Todo mundo sabe que depois de um Iron, a volta aos treinos demora um pouco.
Bom, pelo menos para os que voltam...;-)
O que nem todo mundo sabe é que voltar a escrever no blog pode demorar ainda mais...
Na semana seguinte ao Iron, o Rodrigo pediu que a gente entrasse em regime de ETT – “Evite Totalmente o Triathlon” . A idéia era evitar ao máximo o assuntos ligados ao triathlon a fim de evitar algo que os vem sendo chamado de “burnout”, que podemos explicar como um desgaste físico e mental intenso com impactos no sistema nervoso e que pode gerar distúrbios psíquicos.
Eu fiquei com vontade de comentar com ele que, para quem trabalha com análise econômica e coordena uma área responsável pelo cálculos do PIB do Estado de São Paulo, burnout é quase um estilo de vida. ;-))))
Mas, claro, entendi o que ele queria dizer. Depois de semanas treinando com foco nas provas, era necessário se desligar um pouco do assunto que gerou tanta expectativa e dar atenção a outras coisas da vida.
Aproveitei para fazer um pouco de musculação na academia, comer broa portuguesa sem culpa sempre que passava pela padaria, acordar mais tarde e saborear o fato de que não precisava levantar cedo e passar seis horas pedalando no Riacho aos domingos.
E, olha, até cortei o cabelo....:-)
Só que não pude evitar o assunto triathlon totalmente. Eu tinha que planejar rapidamente o que faria no próximo ano. Deixa eu explicar.
Umas das coisas que comentei com o Rodrigo é que não gostaria de fazer o Iron novamente em Florianópolis em 2012. Inicialmente, achei meu resultado lá tão bom em 2011 que fiquei com receio de voltar ano que vem e não conseguir um avanço como o que tinha acabado de experimentar.
Digo “inicialmente” porque depois que fiquei a par dos resultados mais detalhados e me pus a pensar na prova com maior clareza, haveria espaço para reduzir esse tempo com pequenos incrementos na alimentação, uma natação mais rápida e mudanças de estratégia - afinal, fazer a T2 em oito minutos é um tanto demais, não é?
Quem sabe seria possível cruzar o pórtico a luz do dia?
Só que tudo bem. Até aquele momento resolvi não que não faria a inscrição e não fiz.
As vezes é você tomar uma decisão e ir em frente do que ficar vacilando, angustiado porque não consegue fazer escolhas...
O Rodrigo sugeriu então algumas possibilidades de IM para ano que vem, com preferencia para aqueles que fossem realizados em meados do ano, mais ou menos na mesma época que a prova é realizada no Brasil. A razão é que poderíamos continuar com o calendário com que estou acostumado.
Sugeriu então a África do Sul, Arizona, Texas ou St. George, com preferência para a primeira.
Mas, tal como no Brasil, os IMs ao serem realizados em 2011 abrem inscrições e essas rapidamente se esgotam em questão de horas. O IM da África do Sul 2012 já estava sold out quando fui fazer a inscrição.
Entre St. George e Texas....bem, depois de ver os relatos da Luiza Tobar sobre a prova, não pensei duas vezes e optei pelo Texas.
Tomei algumas informações sobre a prova, conferi os tempos e vi alguns vídeos. Tirando o vento, acho que a prova não apresenta dificuldades adicionais . Você dá apenas uma volta de 180 km e na natação, por exemplo, a grande maioria dos nadadores não usa wetsuit – como não gosto de água fria, achei esse ponto pra lá de positivo.
Outra decisão importante foi a escolha do Rodrigo em fazer duas provas de 70.3 esse ano. Escolhemos Penha e Miami.
Ou seja, esse ano, não vou para Pirassununga para, no dia seguinte, escrever “que fiz a prova mais difícil da minha vida” como faço sempre.
Esse ano, não!
E essa escolha me deixou feliz, porque tem uma turma bacana indo para Penha e outra, para Miami. Como considero esse um critério importante, vou confessar que estava muito dividido.
Penha já conheço. Não é uma prova que me deixa feliz.
Tudo bem que a organização é ótima, mas o Brasil merecia um 70.3 em um lugar mais bonito.
E aquele circuito de bike travado é um tédio danado.
Mas, por outro lado, vale lembrar que tenho as melhores lembranças das pessoas que encontrei por nessa prova e as amizades novas que fiz por lá ano passado.
Já Miami é novidade, mas estou contando com a ajuda da Deise para me auxiliar e está tudo saindo muito bem.
Em relação aos treinos, o Rodrigo voltou a trabalhar com treinos de maior intensidade, voltados para o ganho de velocidade. Também vamos fazer algumas provas de Triathlon Olimpico como parte desse treinamento.
E eu, que achava melhor fazer exame de toque ou tomar chá de boldo que topar com treinos desse tipo, vou ser sincero: está sendo ótimo.
Tirando aquele período de adaptação muita chato quando se inicia a retomada dos treinos, estou conseguindo cumprir a planilha a risca e me sentindo fisicamente bem.
E, vale notar, nem bem se passaram 30 dias do IM em Florianópolis.
(E, vale notar também, tá um frio de lascar!)
Mas isso é relativamente fácil de explicar – boa parte dos treinos é curta.
E eu não penso. Pego a planilha e sigo em frente. Se for parar para pensar...chiiiiii!
Porque como minha recuperação física é rápida, mas minha disposição mental nem tanto, consigo engrenar a rotina dos treinos de forma bem disciplinada sem ficar antecipando o sofrimento.
A única coisa que não consegui ainda foi voltar de vez a treinar no Riacho. Fiz dois treinos de três horas aos domingos no rolo.
Por quê? Porque me tira energia pensar que tenho que dirigir tanto para ir e voltar de lá, além de perder a oportunidade de aproveitar o máximo possível parte do dia na casa dos meus pais, lendo jornal ou brincando com a minha sobrinha que está para fazer dois anos...
Tudo bem que as vezes brincar com a sobrinha pode ser mais desgastante que ficar no rolo seis horas de frente para parede.
Principalmente quando sua irmã te sacaneia e, com um sorrizinho, pede para tua sobrinha, por acaso filha dela, "pegar o livro do Tarzan para o titiiiiioooooo ler para ela" e depois dá no pé te deixando sozinho!
Que Iron que nada!!!!
Vai ler a história 4.576.4645.987 vezes, dando nome para cada personagem, e depois me conta se você tem coragem de dizer que sofreu em Florianópolis!!!!
Isso sim é "Burnout"....
Minha única vingança é mostrar para ela uma lesma azul e dizer "Mamãe".
Ela aponta para a figura, olha pra mim e diz "Mamãe??????"
"É, mamãe....mããã-mãããã-êêêê..."
Quando a mãe dela volta, olha para mim e dá outra risadinha...
E ai "o titiooooo tá lendo o livro pra Sofia, hein meu amor?"
Mal sabe ela...;-))))
5 comentários:
Bessa, sensacional.. Me vi em cada do seu texto....show !!!
Andava meio bolado, achando que vc tinha desistido do blog.
Pensava, putz, vou perder essas belas histórias e textos consistentes que sempre aparecem as segundas. Puuutz.
Ainda bem que isso não aconteceu, porque essa leitura faz um bem, viu.
Dá vontade de comentar cada parágrafo, cada linha. Mas, vou me concentrar no treino de tres horas de bike e na sua sobrinha.
Eu tb acho um saco, sair de casa, colocar a bike no carro e ir até o Fundão pedalar. Puuutz, muito esforço, um trabalho da porra, perco 40 minutos para chegar lá e mais 40 para voltar e acho esse tempo jogado no lixo. Pelo menos, não estou só.
Agora, em relação a criança é muito interessante o que vc falou. Realmente, o desgaste é grande e como no meu caso é um filho a atenção é sempre total.
Depois da prova da Asics eu fui até a casa do Wlad pegar o carro e dei uma subida. Que saudades daquele ritmo de vida, daquela tranquilidade de ver o domingo passar no sofá. Agora, tudo é milimétricamente pensado. Sem reclamar, eu adoro o Biel e aquela fase passou. Mas, é que nem a época da faculdade, enfim, dá saudades. Realmente, o ritmo com uma criança é outro e vou te contar que esse negócio de ter que fazer a mesma coisa 20 vezes é o que mais rola. Futebol, video game, luta, puuutttzzz. Cansa isso.
Mas, ontem, foi a glória, ele foi pra natação e na volta, depois de fazer aula sozinho, chapou no carro. E não teve jeito, vinho, pizza e filminho com a esposa. Porque meu, o tempo parece que encurta, hahaahha.
É isso.
Bela escolha essa de viajar e curtir a prova. Vc já está em um nível de conhecimento em que a prova deixou de ser uma aventura e com certeza vc vai curtir muito a trip.
ABS !!!!!
Bessa
Tenho um DVD do Tarzan que minha filha assistiu aproximadamente:
10.589.526.369.258.263 vezes
Quando era pequena...
Se tiver interesse posso te mandar...
Abcs..
Foi o descanso do guerreiro !!!! kkkk Abraço Bessa
Tio Bessa,também não gostei de Penha em relação a prova.Porém lá eu conheci uma galera muito legal,sem falar em vc que é um cara sensacional.Depois que vc fizer essas provas lá fora,dá o feedback porque te confesso,tenho o maior medo de fazer prova que não conheço e me arrepender depois.Mas tem que ser imparcial e falar a verdade,não vai fazer como um amigo meu que foi para Orlando e disse para todo mundo que era muito maneira a prova e coisa e tal.Mas pra mim ele confessou que foi uma merda,nada haver com as provas do Galvão.Valeu tio Bessa,abraço.
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