação" são coisas diferentes.

Para muita gente o motivo de se fazer tamanho esforço é uma coisa insondável.Se não for retórica, tal como aquele discurso pronto que fala em "busca de superação", "colocar-se a prova" etc etc e etc., a maioria dos amadores poderia dizer com tranqüilidade: não sei.

Porque acho que pouca gente sabe mesmo.

O meu motivo mais aparente é apenas evoluir. Se me perguntasse o porque de tanto esforço para fazer 140.6 milhas uma vez a cada ano a resposta mais lúcida, ou a melhor que eu tenho hoje, seria essa.

E eu mesmo acho pouco. Sei lá se estou preenchendo com triathlon outras coisas que me faltam na vida.

Bom, mas evoluir em que direção quando se tem a nítida impressão de que o seu corpo e tudo mais já chegou no limite?

Por isso "fugi" do IM Brasil. Porque naquele momento eu achei que "evoluir" não seria mais possível e não queria um retorno que me decepcionasse.

Discuti com o Rodrigo e ele concordou que era o momento de fazer algo fora.

A escolha do IM do Texas foi casual. O Rodrigo queria que eu fizesse o IM da Africa do Sul, mas em uma conversa com a Cintia Tobar, ela achou que as inscrições já tinham se esgotado, pois a prova tinha se realizado a pouco.

Entrei no site e achei que estava sold out. Sai procurando um outro e o primeiro que encontrei com a mesma data foi o do Texas. E as inscrições estavam abertas.

Você é impulsivo? Eu sou,viu?

Bem, depois fui descobrir que tinha me enganado em relação ao da Africa, mas pelo jeito que que foi a prova lá esse ano, confesso que não fiquei muito triste, não...(rs)

Mas sei lá se escapei da frigideira para cair no fogo. Segundo o site RunTri "With an average finish time of 13:19, Texas ranks as one of the top 5 most difficult races on RunTri's Toughest Ironman Race Index. Notably, the swim and run times are significantly higher compared to most other races".

Do ponto de vista da minha preparação para esse Iron, esse ano foi como o primeiro de todos - sofri demais.

Mentalmente foi muito duro.

A ponto de deixar a bike no rolo a semana toda porque quando chegava a noite, montar tudo era um esforço que me fazia ficar no sofá completamente desolado. Treinar nem se fala...

A ponto de antecipar o estresse do treino de quarta-feira logo na terça-feira a tarde.

A ponto de quase vomitar na borda da piscina e sair da água sem querer falar com ninguém.

A ponto de quase mandar um email para o coach e dizer que eu estava em overtraining e precisava parar.

Mas pensava "vou fazer o treino hoje, amanhã eu escrevo".

No outro dia, a mesma coisa e assim foi indo até eu conseguir fazer tudo o que foi planejado.

O tempo também ajudou e houve apenas dois longos de rolo, aqueles de cinco horas (só que depois que vi os treinos insanos do Paulo Pitton na bike de spinning isso tá mais para um "longuinho" modesto).

Em alguns momentos, a falta de carbo e o desequilíbrio hormonal era tamanho que meu mal humor quase me fez bater em um casal que parou para dar um beijinho na porta do metrô ou pedir satisfação para um cara que esbarrou de leve na minha mala na fila do restaurante.

Eu mesmo não me agüentava.

Olha, quer saber? Nunca mais brinco com essa coisa de TPM com as mulheres!

Tô fora!

Até vontade de chorar rolou. As vezes, um pouco de auto-piedade, as vezes uma sensação inexplicável de...olha, não sei explicar.

No meu último treino no Riacho, quando fiz a última curva, vi a entrada do Clube dos Borracheiros e que percebi que tudo tinha terminado, chorei um pouco por dentro.

Mas vamos deixar esse papo emotivo, vamos? :-)

Bem, esse ano também incorporei algumas coisas para tentar evitar as lesões do ano passado, como um pouco de musculação estática e funcional nas manhãs de terças e quintas. Fiz muita prancha também.

Certamente, não foi o suficiente para ganhar performance, mas minhas dores lombares foram para o espaço.

Ir na academia também tinha um elemento mental - eu precisava de algo que fosse minimamente recreativo e me desse um pouco de sanidade (rs). Fazer algo fácil, conversar com as pessoas, fazer um pouco de cera. Coisa de gente normal, enfim....:-)

Também passei a fazer uso do Trigger Point Performance, que utilizava para fazer auto-massagem nos finais de semana. Gostei demais!

Acredito que tudo isso tenha funcionado, dado que tive cansaço, mas nenhum tipo de lesão ou qualquer dor muscular.

Na alimentação, mudei algumas coisas. Reduzi muito a quantidade de carbo, aumentei a de gordura boa (amêndoa sem sal e castanha do Pará) e mantive a quantidade de proteína (basicamente soja) e muito farelo (linhaça, aveia, quinua e amaranto) e introduzi a Chia (sensacional). Continuei com Glutamina, BCCA, AminoFor, Termoplus, Muscle Milk e passei a fazer uso de outros suplementos, como Omega 3, ZMA e Dolomita e enzima Coenzima Q10. Chá Verde (argh!) e Chá de Hibiscos.

É, moçada. É muita coisa. Eu sei - não pensem que isso passa em branco (inclusive porque dói no bolso).

O resultado foi uma mudança forte. Meu peso caiu para 79,5 kg (um quilo mais leve que o ano passado) e estou com 9,5% de gordura corporal - patamar que eu jamais pensei em atingir, já que o nível mais baixo que já atingi foi 12,5%.

Mesmo com essa queda do índice de gordura corporal, meu sistema imunológico segurou as pontas e não tive problemas na pele, resfriado ou gripe.

Obviamente, não planejei nada disso porque não tenho capacidade de estabelecer esse tipo de meta. As coisas foram, assim, acontecendo.

E agora vou pra o IM do Texas. Uma prova que não conheço, mas sobre a qual vi e li tudo que podia.

Minhas expectativas? Fisicamente estou bem, mentalmente not so much.

A queda em no Long Distance de Caiobá tirou um pouco da minha confiança e fiquei com um pouco de estresse pós-traumático. Não me sinto totalmente a vontade em cima da bike.

E também fico pensando se as coisas vão se encaixar depois de um período de treino tão duro. As vezes me vejo exposto a alguma bobagem ou acidente...

Sabe corrida de fórmula quando o cara é o poli position do primeiro ao último treino e, pumbá, bate na primeira curva e abandona?

É assim...

Só que pior, pois diferentemente da Fórmula 1, não tem outra corrida duas semanas depois...

E também estou meio perdido em questões "existenciais".

As vezes, fico em dúvida se tenho em mim algo para dizer que sempre vou fazer Iron ou mesmo se sou suficientemente forte mentalmente para prosseguir.

Suficientemente forte para dar conta das minhas próprias expectativas.

Até hoje, cada prova feita era motivo para uma outra e por todas elas passava um fio invisível que carregava uma meta, um objetivo ou um sonho...

Mas em 2011 esse ciclo se fechou.

Minha dúvida é se vou ter condições e força para abrir um outro.

Acho que a minha resposta começara ser respondida na prova que me espera no Texas.

Até lá!