E a forma como eles finalizaram a prova mostra as estreias dramáticas, quase “sangrentas” como as crônicas no site do Ironman narram é uma coisa muito distante da experiência das pessoas que são bem orientadas, tem clareza dos seus objetivos e de todo trabalho que leva até eles.
Para mim, foi o fechamento de um período de treinos de três anos. Ainda é viva a lembrança do primeiro Iron, em 2009, quando eu pensava que 11 horas de prova era uma expectativa viável e, ao me deparar com 12:48 no pórtico tive um choque de realidade.
Em 2010 um grande avanço, quando fechei meu segundo Iron em 11:46 minutos, mas ainda distante daquele sonho inicial.
As vezes, os saltos, uma mudança de patamar, ocorrem. Isso pode ser atribuído a disciplina ou ao talento? Quando se treina duro, muitas vezes em dois períodos quando o trabalho permite, e os resultados não correspondem meses e anos de dedicação, o que falta?
Os treinadores apenas pedem paciência e trabalho duro. Mas há momentos em que você acha que desperdiça o seu tempo e de quem lhe dá dedicação – parece que há um limite físico e mental que não permite ir além.
As metas parecem ambiciosas, grandes demais. E a sua mente não é organizada de forma linear como nas planilhas. Você tem apenas fragmentos de treinos longos, treinos fortes, treinos progressivos, treinos fracos, treinos intervalados, treinos de velocidade, treinos, treinos e mais treinos entremeados por muito cansaço e resultados com muitos altos e baixos considerando tanto esforço.
Como essas coisas se integram de forma coerente ao longo do tempo? Qual a lógica de tudo isso?
A Viagem
Esse ano, fiz as coisas um pouco diferente. Ao invés de ir de carro, peguei um avião. E dei sorte de, já no Aeroporto, encontrar o Vinicius Santana que é o atual Head Couach do Ironguides e mora na Tailândia.
Encontrar o “Boss” é sempre bacana. Ele conhece muita gente do circuito internacional de triathlon, tem ótimas histórias e se você apertar um pouco ele te conta o que a Chrissie Wellington tomava no café da manhã e como ela se vestia quando ambos faziam parte do TBB (rs).
Quando o Rodrigo Tosta passou a ser o meu técnico e vieram os meus melhores resultados, escrevi para o Vinicius agradecendo. Porque me sentia em débito com um cara que me deu anos de dedicação, mas nunca retribui a altura. E esse “a altura” significa apenas cumprir as metas que eu mesmo estipulava – completar um 70.3 em menos de 5 horas e um Iron Sub 11.
Cheguei lá na quinta-feira a noite e me alojei em um Hotel em Jurêre Nacional. Pela primeira vez fui sem carro. Na verdade, tenho algumas coisas esquisitas em relação a isso: eu não gosto de fazer a viagem de ida, mas sim de volta.
Também acho estranho, já que teoricamente a volta é cansativa e você fez a prova, enquanto na ida, não.
Mas que importância isso tem? Nenhuma, né?
Eu não sei porque tenho essa mania de entrar em assuntos sem o menor interesse...
Vamos cortar isso aqui...
Antecedentes
Os dias que antecederam a prova foram completamente fora da cartilha. Fiquei batendo perna na sexta-feira na Expo, muito por conta dos amigos. Quando encontrei a Deise Jancar, que é Master em Ironman e PhD em Expo de Ironman, ai então.
Depois fomos almoçar naquele Open Shopping bacaninha que tem lá, já que o Marden Mota tinha marcado um almoço e sugeriu um restaurante lá dentro. Depois chegou a turma do Landinho, que é da assessoria do Presidente e o pessoal sentou com a gente.
No último dia, ainda encontrei a Amaya, o Edú Carvalho, Denise, Galah, Fernando e a Ana da Find que estavam lá para dar uma força pra Deise. Conheci pessoalmente o Paulo Cordiolli e a Cris da Mynd Sports
Fiquei meio cansado da badalação?
Fiquei, viu?
Mas isso faz parte do Iron. Você tem a oportunidade de revêr pessoas e conhecer outras que fazem parte desse mundo do triathlon brasileiro e frequentam as tais “redes sociais”. São pessoas que tem perfil no facebook, blogueiros, editores de revistas digitais, técnicos...enfim.
Creio que isso não tenha me atrapalhado, ainda que eu não recomende para ninguém ficar no fuzuê o tempo inteiro.
Bom, fiz um “treino” no sábado. Pedal e corrida com o pessoal do Ironguides.
E vejam com são as coisas.
No pedal, nada aconteceu. Estava ansioso para testar a bike, já que tinha feito duas revisões e estava curioso para saber se o transporte do equipamento que arrumamos foi legal.
Foi. A bike continuava regulada.
Só que sou cismado com pneu furado. Fico tenso. Tenho uma intuição para isso que me deixa maluco. Na oficina que fiz a revisão, pedi para olharem mil vezes a câmera e, principalmente, o Mr. Tuff.
Mas quando fui entregar a bike no sábado, o técnico do Marcelo, o Landinho, levou as sacolas para a gente de carro e pediu que déssemos uma parada na casa onde eles estavam.
Entramos em uma rua paralelepípedos, meu pneu dianteiro esvaziou.
O Landinho olhou e disse “Calma que eu troco para você”.
Ele olhou e foi logo dizendo “Você usa Mr. Tuff? Eu não gosto e, se fosse você, não usava...”
Eu fiquei meio assim. Porque Mr. Tuff para mim, se não adianta, eu sabendo que ele está lá, já me deixa mais tranquilo – porque alguma coisa estou fazendo para evitar que a câmera vá para o espaço.
Ele tirou o Mr. Tuff e ele estava com um corte no meio. A câmera tinha um furo pequeno.
Ele disse “Acho que o Mr. Tuff uma porcaria, mas o problema aqui é outro – essa câmera é uma porcaria e furou por outro motivo: defeito de fabricação”.
Ai você começa a pensar que gasta uma grana com trocentas coisas inúteis e economiza na câmera.
Ele jogou tudo fora, calibrou os pneus e disse “Vai tranquilo que nada vai acontecer”.
A segurança com que ele falou desanuviou todas as cismas que eu guardava. Fui embora com a certeza de que aquilo tinha se resolvido de vez.
Dia da Prova
Acordei as 3:45 e sai da cama rapidamente. Preparei a alimentação e as coisas que iriam na caramanhola. Chegamos eu e o Presidente bem cedo, preparamos tudo sem pressa e cuidadosamente em uma sala que ainda não estava lotada – mas já tinha nêgo da organização gritando que a área da largada, na praia, já iria fechar.
Encontramos o Mota e fomos batendo papo. Depois, perto da largada, achamos a Deise e o Landinho. Fomos todos para a área de onde seria dada a largada e ficamos batendo papo.
A coisa estava tão descontraída que, quando deram a largada, o Presidente disse que tomou um susto (rs).
Larguei mais ou menos no meio do povo, nem tanto a direita, nem tanto a esquerda, assim como nem tanto atrás, nem tanto na frente.
Enfim, larguei no meio da galera!
Natação
Achei o começo muito tranquilo para quem esperava bofetada para tudo que é lado com o número de participantes esse ano. Mas isso não ocorreu.
Até a primeira bóia, um looongooooo caminho, as coisas aconteceram “nos conformes”. Mesmo no momento de contornar a dita cuja, que é sempre tenso, não foi das piores situações que já passei.
Claro, sempre tem gente que cruza pra cá, cruza pra lá e passa por cima mesmo.
O mar estava bastante marolado, mas a correnteza jogava da direita para a esquerda, favorecendo o trajeto dos nadadores entre as bóias.
Fiz a primeira perna sem maiores problemas. Mas quando comecei a segunda, me bateu um desânimo. Já solto dos aglomerados confusos de outros nadadores, meu nado deveria se desenvolver de forma mais tranquila e rápida – só que quando levantava a cabeça e via a bóia no fundo do horizonte, na frente do sol, senti uma deprê momentânea.
Porque na natação a mobilidade é lenta e, no meu caso, lenta demais.
Falta de paciência, claro...
Fui atééééé lá, no fundão, e retornei. Chegando na praia, fui levantar e tomei um golpe nas costas de uma onda muito da sacana.
Como tive problemas de lombar nas semanas que antecederam a prova, na hora pensei “f@$#@”.
Deixei o corpo dentro da espuma e não lutei. Puro instinto.
Quando levantei, me movimentei um pouco e percebi que estava inteiro e sem dores nas costas.
Mas notei também que estava a menos de dois metros de uma pedra que certamente racharia minha cabeça.
Tinha uma menina ao meu lado e estendi a mão a ela. Acho que ela pensou que eu estava querendo ajuda-la, mas o que eu queria mesmo era que ela me puxasse de lá.
Ai, né? Zero a Zero. ;-))))
Fechei aos 3,8km da natação na casa 1:11 (na primeira parcial que a Latin Sports disponibilizou, 1:09)
A coisa não tinha sido tão mal assim – mas só percebi isso quando vi a Cintia Tobar tirando a bike do cavalete no mesmo momento que eu.
Bike
Foi fácil localizar a bike.
O único problema é que eu não sabia para que lado correr para sair de lá!!!
É molé um negócio desses?
Apontei pra cá, dei uma corridinha pra lá, fiquei rodando em círculos. Ai o Artur, triatleta blogueiro que estava lá vendo a prova e dando um força na organização, vendo eu perdidinho da silva, gritou:
“Vagnão, vira para o corredor...Pra cá...Nããão, pra lá não meu filho! Onde cê tá indo? Volta! Pra cá, vira de costas! Não, não de costas pra mim, de costas pra lá. I...Is..Issôôôôôôôô, assim mesmo... para o corredor...agora corre até o fim!”.
Foi punk!!!
Pra ele, claro! Porque acho que ele ficou mais estressado que eu, coitado! ☺
Comecei o pedal com um certo trânsito, mas me lembrei da orientação do Rodrigo “Vai tranquilo, mas nada de molezinha”.
Fui passando e senti que estava indo em um bom ritmo. O vento estava bem tranquilo e não tinha encontrado pelotões até então para me encher o saco.
Nas subidas, lembrava dos toques do Mota e resolvi subir sem fazer (muita) força – para quem treina no Riacho, fica realmente fácil e fui passando todo mundo até chegar lá em cima.
Na cidade, na área dos túneis, meu maior medo – o vento. Só que ele não deu as caras, pelo menos com a intensidade que eu esperava!
Fiz a primeira volta com uma média de 33,5 km/hora em cadência pesada, algo em torno de 69 rpms, quase um Time Trial.
Na segunda, logo no retorno dos últimos 90, senti que o vento tinha mudado e ficado mais intenso. A ida seria com vento e a volta...com vento! (rs).
Minha experiência em Floripa mostra que meu desempenho cai muito na segunda volta por conta de dores lombares e do vento – claro, duas coisas que estão correlacionadas.
Na áreas dos túneis, com o vento contra, desci a cadência e decidi não lutar. Pensei nos meus treinos no rolo, adotei uma posição aero e tive paciência. Fiquei preocupado em forçar demais a musculatura da perna. Comecei a administrar a média de forma a achar uma marcha adequada em que eu “perdesse menos”. Na área dos túneis, quando pegava rajadas laterais de lascar e vento forte contra, descia para a coroa menor e girava mais – sem, no entanto, cansar meu sistema cardiovascular porque eu não tenho giro rápido, não treinei para isso e, sinceramente, não gosto.
Muita gente me passava e fui ficando, mas não abri mão da estratégia. Certamente, foi o momento de maior angústia – muita, mas muita gente me passava. Mas paciência. Eu não podia mudar minha estratégia porque, primeiro, meu objetivo era vencer a mim mesmo e, segundo, como já ouvi alguém dizer:
“Se alguém puxa muito e se esforça demais, não esquenta que você vai passar lá na frente. Agora, se você não alcançar, é porque a pessoa é melhor e você não podia fazer nada mesmo”. (rs)
Quando o vento ficava a favor, ahhhhh, ai era coroão e catraquinha. No momento em sai daquela ventania na área a beira mar e apontei na estrada de volta para Jurêre, estava novamente em esquema de contra-relógio.
Só que, de repente, chega o Renato Abreu do meu lado.
Nós temos o mesmo técnico e ele estava no primeiro Iron. Conversamos um pouco, um do lado do outro e, de repente, eu disse “E então, vamos?”
Clipei e, quando levantei a cabeça, o cara deslanchou uns dois quilômetros num vapt (ou vupt, sei lá eu)!!!!.
Eu gritei “Ôôôô Renato, pé-pérai meu velho! Ô mêêêêêuuuuuu”!!!!
Tem gente que não sabe brincar! ;-))))
Mas vim seguindo ele meio que de longe, novamente em esquema de contra-relógio.
Claro, sei que isso pode ser uma loucura para quem está em um Iron, porque parece insano fazer isso depois de ter pedalado 140 km, ter mais 50 pela frente e, depois de tudo, ter que encarar uma maratona com as “pernas pesadas”.
Pois é...mas “nunca antes da história desse país” posso dizer que me senti tão forte. Minha experiência me ensina que, não importa o esforço que eu faça no pedal, minha corrida é quase independente – falo do ponto de vista muscular, lógico.
Eu não sofro da “síndrome das pernas pesadas” – e acho que isso é o treinamento de anos com o Ironguides. Mas avançar nesse ponto e entender o porquê é uma questão que me foge completamente. Passo apenas como me sinto.
E, no mais, eu me sentia livre. Embora fosse uma “liberdade responsável”, lembrava do Chico, Edú, Artur, Colucci, Emiliano, Denys e todos os que escreveram no Blog dizendo “senta a bota”! (rs)
Foi o pedal mais fantástico que já fiz – fechei para 5:32 com uma média de 32.3 km/hora.
Para quem em duas oportunidades não tinha conseguido atingir 30 km/hora, ôpa, estava excelente. Como tive um início mais rápido, consegui ir além da meta que o Rodrigo tinha pensado, isto é, entre 31,5 e 32 km/hora.
Mas o pedal do Iron não acaba quando você tira o pé do clip e põe no chão...
Ao descer da bike estava lá o Artur novamente.
Ele ”Vai Vagnão, vaiiiiii....”
Olhei para ele e, com o corpo totalmente degringolado, disse “Não dá Artur”....
Ele “Dáááááááá...vamú, vamú, vamú, rapá!!!!”
Eu disse “Ai, ai, ai...Não dá Artur”.
Putz, eu parecia uma meninha chorona naquela hora!
Se o pessoal da Latin Sports me vê, acho que o fulano lá vai dizer “Quem é esse cara? Tira esse sujeito da prova que isso tá avacalhando com a nossa franquia gente. Se isso ai vai parar no Youtube a gente tá f$#@#$%$”.
Só que, pô...Ironman é IRONMAN, mas a gente também fica sensível caramba! ;-)
Não sei como o pessoal consegue descer da bike e sair correndo depois de 180 km.
As minhas pernas, estas que estão aqui, não obedecem como a desses caras, não!
Pra falar a verdade até que tentei, mas ficava “correndo” praticamente no mesmo lugar...
Sabe “os manú“ de grupo de pagode que ficam dançando com passinhos curtinhos em roda de samba?
Substitui o pandeiro e pensa em um branquelo feio de capacete aero com bermuda colan dando passinhos à la Rubinho Barrichello.
Agora tira o sambinha.
It’s me...
Mas, enfim, quando eu largo pedal, fico feliz. Porque o pior já passou...
Nesse momento, lembro de um comentário que, não sei quem fez, acho que a Ana Oliva em um vídeo, em que se diz o seguinte, “Ufá, agora só faltam 42k...”.
E é assim, exatamente assim, que penso toda vez que faço isso esse tal de Ironman!
Corrida
Peguei minha sacola, fui para aquela área de troca de roupa e me troquei rapidamente. O problema é que preciso comer bolo com Pepsi – é quase um ritual – em 2010, lembro de ter chegado com muita fome nesse ponto da prova e pensando “se está assim agora, vai faltar combustível na corrida”.
Mas, com as outras coisas que comi durante o caminho, não faltou.
Só que, nesse ano, não levei a cinta de hidratação. Carreguei os bolsos de gel, barra energética que tinha sobrado da bike e duas garrafinhas com gel diluído. Pedi, pelo amor de Deus, para uma menina me dizer qual dos banheiros químicos foi menos usado e, depois de passar de por aquela provação, sai para correr.
Iniciei a corrida executando o jogo de passadas rápidas sem qualquer problema muscular ou sensação da fadigo, mas me senti com muitas coisas nos bolsos (minha bermuda tem quatro) e joguei as garrafinhas fora. Foi besteira...
Porque durante a corrida eu não consegui me alimentar com nada sólido – nem gel. Tudo foi a base de água, Gatorade e Pepsi.
As garrafinhas com gel diluído, poderiam ter feito falta...
Segui mais ou menos a estratégia “run/walk” - que consiste em você se programar para andar em certos trechos ou períodos de tempo, afim de não fadigar seu sistema neuromuscular.
Digo “mais ou menos” porque o Rodrigo tinha sugerido fazer isso em todos os postos de hidratação e caminhar entre 30 e 45 segundos.
O que fiz foi andar em alguns e, na maioria deles, andar 15 e 20 segundos.
Ao enfrentar as subidas para Canasvieiras, não andei nas subidas. Sei lá, pode ser ineficiente andar ali, mas eu sempre chego naquele ponto bem e subo sem grande esforço.
Então pra que vou andar, ué?!?!
Na descida, vi a Ana Lidia a frente da Mariana Borges, da Soled e da Fernanda Keller em um pega fantástico. Encontrei também o Fred e o Mota descendo, um atrás do outro, um pouco atrás das meninas.
Mas, lá em cima, já no platô, cruzei com o Sandro Magalhães. Em 2010, quando comecei a subida, bem no comecinho, o Sandro estava indo para os últimos 21k.
Pensei “caramba, que legal!”. O Sandro é um cara forte e encontra-lo naquele ponto mostrava que o pedal mais rápido tinha feito a diferença. Uma baita diferença.
Mas Canasvieiras meio que me “desequilibrou”, me tirando do ritmo. Claro que isso é natural, mas eu achei que o prejuízo tinha sido grande.
Entretanto, ao fechar os primeiros 21 km, olhei o meu poderoso relógio da Decathlon de sessenta contos e ele mostrava 1:53!
Nada mal!!!!
Então, de novo pensei em ser mais ousado. Diferentemente de 2009 e 2010, em dividi os últimos 21k uma duas partes, uma lenta e outra rápida, decide impor um ritmo “forte” para ver o que acontecia.
Corri tal como fiz nos treinos. Aliás me lembrei muito disso!
No meu último longo, o Rodrigo pediu 2:45 divididos em seis partes. Progressivo.
O treino foi tão forte a ponto de ter passado aquela noite em branco. Nas duas últimas partes, eu estava muito veloz.
Foi excepcional ter feito isso, pois me deu muita confiança para forçar, já que entendia eu que meu corpo responderia.
Mesmo depois de devidamente “escovado” pela Cintia Tobar, aquela menina “ridícula” que me passou sem o menor conhecimento (rs), eu fui passando, passando, passando...Beleza!
Quando encontrei o Rodrigo para fechar os últimos 10,5k ele disse: “Vagner, você tá bem! Mantém o ritmo que você quebra a barreira das 11 horas!!!!”
Olhei para ele, e disse “Tudo bem Rodrigo, mas posso te pedir um favor?”
Ele olhou pra mim e emendei “Segura o Sol pra mim!!!!!” ;-)))))
Quem faz o IM Brasil, sabe o que significa isso...
Bom, voltando, olhei o relógio: 2:53!!!!
Aquilo seria um sonho?
Um tinha uma hora e sete minutos para correr pouco mais de 10? Isso?
Sai correndo no mesmo ritmo, mas com uma felicidade...não dá para descrever.
Só que, como nada é fácil no caminho de um corinthiano, nos últimos 5 km, dei uma quebrada.
Não era muscular. Nem falta de gás. Era o meu cérebro olhando para o meu corpo e ligando o pisca de alerta.
Conheço bem isso. Parece que aumenta a viscosidade das pernas as distâncias crescem exponencialmente mesmo quando elas estão diminuindo...
Mantive a técnica de passadas rápidas – afinal, eu sei que “executar a corrida”, pura e simplesmente, já me levaria até o final com segurança.
Quando entrei na reta final, foi um baque. Três quilômetros pareciam uma linha infinita.
Curiosamente, acho que faltando pouco mais de um quilômetro, minha velocidade voltou. Mas daria?
Não quis olhar o relógio. Medo de me decepcionar. Quanto tempo eu teria perdido? Não parecia muito, mas essa percepção é sempre relativa e vive me pregando peças.
Mas, enfim, quando entrei no tapete, olhei o tempo no pórtico e vi 10:50 e já comecei a andar com muita vibração para fechar em 10:51:07.
Praticamente uma hora melhor que 2010 e quase duas em relação a 2009.
Fiquei feliz. Depois de três tentativas consegui terminar um Iron em menos de 11 horas e encaixar uma maratona sub 4 na mesma prova.
Em um dia lindo, as peças se encaixaram e, enfim, tudo fez sentido.
Tempos
Natação: 39:35 (1900) e 1:11:14 (3.800)
T1: 00:05:46
Ciclismo:5:35:08
T2: 00:08:08
Corrida: 3:50:51Total: 10:51:07