A algumas semanas o pessoal do
Ironguides me escreveu pedindo um pequeno texto que contasse um pouco
sobre minha experiência na assessoria.
Para
recuperar algumas coisas resolvi olhar os posts mais antigos desse Blog
- e percebi que nem me dava conta que ele existe desde de 2008.
A
idéia de criar um Blog no inicio era uma coisa muito simples. Eu tinha visto um bacaninha de uma americana que contava um pouco dos treinos, das
provas, mas sobretudo do estilo de vida de uma triatleta asmática, com hipertiroidismo e que se dizia com péssimos hábitos alimentares.
Além
de bem organizado, aquele Blog tinha umas frases motivação, tirinhas engraçadas e
fotos de provas e outras de viagens pelo interior dos EUA. O que eu achava mais engraçado eram as fotos que ela tirava da geladeira com a porta aberta....
E,
depois, fui encontrando outros com a mesma filosofia - porque esse mundo é uma rede sem fim,
como no verso de Octavio Paz "Tudo é porta/Tudo é ponte".
Naquele momento, os Blogs de triathlon que começavam a despontar eram de pessoas com
pretensões muito modestas ou mesmo sem nenhum tipo de foco no
desempenho.
A idéia se voltava a construção de um estilo de vida diferente.
A idéia se voltava a construção de um estilo de vida diferente.
Posso
dizer que foram essas pessoas minhas primeiras referências, pois só depois, muito posteriormente, vim a tomar
conhecimento das chamadas "lendas de Kona", tal como a Chrissie
Wellignton - e nesse caso específico por conta das histórias que o
Vinni contava sobre o tempo que ele passou no TBB.
O triathlon começava a tomar uma parte importante do meu tempo e pensei "por quê não um Blog?".
Nessa época, havia uma critica "no ar" que considerava os Blogs mais um modismo para gente exibicionista tornar pública informações sobre
questões pessoais sem importância nenhuma.
Claro, tem disso...
Claro, tem disso...
Mas do lado de quem fazia essa critica também há muita gente ranzinza e pouco chegada a internet.
A idéia no início era bem simples. Como
eu mandava um email por semana falando dos treinos para o coach,
poderia aproveitá-los para fazer algo mais ampliado, tal como arrumar
um lugar para guardar algumas coisas, uma mistura de descrições sobre treinos e "colagens" de vídeos, fotos, frases...
Algo para a gente mesmo, tal como o canto da casa onde você mais gosta de ficar.
Nesse
sentido, nunca planejei fazer textos para os outros. O
Blog vai para a rede para todo mundo ver, mas no fundo eu não tinha a menor pretensão de
que alguém viesse a ler.
E pra mim essa idéia era bem confortável.
Eu não me preocupava muito com estilo ou um português impecável.
E pra mim essa idéia era bem confortável.
Eu não me preocupava muito com estilo ou um português impecável.
Posteriormente,
as coisas foram mudando. Aos poucos outros que também escreviam textos na internet ou pessoas que estavam apenas curiosas começaram a colocar um comentário aqui, outra ali....
E aparecem também paraquedistas que colocam no Google uma frase do tipo "as gostosas da academia do Bessa" e vem parar nessas bandas...
"Gostosa" nesse blog só se for essa aqui. ;-))))
Mas por quê esse interesse das pessoas?
Sei lá, fosse arriscar acho que os Blogs começaram a ser mais lidos em razão do crescente interesse pelas provas de Ironman.
E aparecem também paraquedistas que colocam no Google uma frase do tipo "as gostosas da academia do Bessa" e vem parar nessas bandas...
"Gostosa" nesse blog só se for essa aqui. ;-))))
Mas por quê esse interesse das pessoas?
Sei lá, fosse arriscar acho que os Blogs começaram a ser mais lidos em razão do crescente interesse pelas provas de Ironman.
Outro motivo foi o "Diário de um Ironman"ou os "Diários de Kona" do
MundoTri.
As pessoas "curtiram" aquele formato e foram procurando na Internet coisas similares.
Até certo ponto a coisa ia bem nessa linha de falar de treinos, mas me enchi um pouco sobre isso.
Afinal, para quê alguém quer saber o que eu corro, quanto eu nado ou que dia que estou pedalando?
Tudo bem, um monte de gente....
Tá-tá-tá, verdade...
Só que quando os treinos viram rotina, escrever sobre o mesmo assunto cansa, sabe?
Mas aproveitando o ensejo, vamos abrir um parênteses aqui.
Vou fazer uma confissão: treino é bom...
Mas também não é....
Porque treino na maioria das vezes....well, treino dói! Dói pra cachorro!
Por isso não consigo entender quando o sujeito faz aqueles treinos quase vomitando e mal termina já manda uma fotinho para o Facebook dito embaixo:
"EU AMO MUITO ISSO TUDO".
As pessoas "curtiram" aquele formato e foram procurando na Internet coisas similares.
Até certo ponto a coisa ia bem nessa linha de falar de treinos, mas me enchi um pouco sobre isso.
Afinal, para quê alguém quer saber o que eu corro, quanto eu nado ou que dia que estou pedalando?
Tudo bem, um monte de gente....
Tá-tá-tá, verdade...
Só que quando os treinos viram rotina, escrever sobre o mesmo assunto cansa, sabe?
Mas aproveitando o ensejo, vamos abrir um parênteses aqui.
Vou fazer uma confissão: treino é bom...
Mas também não é....
Porque treino na maioria das vezes....well, treino dói! Dói pra cachorro!
Por isso não consigo entender quando o sujeito faz aqueles treinos quase vomitando e mal termina já manda uma fotinho para o Facebook dito embaixo:
"EU AMO MUITO ISSO TUDO".
Como é que é a parada mermããããoooo? Você ama o quêêêêêêê?
Você tá me dizendo, presta atenção...
Cê tá me dizendo que "ama" ficar seis horas em cima da bike sem sair do banco? Tá me dizendo que "ama" fazer força a ponto de sentir febre depois do treino? Tá me dizendo que "ama" dar tiros na piscina que ao final se sente um sedentário, fumante e com pulmão a menos na borda da piscina?
É isso que você tá me dizendo?
Que "AMA TUDO ISSO"?
Mannnnnn, fico zuado quando vejo esses style
Mêêêu...;-)))))
Fecha parênteses...
Você tá me dizendo, presta atenção...
Cê tá me dizendo que "ama" ficar seis horas em cima da bike sem sair do banco? Tá me dizendo que "ama" fazer força a ponto de sentir febre depois do treino? Tá me dizendo que "ama" dar tiros na piscina que ao final se sente um sedentário, fumante e com pulmão a menos na borda da piscina?
É isso que você tá me dizendo?
Que "AMA TUDO ISSO"?
Mannnnnn, fico zuado quando vejo esses style
Mêêêu...;-)))))
Fecha parênteses...
E tem outra coisa sobre ficar falando de treinos: as vezes a gente não tem o que dizer.
Antes, eu me achava o máximo falando sobre cadência de passadas porque todo mundo me perguntava sobre o assunto - mas hoje, quando se toca nesse tema, vem uma tonelada de informações sobre economia do movimento, eficiência mecânica, lacto, VO2 máximo....
Ou seja, o negócio ficou pesado!
Antes eu lia uma Revista de Triathlon e ficava deslumbrado - agora são cinco.
E entendo cada vez menos também.
Antes eu lia uma Revista de Triathlon e ficava deslumbrado - agora são cinco.
E entendo cada vez menos também.
Bom, ai eu comecei a pensar em fazer uns textos "papo cabeça".
Ai o blog parece aqueles programas que vendem tupperwer na televisão de madrugada, sabe?
Ninguém lê....
Ninguém lê....
Mas
aquele post que fala de um treino de natação específico ou daquela prova
que eu quase morri, ai a coisa bomba - aparecem mais de 400 pessoas acessando!
É
provável que isso tenha ocorrido por um erro de avaliação da minha
parte. Acho que subestimei o número de pessoas que está no triathlon sem
acompanhamento de assessorias ou o faz apenas por planilhas e que
precisam acompanhar o que os outros estão fazendo.
Ou falar de treinos pode ser uma forma de buscar comparações para perceber um pouco o nível de dedicação, as dificuldades, a evolução e tantas outras coisas.
Enfim, eu não sei....
Ou falar de treinos pode ser uma forma de buscar comparações para perceber um pouco o nível de dedicação, as dificuldades, a evolução e tantas outras coisas.
Enfim, eu não sei....
E
outras mudanças também ocorreram, principalmente nos formatos dos
Blogs, que deixaram de ser vistos exclusivamente como um diário pessoal
sobre treinos e se diversificaram: atletas profissionais começavam a fazer uso dessa
ferramenta como meio de promoção própria e de marcas de apoio, enquanto
outros passaram a usá-los como espaço para expressar idéias. Vale citar ainda aqueles que são especializados em discussões sobre
equipamentos e outros são uma mistura de tudo isso e mais outras coisas (normalmente, os melhores).
Mas no fundo, no fundo não é só formato das coisas que mudam.
O que muda mesmo é a gente.
Nas entrelinhas da história que aqui é contada, o que se percebe é que as alegrias simples, aquelas das descobertas, vão se perdendo.
Aquela alegria de conseguir completar a primeira meia-maratona, de ser capaz de nadar pela primeira vez em uma prova, de ter o "brevê" do técnico para fazer um Ironman e até coisas que hoje eu acho meio ridículas, tal como vencer o medo de chegar em último no primeiro triathlon Olímpico.
Ou seja, tudo se resumia em lidar a expectativas.
Mas depois as coisas vão se realizando e fica cada vez mais difícil renová-las.
Porque nem sempre o progresso é uma novidade, um caminho novo. Apenas muda o fato que você querer ir mais rápido e/ou terminar mais inteiro.
Esses dias assisti um documentário sobre o trabalho dos "Doutores da Alegria" - um trechinho vai abaixo.
Mas no fundo, no fundo não é só formato das coisas que mudam.
O que muda mesmo é a gente.
Nas entrelinhas da história que aqui é contada, o que se percebe é que as alegrias simples, aquelas das descobertas, vão se perdendo.
Aquela alegria de conseguir completar a primeira meia-maratona, de ser capaz de nadar pela primeira vez em uma prova, de ter o "brevê" do técnico para fazer um Ironman e até coisas que hoje eu acho meio ridículas, tal como vencer o medo de chegar em último no primeiro triathlon Olímpico.
Ou seja, tudo se resumia em lidar a expectativas.
Mas depois as coisas vão se realizando e fica cada vez mais difícil renová-las.
Porque nem sempre o progresso é uma novidade, um caminho novo. Apenas muda o fato que você querer ir mais rápido e/ou terminar mais inteiro.
Esses dias assisti um documentário sobre o trabalho dos "Doutores da Alegria" - um trechinho vai abaixo.
Há um momento em que uma das atrizes fala das dificuldades de se atuar para crianças, pois para essas tudo é descoberta, enquanto que para os adultos as brincadeiras são experiências passadas.
Então ela diz que a empatia do palhaço é o exercício renovado de "descobrir o novo, de novo".
Parece que ela falava comigo....
6 comentários:
Louco, né?
Vai explicar.
Outro dia eu catei um texto antigo seu. Aquele da Bertioga - Maresias. Me ajudou a pensar.
As pessoas leem sim! Nos que não nos damos conta... O seu Blog é referência e serviu de inspiração para muitos...
Abs
Fábio
www.42afrente@blogspot.com
Deixo aqui minha opinião.. Não sou atleta e corro durante meu horário de almoço para me sentir bem.Não tenho planilha muito menos um técnico.
Porém adoro ler artigos sobre o esporte. E credito o motivo ao sonho de ser um atleta. Leio muito e sinto admiração por quem se dedica a si próprio e aos outros compartilhando o que sabem.
Todo atleta é uma fonte de inspiração em potencial.
Parabéns pelo texto e blog.
Bessa,
Um dos motivos, talvez o principal, é a vontade que temos de compartilhar com nossos "amigos" as experiências que acumulamos. De minha parte, passar o (pouco) conhecimento que posso já me deixa contente.
Se eu souber que algo que publiquei incentivou ou ajudou alguém já será motivo para continuar escrevendo.
Abraço
Bessa,
O meu blog existe por influência sua... de tanto me encher acabei começando a escrever... E como você escrevo para mim e não para os outros. Acaba sendo uma terapia, é o momento que faço uma análise da semana de treino o que foi bem e o que foi mal.
Mas sinto falta dos seus posts semanais, querendo ou não lê-los me ajudava a encontrar força para superar minhas proprias dificuldades nos treinos, afinal seus trienos são tão insanos que quando via os meus eu pensava "podia ser pior, podia estar fazendo o treino do Bessa" :).
Só não pare de escrever, mesmo se for papo cabeça.
Bjos
Yeda
Não sei como cheguei aqui, mas achei interessante o seu texto. Porque, diferente de você, a corrida é um mundo novo para mim. Também não sei muito bem porque criei um blog. Talvez porque sinta a necessidade de encontrar pessoas que vibrem com o mesmo que eu. Que escrevam o mesmo que eu poderia ter escrito. Talvez porque precise buscar inspiração e referências...
Não sei...
De qualquer forma, gostei de sua reflexão e voltarei mais vezes!
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