Começamos os treinos com foco em intensidade na corrida e um pouco mais de atenção a natação - eu não nado mal, mas me falta um pouco de agressividade na água. Sou demais acomodado.
Eu realmente estava me sentindo ótimo. Meus treinos de corrida depois do Iron estavam me surpreendendo.
Mas, no meio de uma sessão de tiros na esteira, tive uma lesão na panturilha em meados de julho.
Ao invés de procurar um médico imediatamente, fiquei esperando para ver o que ia dar.
E deu que me dei mal...
Fiquei duas semanas brigando com a lesão. Quando fui ao médico, no começo da terceira, ele me disse "não foi grave, mas a cicatrização está no tempo limite para fazer a prova. Pode ser que dê para você correr, mas pode ser também que não seja possível".
Como me escreveu o Chico, "lesão é lesão", o tempo de recuperaçao não muda muito pois as fibras (ou poucas fibras, no caso das pequenas lesoes) que sofreram lesao, levam o mesmo tempo pra se recuperar. Em outras palavras, se houve um estiramento, as poucas fibras estiradas ou as muitas fibras estiradas levarão o mesmo tempo pra se recuperar. O que muda sao os sintomas pois se sao poucas, quase nao sentimos nada mas se sao muitas aí o bicho pega."
Nesse meio tempo, assisti, acho que na Globo, uma matéria um boxeador brasileiro que chegava a semifinal dos Jogos Militares na sua categoria sem ter feito nenhuma luta. Os adversários não conseguiam alcançar o peso e iam sendo eliminados em cascata.
A matéria era uma situação armada para fazer humor a custas de alguém e tinha lá um certo grau de crueldade.
Estava implicito "pode ser campeão sem ganhar de ninguém".
Quando foi perguntado o que aconteceria se ganhasse o título sem lutar, longe de aparentar qualquer constrangimento, o rapaz dizia mais ou menos assim:
"Como "sem lutar"? Alcançar o peso para estar na categoria é o primeiro requisito para subir no ring. Se os meus adversários não conseguem ao menos isso, como vão querer lutar? Eu estou aqui..."
Bom, vendo aquilo me senti um menino mimado de apartamento, morrendo de dó de mim mesmo.
Meus planos foram por água abaixo, mas eu tinha uma "luta" para fazer.
Claro, meus objetivos passaram a ser outros - antes de tudo, estar em Penha para a prova.
O Rodrigo Tosta sugeriu que continuasse a seguir a planilha no que fosse possível e procurasse aulas de deep running para substituir a corrida.
Fui atrás, mas são pouquissimos lugares em São Paulo que tem instalações e profissionais especializados.
Felizmente achei o Fabiano Bispo na AREA, que fica na Pamplona e relativamente perto do metrô. Foi praticamente um personal, pois mesmo quando ele sabia que só haveria eu na aula, nunca deixou de ir. Trabalhava os aspectos técnicos do deep, puxava os treinos para o ritmo não cair e sempre me cobrava para estar presente na próxima sessão de treinos.
Ao invés de procurar um médico imediatamente, fiquei esperando para ver o que ia dar.
E deu que me dei mal...
Fiquei duas semanas brigando com a lesão. Quando fui ao médico, no começo da terceira, ele me disse "não foi grave, mas a cicatrização está no tempo limite para fazer a prova. Pode ser que dê para você correr, mas pode ser também que não seja possível".
Como me escreveu o Chico, "lesão é lesão", o tempo de recuperaçao não muda muito pois as fibras (ou poucas fibras, no caso das pequenas lesoes) que sofreram lesao, levam o mesmo tempo pra se recuperar. Em outras palavras, se houve um estiramento, as poucas fibras estiradas ou as muitas fibras estiradas levarão o mesmo tempo pra se recuperar. O que muda sao os sintomas pois se sao poucas, quase nao sentimos nada mas se sao muitas aí o bicho pega."
Nesse meio tempo, assisti, acho que na Globo, uma matéria um boxeador brasileiro que chegava a semifinal dos Jogos Militares na sua categoria sem ter feito nenhuma luta. Os adversários não conseguiam alcançar o peso e iam sendo eliminados em cascata.
A matéria era uma situação armada para fazer humor a custas de alguém e tinha lá um certo grau de crueldade.
Estava implicito "pode ser campeão sem ganhar de ninguém".
Quando foi perguntado o que aconteceria se ganhasse o título sem lutar, longe de aparentar qualquer constrangimento, o rapaz dizia mais ou menos assim:
"Como "sem lutar"? Alcançar o peso para estar na categoria é o primeiro requisito para subir no ring. Se os meus adversários não conseguem ao menos isso, como vão querer lutar? Eu estou aqui..."
Bom, vendo aquilo me senti um menino mimado de apartamento, morrendo de dó de mim mesmo.
Meus planos foram por água abaixo, mas eu tinha uma "luta" para fazer.
Claro, meus objetivos passaram a ser outros - antes de tudo, estar em Penha para a prova.
O Rodrigo Tosta sugeriu que continuasse a seguir a planilha no que fosse possível e procurasse aulas de deep running para substituir a corrida.
Fui atrás, mas são pouquissimos lugares em São Paulo que tem instalações e profissionais especializados.
Felizmente achei o Fabiano Bispo na AREA, que fica na Pamplona e relativamente perto do metrô. Foi praticamente um personal, pois mesmo quando ele sabia que só haveria eu na aula, nunca deixou de ir. Trabalhava os aspectos técnicos do deep, puxava os treinos para o ritmo não cair e sempre me cobrava para estar presente na próxima sessão de treinos.
Incorporei a corrida na piscina durante a hora do almoço três dias durante a semana e um "longão" de suas horas aos sábados.
Fora isso, duas sessões semanais de fisioterapia para a acelerar a cicatrização, fazer alongamento e fortalecimento.
Fora isso, duas sessões semanais de fisioterapia para a acelerar a cicatrização, fazer alongamento e fortalecimento.
Resolvido? Não.
Quando as coisas dão para dar errado, é uma noticia ruim atrás da outra: voltei a sofrer com lombalgia.
Em certos dias, não conseguia mais fazer os treinos de pedal - mas por medo de forçar e ter um agravamento da dor, já que na bike até que me sentia bem.
E lá fui eu atrás de horários de um quiroprático por sugestão da Cintia Tobar e indicação do Chico.
E estressa, né? Quando você tem que lidar com tantos "encaixes" de horário, trabalhar e treinar. Passei esse mês pra lá e pra cá com uma rotina insana.
Mas, enfim, isso tudo faz parte desse "estilo de vida", embora a gente só use essa expressão para falar das coisas positivas....
As vezes, não é bem assim. As vezes, a gente se machuca.
Mas tem uma lição nisso tudo - eu tinha me esquecido como fazer uma prova de meio-ironman é um esforço pra lá de trivial.
Porque depois de várias provas dessa distância procurando fazer o melhor tempo, quando não estamos bem temos a tendência de dizer "Ah, eu só vou lá para completar".
What? Como assim, "só para completar"??????
E lá fui eu atrás de horários de um quiroprático por sugestão da Cintia Tobar e indicação do Chico.
E estressa, né? Quando você tem que lidar com tantos "encaixes" de horário, trabalhar e treinar. Passei esse mês pra lá e pra cá com uma rotina insana.
Mas, enfim, isso tudo faz parte desse "estilo de vida", embora a gente só use essa expressão para falar das coisas positivas....
As vezes, não é bem assim. As vezes, a gente se machuca.
Mas tem uma lição nisso tudo - eu tinha me esquecido como fazer uma prova de meio-ironman é um esforço pra lá de trivial.
Porque depois de várias provas dessa distância procurando fazer o melhor tempo, quando não estamos bem temos a tendência de dizer "Ah, eu só vou lá para completar".
What? Como assim, "só para completar"??????
Alguém acha pouco passar em torno de seis horas nadandopedalandoecorrendo só porque fez isso mais de uma vez?
Acho que muitos de nós (e ninguém em particular, diga-se) perdemos um pouco a dimensão das coisas.
Esse período mais complicado serviu para me colocar novamente no meu devido lugar e pensar que sempre, sempre a maior dificuldade é conseguir treinar para estar na largada e, em segundo, completar a prova.
Esse período mais complicado serviu para me colocar novamente no meu devido lugar e pensar que sempre, sempre a maior dificuldade é conseguir treinar para estar na largada e, em segundo, completar a prova.
A partir disso tudo, pelo menos conseguirei estar na linha de largada.
Minha luta terá três rounds.
No primeiro, vou tentar uma natação forte para os primeiros 300 metros e atacar novamente perto das bóias. Ainda que seja desconfortável e me arrisque a morrer afogado na praia, o Rodrigo diz que será um aprendizado para no futuro nadar mais forte.
Quando soar o gongo do final do primeiro assalto, vou acelerar a transição para algo em torno de dois minutos, mesmo correndo o risco de sair para o segundo round meio afogado.
No segundo vou pedalar. Mesmo se estiver sem dores lombares e com as pernas fortes, vai ser complicado fazer algo além de um esforço moderado. Meu último treino no rolo hoje, três dias antes da prova, me deixou bastante desanimado - minha capacidade aeróbica deixa a desejar.
No terceiro e último assalto, a estratégia é correr sem sentir dor. Se sentir dor em função do esforço, vou administrar.
Mas se isso acontecer no mesmo local onde tive a lesão, entrego a corrida e a prova.
Vai ser duro, vou ficar arrasado e querer pegar o primeiro voo direto pra casa...
Mas não vou comprometer o ano, que ainda tem mais um prova legal.
Agora, são expectativas.
E "expectativa" é aquilo, né? Serve pra nada...
Lembro que em 2009, meu primeiro Iron, treinei, treinei...Deus do céu, como treinei.
Cheguei na praia as 6:30, a lua no céu e sol para despontar. O mar calmo, uma brisa tranquila e uma paz interna muito grande. Minha confiança lá em cima.
Pensei "Hoje tudo vai dar certo, com certeza. Estou sentindo que hoje é o meu dia..."
(por um triz, mas por um triz não disse "hoje o universo conspira a meu favor".)
Dada a largada....
Tropecei, cai, levei um soco no rosto, entrou água no óculos, o wetsuit começou a sangrar meu pescoço, tomei um chute no estômago na primeira bóia, depois ninguém encontrava a segunda porque ela se soltou. Me perdi no mar e quando me achei, tive que voltar para contorna-lá, pois já havia passado do ponto.
No pedal, as marchas subiam e desciam aleatóriamente, pois o coroão estava retorcido. Nas subidas, não conseguia mudar as marchar e fiz todas no prato maior, com um ritmo mais ou menos assim:
uuuuuummmmm.............doooooissssssss....................uuuuuuuummmmm..........dooooooisssssssss
E morrendo de medo da corrente não aguentar.
Quando finalmente acabei os 180k minha lombar estava toda travada.
A corrida foi "sopa". O cinto de hidratação, que nunca deu problema, não parava quieto. Primeiro, ficava caindo no meu joelho. Joguei algumas coisas fora para aliviar o peso. Mas ai ele começou: virava para a esquerda, virava para a direita. Teve uma hora que pensei que enroscado um bambolê na cintura.
Esse negócio de expectativa, viu....:-))))))
7 comentários:
Vagner, muito bom como sempre.
Parte destaque do post para mim: "Acho que muitos de nós (e ninguém em particular, diga-se) perdemos um pouco a dimensão das coisas."
As vezes falamos que é tão fácil disputar uma prova (independente da distância), tanto quanto ir a padaria da esquina :>)
Grande abraço, e que a panturilha se porte bem em terras catarinenses.
Vagner,
Muito bom teu post!
Como vc disse, eu concordo plenamente. O mais importante desse momento, e que logo voce percebeu e entendeu, é que ele nos coloca no nosso devido lugar. Nos faz perceber que o mais difícil acima de ganhar do X, ou do Y, é estar pronto pra batalha, na linha de largada.
Quando estamos no "tumulto" do triathlon, em que se treina, treina, treina; se ve e se ouve falar em que o campeao mundial H usa tal coisa que serve pra aquilo, se toma isso, etc e tal..
Toda a aquela gente top, e aquele mundinho te consumindo, nao pararmos pra perceber o primordial. Quantas pessoas gostariam de estar na largada, em nosso lugar. E a gente ainda idealiza nossa prova pra que tudo ocorra bem! Bem, se estamos lá bem e prontos, o que vier é lucro. Oportunidade que está sendo usada!!
Eu tive essa grande licao em 2008, qdo fui pra Kona num péssimo estado... (isso ai já uma outra longa estória).
Sabe o que te desejo?!! Uma prova em que voce leve menos ou nulos socos, chutes no estomago, e que se for se afogar que seja do copo de gatorade da corrida!
Que se divirta mais, e se preocupe menos, pois vc nao tem nada a perder! E se sentir que nao tem condicoes de correr, nao corra.. Caminhe... se nao for possível caminhar, ai vc volta pra casa com a certeza que fez o que deu, que se divertiu bastante dando cotoveladas e organizando o contorno das bóias, e pedalando com a galera toda junta!
Aproveite a viagem!
Beijo
Puuuttzzz, vim comentar e encontrei o comentario acima. Sempre bem colocado.
6 hrs de exercicio realmente é para pouquissimas pessoas no mundo. Talvez nem 1% faça isso. Terminar é para pouquíssimos.
Melhoras na lombar. Lombar travada é alongar gluteo e posterior.
E relaxa que essa porra é tudo brincadeira de gente grande.
ABS !!!!
Estarei em Penha também...
Boa prova para nós lá...
E cuide da sua saúde...
Ja tive várias lesões na panturrilha e uma coisa eu te digo, elas enganam muito, quando parece que esta tudo bem ela volta a incomodar... agora na natação e na bike da pra destruir, não vai te incomodar nada...
Abcs...
Fala Bessa... seu blog é show.... muitas vezes me vejo como voce, sofe, sofre sofre, mas no final sempre vale a pena. Confesso que voce ja surpreendeu algumas vezes quando menos era esperado... Sua corrida naquele meio, meu Deus.... e la no Iron cada vez que eu cruzava nos retornos e via voce pensava "ele vai me pegar rsrsrsrsrsr" e foi por pouco....ufa rsrsrsrsrss Deep running, me fez lembrar meus treinos para o meio de Cancun, foram 4 meses na agua, sem correr em outro lugar, e adivinha, quando fui para prova foi a segunda melhor corrida de mais de 100 cara da prova, um terceiro lugar na categoria e a vaga pro mundial... portanto meu amigo, faça força custe o que custar... e se doer a panturrilha na prova, nao esquente, force mais ainda kkkkkk guerra é guerra kkkkkk Boa sorte na prova e tenha certeza que Deus vai te acompanhar.
Luizinho (e volta logo a treinar na serra)
Mais um belo POST...
E MUUUUITO obrigado pelos TENIS!!!
Não só tenis, mas os shorts e camisetas tb.
Muito obrigado
Muito obrigado
Muito obrigado
BOA SORTE!!!!
Grande guerreiro, aprendizados !!!! rsrsrsrs Manda ver, abração vc é show belo post !!!!!
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