terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A sabedoria do "Meio Termo"

Essa semana comprei algumas revistas para ler no Carnaval. Pra quê?

Me deu nos nervos.

Sempre que aparece um tema polêmico, complexo ou de difícil resposta nas nossas discussões mundo afora, sacamos do colete respostas prontas que sempre soam como a solução ideal para qualquer discussão, não importa qual.

"Você precisa ouvir o seu corpo".

"Descanso também é treino".

"Cada um é um..."(sic!)

"O corpo manda sinais"

Esse conjunto de apetrechos de retórica pronta é de grande utilidade e anda muito em voga em colunas de "experts" que mandam brasa em revistas especializadas.

Aliás, abre parênteses:

Por quê essa Revistas não mandam para o espaço esses figurões, donos de assessorias de boutique, que já prestaram serviços a nação, mas abdicaram de pensar e agora vivem de falar obviedades para entupir o bolso de dinheiro?

Por quê não colocam pra escrever esses meninos que saem da faculdade, estudam e fazem pesquisa para arejar um pouco as idéias ou dão uma chance para esses caras de assessorias menores, que tem experiência e estão mostrando serviço já faz tempo?

"Pesquisa" em Revista assim, tirando as exceções de sempre, aparece em box apenas quando, mesmo sendo inútil, desperta alguma curiosidade, tal como "Estudo realizado na Universidade X aponta que os indivíduos que dão dez cambalhotas e roem as unhas do dedão do pé antes de correr apresentam 78,6% mais probabilidade de se lesionarem do que aqueles que não dão cambalhotas e costumar freqüentar uma pedicure regularmente."

Agora, fecha parênteses.

Essa profusão respostas prontas nos desobriga de pensar e nos dá a (falsa) sensação de segurança.

Porque quando são utilizadas em debates de idéias, parecem tão consensuais que são capazes de resolver conflitos, já que são verdades aparentemente tão acachapantes que ninguém precisa discutir o assunto.

Vai discutir com alguém que "você tem que ouvir o seu corpo"? Vão te chamar de doido.

Ultimamente, sei lá porque, ando de implicação com outra idéia que me atormenta até em sonho: "Equilíbrio".

"Equilibrio" é o mantra da "sabedoria do meio termo" e que virou recurso muito comum por técnicos de assessorias que usam e abusam do senso comum para dizerem o que a minha mãe, a mãe da minha mãe e a avó da mãe da minha mãe já diziam sem ter faculdade, isto é, "Nem tanto ao céu, nem tanto a terra".

Tudo bem que basta você por o pé na rua e adentrar a uma sociedade completamente neurótica, histérica, compulsiva, predatória e tão consumista em que até o "bem-estar" virou mercadoria de prateleira para notar que não resolve muito ser "equilibrado" se o resto do mundo não é.

Essa coisa de "Equilíbrio" é bonita nos livros de auto-ajuda de quinta categoria do Paulo Coelho.

Porque ler Paulo Coelho é bico! Difícil é ler literatura portuguesa (ou inglesa, francesa...) de qualidade.

Conseqüência disso é como pipocam "pensamentos" nas chamadas redes sociais. Na grande maioria dos casos, são atribuídos a autores que nunca escreveram necas daquilo.

É punk a gente ver frase de um anônimo-mané-qualquer atribuída ao Mario Quintana no facebook.

Pô gente, nós encaramos ironman, maratonas, ultramaratonas que são das coisas mais difíceis nesse planeta, mas alimentamos nossa massa cinzenta com literatura de, digamos, "qualidade discutível"?

Tudo bem, não precisa ler "O Guarani" do José do Alencar.

Mas sua bike vale 20 paus e você não pegou na mão sequer uma Antologia Poética do Carlos Drummond de Andrade?

Só conhece "E agora José" porque viu o Cid Moreira declamar o poema no Fantástico? :-((((

Cacilds!!!!!

Mas, espera....

Tô com a sensação que queimei meu filme....

E não fui muito justo porque generalizei, né?

Verdade.

Aliás, nem sei porque desembestei a falar sobre esse assunto...

Voltando ao assunto "equilíbrio".

Como esse blog é de triathlon, vou me arriscar a dizer o seguinte: se você escolheu fazer esse esporte e se dedicar a ele...bom, então "equilíbrio" é tudo que você não vai achar aqui.

Do ponto de vista do nosso "estilo de vida", é fácil ver que nossa relação com os compromissos familiares e profissionais ficam totalmente embaralhada.

Não "embaralhada" no sentido de que não há uma ordem

Ordem há.

O problema é que essa ordem distoa de 99,9% dos humanos que levam suas vidas de forma rotineira e socialmente aceitável - e entre esses está a sua família, seus amigos e o povo que trabalha contigo.

E tentar ajustar todas as engrenagens é coisa de louco.

Mas sempre surge alguém com aquela sabedoria de botequim e lhe diz "você precisa encontrar um "equilíbrio".

Naturalmente, isso me estressa mais ainda e o "alguém", logo percebendo que vou chutar o balde (e algo mais), arremata:

"Tá vendo como tô com a razão?? A gente quer ajudar e você fica todo descompensado!"

HÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ.... ;-)))))

Bom, a forma como eu encaro o assunto é o seguinte: ao invés de ficar pensando em correr de um lado para outro como se fosse aquele malabarista chinês que equilibra pratos em espeto de bambú, já sou tão pragmático que admito que alguns pratos vão pro chão.

As vezes (não todo dia, não toda hora) eu simplesmente me pergunto da forma mais realista possível "onde é que vou perder menos?"

Por isso que esse esporte serve para nos amadurecer. Porque se faz escolhas e se lida com elas.

Sim, porque ao escolher algo, outras coisas deixam de ter prioridade. E apenas meninos mimados acham que podem ter tudo e tudo ao mesmo tempo.

Como dizia Pete Tosh "Everybody wants to go to heaven, but nobody wants to die".

(Se é que essa frase é dele...;-)))))

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Texto em linha reta....

Quando ocorre uma acidente com um ciclista ou triatleta provocado por motoristas, os nervos ficam a flor da pele.

Se esses acidentes se repetem no espaço de poucas semanas, a situação parece insustentável.

Não vou fazer uma discussão sobre a relação predatória entre que motoristas e ciclistas. Os posts nos Blogs do Ciro e do Max e a excelente discussão que segue no espaço dos leitores realmente resumem tudo o que se pode dizer sobre o assunto.

Ou melhor: quase tudo.

Uma coisa que me incomoda nessa discussão é que a "ficha cai" apenas quando há a morte de uma triatleta ou um ciclista.

Entretanto, indo direto ao ponto: por quê não ficamos igualmente chocados quando esse tipo de barbárie atinge os ciclistas mais pobres que não são atletas?

Bem, as últimas estatísticas dizem o seguinte: em 2001, os acidentes de trânsito com ciclistas vitimaram 1.000 pessoas. Em 2009, foram 1.600 mortes.

Cadê a indignação com essas estatísticas estarrecedoras?

Ahhh, sei...não são triatletas, é isso?

Nós repetimos o problema da classe média mais elitizada nesse pais: as questões só se tornam visíveis pra nós quando batem a nossa porta ou a do nosso vizinho.

Grande parte das mortes não são de pessoas com o perfil sócio-econômico como o nosso ou dos camaradas que brigam por mais ciclovias em Moema.

Esses são educados, tem recursos e são formadores de opinião capazes de brigar por seus projetos no gabinete do Prefeito ou do secretario de transportes.

Já a grande maioria dos ciclistas que "estão por ai" são pessoas totalmente expostas e desprotegidas que, não tendo renda para se deslocarem entre a casa e o trabalho com algum tipo de automóvel ou pelo sistema público de transporte, utilizam a bicicleta como veículo.

O nível de vulnerabilidade dessa população no trânsito é assustador.

Uma pesquisa feita em Pelotas, no Rio Grande do Sul, nos diz o seguinte: 2/3 das pessoas que utilizavam bicicleta (cerca de 18 mil pessoas) o faziam para ir ao trabalho, sendo que 80% delas a usavam a noite e 70,0% em dias de chuva - o que reforça a probabilidade de acidentes, pois em relação aos equipamentos de segurança exigidos pelo Código de Trânsito Brasileiro, somente 0,3 das bikes tinham todos os equipamentos e 55% tinham apenas um equipamento. Em 90% dessas bicicletas não havia espelho retrovisor.

E freios? 15% circulavam sem nenhum.

Bem, e estamos falando de Pelotas, que não é uma cidade mal situada no ranking das cidades com melhor Índice de Desenvolvimento Humano. É possível imaginar a situação nas grandes áreas metropolitanas e nos chamados "municípios dormitórios".

Hoje no Ironbrothers nosso amigo Curado estava preocupado com o número de ciclistas que utilizam suas bicicletas alcoolizados. Ele propõe um campanha que tenha uma visão global do problema, pois retirar os abomináveis motoristas bêbados do trânsito é parte do solução - parte fundamental, mas apenas parte.

Com esse texto, não estou querendo aqui dizer que a morte de um ciclista ou triatleta não é chocante e muito menos que não devemos protestar até perder a voz cada vez que uma vida humana se perde.

A morte de qualquer um ou de mil é uma perda inestimável. Não se trata de números, que fique bem claro.

O que estou querendo chamar a atenção é que essa coisa intolerável acontece todo dia!!!!

TODO DIA!!!!

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Internacional de Santos 2012


Ano passado, mais precisamente no dia 20 de fevereiro, eu anotava aqui no Blog depois de ter alcançado um PB no Internacional de Santos.

"(Fiz ) a prova para 2:27:53, cerca de quatro minutos abaixo do meu melhor tempo em triathlons Olímpicos até o momento. PB. (...) Mas esse meu lado mais crítico diz assim: alguns minutos não indicam que você mudou de patamar. Para isso, o ideal teria sido na casa dos 2:20. ;-)))"

"Mudar de patamar" no contexto que escrevi era uma forma de registrar que melhorar alguns minutos é inegavelmente bom, mas pode resultar de questões circunstanciais: um dia sem correnteza no mar, pouco vento ou uma manhã sem sol podem nos fazer alcançar nossos "PBs", digo, nossos recordes pessoais.

Exemplo.

Em 2009, minha natação no Iron foi para 1:26. Em 2010, caiu para 1:05.

Nunca nadei tanto em tão pouco tempo.

Virei uma baita nadador? Nada disso. Em 2009 deu tudo errado e, no ano seguinte, a correnteza Floripa nos empurrou para a praia.

Só em 2011 eu realmente alcancei um tempo compatível com a minha real capacidade de nadar.

Mas é o meu tempo de 2009 que está registrado na minha história pessoal.

E não significa nada.

Em outros momentos, sinto que realmente eu consegui alcançar "algo".

Esse "algo" é muito subjetivo. Nem vou tentar explicar, pois se eu já me enrolo para explicar as coisas mais triviais, imagina como iria trupicar nas pernas para falar sobre uma coisa metafísica tal como "algo".

Porque os que podem e tem condições de disputar um pódium, uma vaga para Kona ou Los Angeles, bem, esses tem uma medida muito objetiva do que é o desempenho.

Mas a grande maioria de nós temos apenas objetivos pessoais e alguma esperança - conquistar a distância de um Iron, fazer um sprint abaixo de 1:10 ou ganhar uma vaga para o mundial na rolagem das vagas.

"Algo" pra mim é assim: eu pego o ranking de uma prova com a distância de um triathlon olimpico e vejo que fiquei em 20, por exemplo.

A diferença entre o 20 e o 15 é de apenas um minuto, que julgo muito pouco: cinco posições pra baixo, cinco para cima pode ser apenas o resultado de uma questão de momento, de alguns detalhes, enfim....

Nesse quadro, tem ano que eu fico um pouco na frente, tem ano que fico um pouco atrás.

As vezes parece que estou regredindo. As vezes parece que estou avançando.

Mas no fundo, no fundo estou no mesmo lugar.

Assim entendo "mudar de patamar" como uma coisa mais consistente, em que eu pulo de uma faixa pra outra. Pode ser sua faixa de tempo, colocação ou mesmo nadar, pedalar ou correr como aqueles amigos que fazem coisas que eu invejo.

Simples e muito intuitivo, sabe?

Era assim que eu pensava ano passado. Melhorar, mesmo, seria alcançar no Internacional de Santos 2:20. Chegar junto com "os caras" que ficam no bloco intermediário entre os que ganham e os que ficam um pouco atrás.

Mal falando, não é a "elite"; é uma "classe média alta". (rs)

Para fazer valer a pena o Internacional de 2012, eu teria que subir um degrau na escada.

Mas seria difícil.

Como estamos no começo do ano, os resultados dos treinos de cada dia foram sofríveis, em que pese ir melhorando aos poucos...

Quando eu olhava o que acontecia no dia a dia, não projetava nada em termos de desempenho. Nas duas primeiras semanas tive dores musculares e alguns dias fiquei sem poder treinar por conta disso. Fora que me sentia com 120 quilos....

Só que o resultado da prova foi diferente.

A sensação foi que "o todo" (a prova) não foi igual a soma das partes (cada dia de treino).

Acho que nesses momentos mais complicados, não conseguimos ter uma perspectiva do nosso estágio de preparação: como vou fazer o melhor em um prova disputada, difícil, se não consigo ao menos dar conta das pequenas batalhas na rotina dos treinos do dia a dia?

Eu vou lá fazer o quê?

Ai entra o coach...

Mas vamos aos poucos...

Treinos

Esse ano o Internacional foi mais cedo que o ano passado. Quando o Rodrigo Tosta me enviou a planilha, pediu para dar uma segurada na intensidade nas duas primeiras semanas de janeiro. Além disso, seria um período de retomada e, portando, de treinos curtos que mal extrapolavam uma hora.

Mas não "treinei menos". Treinei mais...

Como acordar cedo tornou-se um hábito, incorporei às manhãs de terças e quintas um pouco de musculação, alongamento e um pouco funcional na academia.

Não fiz isso pensando em performance. Foram basicamente por dois motivos: primeiro, porque gostaria de não me machucar tanto como aconteceu no segundo semestre do ano passado. Pode dar certo, pode não dar. Mas eu estou me esforçando....

O segundo motivo é que os treinos são curtos, como disse - só que alguns deles são intensos. E intensidade é algo me que dói mais mental do que fisicamente.

Ir na academia pela manhã sabendo que não estou lá para sofrer me ajuda a suportar esse período. Não que seja "facinho" - são exercícios com esforço moderado, sendo que alguns bastante desafiantes.

Com isso, passei a treinar todos os dias em dois períodos.

As segundas-feiras, eu fazia nadava pela manhã. Basicamente volume com esforço progressivo. A noite, fazia alongamento em casa.

Na terça-feira, uma hora de academia pela manhã mirando as pernas e, a noite, um treino no rolo - aquecimento, depois 5 x 1 minuto forte a 90 rpms e mais 10 forte com 70 rpms. Duas vezes. Treino curto, mas tinha que ser forte!

Na quarta-feira pela manhã natação, cuja parte principal era um TT de 1k ou 20 chegadas. Ao final, saia da água imprestável, mas a noite eu corria 40 minutos aqui perto de casa e fazia mais alongamento para descontrair.

Quinta-feira, mais musculação pela manhã, mas com foco no tronco. A noite, mais rolo: treino muuuuito pesado: 5, 10 e 15 minutos no Big Gear - coisa de 45 rpms FORTE.

Mas esse eu até gostava, viu? Saia ensopado, mas sem aquela sensação de "afogamento".

Sexta-feira pela manhã outra vez na piscina. Coisa de 45 minutos. A noite, corrida puxada na esteira - 20 de aquecimento, 3 x 1 minuto no talo e 1 médio para não deixar a frequência cair muito e, em seguida, 10 minutos moderado/forte. Isso três vezes.

Treino difícil. Quando na planilha está escrito "moderado", eu por hábito sempre faço "moderado/forte" porque não gosto de sair de um exercício com a sensação de que o treino foi "tranquilo" - a exceção de quando está explicitamente colocado que deve ser "fácil".

Nem dava tempo de descansar e no outro dia lá estava eu no Campo de Marte para fazer 800 forte e 200 relax, 800 forte e 200 relax...até alcançar 1ok.

Mesmo com as pernas travadas e me sentindo pesado, fui melhorando semana a semana.

E, finalmente, um pedal Time Trial de 40 Km no Riacho Grande - que eu só fiz uma vez lá, pois choveu muito em janeiro. Substitui pelo rolo, fazendo a mesma distância aqui na sala de casa....

Resultado? Excelente!!!!!

Quebrei no primeiro domingo. Quebrei no segundo. Quebrei no terceiro. ;-))))

Eu errava a intensidade todas as vezes e nem dava 20k, mas empurrava o pedal até o final por pura teimosia.

Eu tinha que me testar antes do Internacional, pois tinha feito o Bike Fit com o Pipo em dezembro e não tinha pedalado uma vez sequer na rua depois do 70.3 de Miami.

Fui para o Riacho uma semana antes da prova. Fiz os 40k lá com média de 36.5 km/hora, gemendo como um burro velho naquelas subidas da p%$%#%...

Mas sabe quando você está tanto tempo sem fazer um treino que chega a perder a noção se está bom ou tá ruim?

Ainda lá perguntei para o Clodoaldo Oliveira o que ele achava, se era razoável e ele respondeu "Ôôôôôô...". :-)))))

Mas escrevi para o Rodrigo que a prova era cedo demais e que não tinha dado tempo de me preparar como eu queria. Tinho feito apenas um treino de transição...

Ai ele me tranquilizou (como sempre) e a gente combinou que, bem, o que importava era fazer o melhor.

Pensar apenas nisso.

Não teve polimento, apenas um dia de descanso no sábado.

A Prova

Esse ano cheguei em cima da hora e fui logo arrumando as coisas. Como estava tenso, também fiquei mais focado e fui logo para a praia. Mas só consegui molhar o corpo.

E começar sem aquecer não é bonito....

Antes da largada, parei ali na areia e olhei as bóias. Pensei "a bóia que eles colocam para a elite está ali no meio. Portanto, tenho que ignorar essa que está mais perto e mirar aquela lááááá atrás".

Beleza!

O mar estava uma piscina, mas a gente tinha que andar muito dentro da água antes de começar a nadar.

Tudo bem...

Comecei a nadar, nadar, nadar...e rapidamente notei que a primeira bóia estava pertinho.

Pensei "Nossa, tô bem...."

Beleza (2)

Mas....

"Espera! Mas está pertinho demais essa bóai, hein?"

Ganha um doce quem conseguir advinhar para qual bóia o esperto aqui nadou...

Bidú. :-((((((

Virei o corpo para a direita e vi a bóia correta no fundo do mar....

E vou eu lá atrás dela.

Só que não estava me sentindo muito bem. Meus braços doiam. Nadei como deu, mas sentia que vinha um povo atrás e que eu estava entre os últimos.

O resultado foi longe do esperado: 00:28:21, sendo o 32º colocado na categoria.

Sai da água e fiz uma transição até decente, pois nadei com um speedsuit e tirei rápido.

O começo do pedal em Santos é complicado, porque as condições do asfalto são muito irregulares.

Tem trecho bom, tem trecho que arranca dentadura.

Como tenho um DNF em razão de um tombo por aquelas bandas minha estratégia era conservadora até a Anchieta.

Quando saimos do trecho urbano, abri uma boa distância de quem estava pedalando comigo naquele inicio.

De uns tempos para prá, meu pedal em provas de triathlon é Time Trial. Eu simplesmente pedalo como se não fosse correr depois.

Porque eu sei que dá. Não consigo explicar se é acumulo de tempo no triathlon (embora esse seja bem curto) ou o fato de pedalar "travado" e com passadas curtas depois.

Sei apenas o seguinte: quando sair para correr as pernas vão estar "soltas".

E, tem outra coisa - tenho uma coisa com a minha bike que vou te contar!!!!

Olha, minha Fuji Aloha 1.0 é de alumínio e baratinha, baratinha. Só que, não sei explicar, comigo ela simplesmente funciona!

Como ela, gosto de ver minha sombra projetada no asfalto e gosto mais ainda do ouvir aquele som da roda girando quando despejo potência no pedal.

Bem, pedalei contra o vendo na ida e fiz a primeira parte com média de 37 km/hora. Entretanto, no retorno, vinha um pelotão gigante.

Gi-GAN-TE.....

Lembrei de um toque do Kleber Correa - encosta no muro da Anchieta e pedala forte.

Foi o que fiz. Fui ultrapassando fácil, mesmo sentindo que as vezes estava um pouco afogado e com as pernas ardendo nos momentos em que eu tinha que ultrapassar os caras mais fortes.

Só que depois mue fôlego voltava ao ritmo normal e minhas pernas paravam de arder.

Estava indo para 38,5 km/hora e subindo, subindo, subindo....

Só que perto da área mais urbanizada o pelotão, que ficou menor, me alcançou. Parece uma chuva de meteoros...um, dois, três, quatro, cinco...oito...dez...vão te ultrapassando.

Tirei o pé para deixar os caras passarem.

Entretanto, pelotão de triatleta em que o vácuo é proibido é coisa de gente fraca (e covarde) que precisa dos outros para fazer algo que deveria fazer por sua própria conta.

São ciclistas fracos porque juntos eles te alcançam, mas não tem força para ir embora!!!!!

No Riacho Grande os pelotões dos ciclistas não te dão chance.

Mas lá me Santos, não. Eu rapidamente chegava nos caras novamente, ia para a esquerda e pedia passagem.

Ia para frente.

Só que o rapaz que puxava os caras (ele sim, muito bom) me seguia e trazia novamente um, dois, três, quatro, cinco...dez caras me ultrapassavam em sequência!!!

Eu pedia ao fiscal que acompanhava o pelotão (sim, ele "acompanhava") que acabasse com aquilo.

Eu estava querendo ir embora e ao mesmo tempo morria de medo de ser fotografado naquela situação.

Só que o fiscais (aliás, Moto 11) apenas pediam para o pessoal ir para a direita para dar passagem!

Apenas isso!

E ninguém atendia o fiscal. O cara da minha frente, para quem eu gritava "esquerda, esquerda..." virou pra mim e disse " não, dá! A gente não pode perder o lider".

Juro por Deus! :-((((((

Virei para o fiscal e gritava com ele que aquilo era um absurdo! Ai o sujeito me disse "vácuo era proibido apenas para a elite".

Eu tive vontade descer da bike para tirar o capacete e jogar naquela moto!!!!

Quando chegamos na cidade já não era possível fazer mais nada, pois se pedalava entre os cones onde apenas duas bikes podiam passar.

Tirei o pé para aquele povo ir embora e quando olhei a média tinha despencado.

Acho que sou o único otário capaz de utilizar um pelotão para prejudicar a sí mesmo.

Só que prefiro que seja assim do que ficar no meio de um agrupamento e depois dizer "Eu não queria, mas não teve jeito, né? Fazer o quê..."

Sei....

Tentei retomar naquele retão antes da transição. Pedalei forte, mas sempre pedindo para ultrapassar os que estavam na frente e pedalando em grupo.

O resultado não foi ruim e consegui 1:04:39 (contra 1:11 de 2011). Considerando que na bike se conta as duas transições, só o pedal mesmo deu pouco menos de 60 minutos.

No contexto da prova, a coisa já tinha melhorado bastante, pois fui o 8º da categoria com esse pedal.

Bom, costumo ser "folgado" nas transições, mas fiz uma T2 relativamente rápida e fui embora.

Minhas pernas estavam bem e não senti o esforço da bike. Como tinha feitos de 10k com com "tiros" de 800 metros, estava bastante confiante que não iria quebrar.

E, pôxa, para quem fez só prova de 70.3, correr 10k não seria aquele drama.

Só que não importa, sempre é um drama!

Porque quando você está buscando "algo" (lembram do "algo"?) nunca para de fazer força. Se diminui a distância, você faz mais força ainda.

E como fiz força!!!!

Como vinham uns cara bons no meu encalço, como o Luis Tinello, pensava que deveria em acelerar em algum momento.

"Vou acelerar nos últimos 5k."

"Não, não...vou acelerar nos últimos 4k."

"Espera... deixa para quando faltarem 3k."

"Pôxa, vou esperar mais e ir com tudo nos últimos 2k."

"Huuuummm...acho que vou deixar para o último quilômetro...."

"Caramba, um um quilômetro é muita coisa! Deixa chegar nos 500 metros finais..."

Na real mesmo, só quando entrei na areia dei aceleradinha....:-))))))

Fiz a corrida para 0:45:28 contra 0:49 no Internacional do ano passado.

Considerando minha faixa etária, foi a 10º melhor corrida.

Resumo: não fosse a natação horrível, daria para ter ficado entre os dez.

O resultado global de 2:18:20 - 15 na faixa e 219 no geral.

Feliz? Bom, o Vagner do ano passado e que escreveu aquele post no Blog está bem satisfeito.

O que está aqui na frente do computador, por outro lado, está pensando "foi bom, mas eu poderia ter feito melhor. Tenho que nadar de forma descente, menos estúpida e fazer mais força no pedal para ficar longe dos pelotes. Dava para ser 2:15!!!!!"

Esse lado critico pode ser bom para a gente não se acomodar, sentar em cima das metas alcançadas e achar que agora pode comer pururuca com torresminho...;-))))

Mas as vezes parece uma maldição - nada, nunca está bom!