terça-feira, 15 de março de 2011

Um minuto...

Um dos objetivos da atual periodização dos meus treinos é o desenvolvimento da velocidade.

Apesar de ter trabalhado esse aspecto em anos anteriores, o contexto sempre fora as provas longas - 70.3 ou o Iron.

Já vão anos que eu não faço provas com distância de sprint.

E, realmente, foi uma opção. Em primeiro lugar, são pouquissimos os atletas (age group ou não) para os quais a distância é um tanto indiferente e são capazes de conseguir ótimos resultados em provas curtas e longas.

E eu não sou esse tipo. Como não canso de repetir, provas assim são para aqueles capazes de tolerar uma dor intensa em uma proporção que não me imagino fazendo.

Aliás, minha rejeição pelas provas é tão grande que tenho a tendência de achar que o circuíto ITU de triathlon Olimpico chega a ser um esporte diferente. Não acompanho, não sei quem é quem e muito menos gosto de ler sobre o assunto.

Aliás, interessante que a Triathete Magazine dê um espaço muito modesto para discussões técnicas sobre modalidade mais curtas. Uma vez, acho que o MPR na ESPN, comentou que nos EUA o triathlon é identificado muito mais com o Iron do que pelas prova olimpicas.

Quando o Rodrigo comentou que eu deveria começar a fazer provas mais rápidas, lá no intimo fiquei com medo de ficar desanimado. Eu sempre tenho algo dentro de mim que diz que, quando eu estaciono em determinada modalidade, o melhor a fazer é aumentar a distância.

Meus melhores resultados nos sprints do TB foram na casa dos 1:16. E eu não me via capaz de reduzir esse tempo.

Depois, quando passei para o Olimpico, meus tempos começaram a ficar entre 2:32 e 2:35. E a sensação era a mesma: eu tinha estacionado e a questão era seguir em frente, tentando outro tipo de superação - que no caso seriam percursos com distâncias maiores.

Bom, mas eu já tinha lido um texto do Vinicius indicando a necessidade dos triatletas de longa distância se voltarem para provas mais curtas - além de desenvolverem a velocidade, é extremamente importante para sairmos de uma certa "zona de conforto".

Quando passei a trabalhar com Rodrigo, ele reavaliou minha periodização e inovou, incorporando os simulados aos sábados e que tenho narrado aqui toda semana. Nos outros dias de treinos, ele também dá enfase a velocidade, sobretudo na natação e no pedal.

Meu primeiro sprint no Riacho foi 1:18. Um resultado bom, considerando que não faço polimentos e não fazia treino ou prova assim a pelo menos três anos.

Além disso, as distâncias não são exatamente as mesmas: o percurso da natação tem algo em torno entre 850 e 900 metros e eu faço 21 km no pedal. Fora o quê, a altimetria não é plana, como em Santos.

No meu segundo simulado, mesmo cansado, consegui diminuir esse tempo para 1:15, tirando praticamente um minuto em cada modalidade.

Fui para o Internaciona de Santos e outro bom resultado: 2:27. Meu melhor tempo em um olimpico.

Depois de duas semanas, consegui fazer um simulado "limpo" (no carnaval, não contei o tempo porque me perdi no meio da represa e, óh, miou tudo...).

Nesse último sábado, consegui 1:12 no simulado. Um enorme avanço na natação e mais garra na corrida.

Estou realmente nadando melhor e fiz os 750 (ou 900, sei lá) em 13:24, quando estava fazendo acima de 15 minutos. Mas eu já tinha sentido uma melhora nos treinos. Na sexta-feira, ao fazer os tiros de 50 metros, o treinador que fica na piscina veio conversar comigo porque tinha notado que, naquele treino especificamente, eu estava mais rápido.

Bacana!

Claro que a planilha é 90% responsável por essa melhora, mas tem um dado importante - depois de anos nadando com palmares grandes, agora estou trabalhando com alguns bem pequenos. Estou conseguindo maior velocidade de braçadas sem perder o deslize na água que tinha antes.

Na corrida, fui ajudado por um pacer involuntário de um corredor que estava lá no Riacho e fiz para 24 (estava fazendo 25).

Apesar de ter dado tudo na bike, repeti o desempenho das outras semanas e fechei em 35 e uns quebradinhos. Fiz muita força nas subidas, mesmo girando mais, e gemi como um condenado! Só que não consegui aquele "um minutinho" para melhorar também no pedal.

Acho muito interessante o impacto desses treinos no meu condicionamento físico, mas sobretudo mental.

Como tenho insistido, dividir os treinos tem facilitado encarar a maior intensidade que cada pedacinho exige. As vezes, meu objetivo é me concentrar exclusivamente em pedalar forte por 2 minutos, sem pensar se o treino está no inicio, no meio ou no final.

Quando faço o simulado, me concentro em tentar arrancar um minuto de cada modalidade.

Apenas e tão somente um minuto!

E já fico feliz da vida se ganho se consigo um 60 segundos em uma modalide sem prejuizo das outras.

E, nessa fase do ano, quando tudo mundo fala em terminar o Iron abaixo ou acima das 10 ou 11 horas, meu único foco no momento é "tirar segundos" em uma disputa acirrada que tenho contra um percurso duro.

Quando falam que faltam x dias para a largada em Florianópolis, bom...que dia vai ser a prova mesmo? ;-))

4 comentários:

Emiltri disse...

O Joe Friel e mais uma turma de treinadores dos EUA tem uma simples frase que define a necessidade de alternar treinos para longa e treinos para curtas:

Se vc não usar, vc perde.

O nosso corpo é assim.

Parabéns!

Yeda disse...

Numa prova de longa distância diminua alguns segundos do seu ritmo e veja o quanto você reduz no final. Vale a pena investir em treinos de velocidade. Além disso, você desenvolve as fibras musculares brancas que serão utilizadas no final de uma prova longa como maratona. Agora so falta você começar a fazer musculação :-)

Alberto Peixoto disse...

Um minuto é muito tempo... Pura superação...
Parabéns pelos treinos!
Abs
AP

ciro violin disse...

Concordo com os treinos rápidos...
Faça mais desses simulados dando de 85 a 95% de capacidade máxima.
Lembra de fazer sempre no mesmo percurso para analizar os tempo abaixando e ou subindo. Não interessa se tem 900m 19km e 5.4km... faça sempre no mesmo lugar.

Concordo com o Emiltre de que a frase dos técnicos americanos esta correta... "se vc não usar vc perde."
Legal isso.

Só discordo da Yeda.
Não ha necessidade de fazer musculação.
Faça esses treinos de força e explosão que as fibras brancas serão estimuladas da mesma maneira.

Nada pessoal Yeda.. apenas minha opinião baseada na minha experiência prática.

ciro